segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Na invenção está a génese de um empate

Domingos fez uma declaração importante à navegação, dizendo que o jogo seria o mais importante do ano, não só porque seria o último, para o campeonato, mas sobretudo para não deixar fugir (ainda mais) os primeiros.
Fez a declaração, mas depois, ao montar a equipa, deve ter-se equivocado. Só pode, porque meter o Pereirinha a titular, num jogo destes, é o mesmo que jogar à roleta russa. Bem dito, bem feito.
Na minha óptica, quem quer ganhar o jogo, não mete o Pereirinha para tapar o lado direito, porque já lá tem o João Pereira e não mete, de início o Carriço a trinco, porque apesar de, em termos defensivos, cumprir o que está destinado à sua missão, não acrescenta em termos ofensivos aquilo que a equipa necessita.
O Sporting entrou, portanto, com tracção defensiva e sem grandes motivos para isso, porque apesar da Académica ser uma boa equipa, percebeu-se que com o andar do jogo, o Sporting forçando (e não foi preciso muito), acabava sempre por encostar a Briosa ao último reduto. Seria tudo uma questão de paciência.
A primeira parte (da qual só vi a partir do golo da Briosa, ouvindo o resto na rádio) foi morna, pouco esclarecida e algo perdulária, perante uma Académica muito eficaz a defender e muito eficaz a pôr-se em vantagem. A desvantagem não era inteiramente justa, mas penalizava o lascismo evidenciado por Domingos e pela equipa.
Ao intervalo Domingos percebeu que tinha inventado um segundo lateral direito (em vez de um extremo) sem qualquer necessidade e tratou de emendar a mão, tirando o Pereirinha que pouco ou nada acrescenta e meteu Carrillo que, apesar de normalmente ligar o complicador, como se veria com o decorrer dos minutos, acabou por ser um dos melhores.
O Sporting entra para a segunda parte mais solto e com vontade de mudar o jogo, mas é a Académica que dá o primeiro sinal de perigo em mais um momento em que a defesa se deixa "comer". No fundo podíamos ter perdido o jogo sem saber ler nem escrever porque a equipa teve momentos defensivos que já não se usam. Adiante.
Após o susto inicial, o Sporting voltou à carga e começou, ainda que com algumas reservas, a encostar-se ao último reduto Conimbricense. Carrilo entrou muito bem a criar alguns desequilíbrios pelo seu flanco, mas faltava qualquer coisa.
Domingos percebeu-o, tirou  Carriço e lançou Bojinov (esteve em campo??) . O Sporting parecia mais acutilante e começou paulatinamente a criar algumas situações, invariavelmente desperdiçadas.
Mas é quando tira Capel e mete Evaldo (quando o Evaldo entrou pensei que já tínhamos ido de vez), adiantando o Ínsua, que o Sporting se prepara melhor para o assalto final e nesse período, não só podia ter feito o empate (que já tinha feito por merecer) como podia, inclusive, ter ganho o jogo, pois criou oportunidades para isso. A falta de inspiração e a infelicidade foram, ora uma ora outra ora ambas, adiando aquilo que, com toda a justiça veio a acontecer ao minuto 80. Após lançamento lateral de João Pereira, Carrillo é mais lesto a pensar e ganha a linha, fazendo um centro-remate a que Elias, mais lesto do que toda defesa, recarga para o golo.
Após o golo o Sporting tentou intensificar o sufoco, mas a terceira equipa aqui, na minha opinião, teve papel decisivo e com pouco mais do que 10 minutos para jogar. Primeiro porque não viu (ou não quis ver) a falta de Adrien sobre Ínsua dentro da área e que daria penálti (Até me deu vontade de rir quando leio a análise do Paraty n'O Jogo em que ele escreve que o Adrien fez carga de ombro). O lance parece-me claro: Há um passe interior a que o Ìnsua acede e é abalroado pelo Adrien, que nem sequer joga a bola. Como não tem nem a linha nem o Guarda-redes por perto, não está a proteger a bola de nenhum deles. Logo, claramente, seria penálti. O árbitro fez vista tão grossa quanto grossa vista fez a uma entrada de carrinho sobre o Schaars, ainda na 1ª parte, que penso que nem amarelo deu para o jogador faltoso.
O Segundo momento é o momento da expulsão do Elias. Uma falta perfeitamente normal (tenho dúvidas se inclusivamente lhe toca) a meio do nosso meio-campo e encostada à linha, não vejo que perigo eminente pudesse causar.
São dois momentos absolutamente decisivos numa altura em que o Sporting sufocava a equipa da casa no seu reduto e já tinha conseguido o mais difícil: o empate. Já nem falo no pontapé de bicicleta que daria livre indirecto na área, por jogo perigoso. Pareceu-me de tal forma evidente que só por má fé é que pode não marcar-se falta num lance daqueles. 
Em suma, não gostei da apatia demonstrada na 1ª parte, que muito contribuiu para o resultado final nem da falta de eficácia aliada a uma extrema falta de sorte que parece aparecer nos jogos em que não estamos tão sólidos. Gostei do Sporting na 2ª parte, na forma como Domingos leu o jogo em alguns momentos, apesar de ter enterrado ao montar a equipa.
Há, no entanto, coisas que me afligem ainda e para as quais não encontro explicação:
1. A entrada no onze de Pereirinha. Não consigo entender por mais esforço que faça.
2. A utilização de Bojinov. Esteve ontem em campo ou apenas foi um bidão com a camisola dele?
3. O Evaldo ontem nem esteve mal, mas alguém explica ao homem como é que se faz um cruzamento??
4. A insistência em dois médios interiores com o apoio defensivo de um central adaptado a trinco, em jogos onde é nossa obrigação ganhar. Elias e Schaars, com estilos diferentes são dois 8. O que está a faltar naquele meio-campo é quem transporte a bola, o chamado 10. A isso muito se deve da pouca capacidade que o Sporting tem tido em ter bola de qualidade nos últimos 20/30 metros, a não ser nas pontas. Temos dois bons desequilibradores nas linhas, mas falta-nos claramente um no meio. Nem Elias, nem Schaars o são.
E com isto já lá vão mais dois pontos, num jogo em que - tenho a certeza - se tivéssemos sido empreendedores, como o fomos na 2ª parte, desde o início, teríamos, com toda a certeza, trazido os três pontos.
Uma equipa que tem 12 cantos e 20 remates não pode empatar com o opositor a uma bola, principalmente quando a outra equipa tem metade dos remates e um terço dos cantos.
Siga a Taça para carpir mágoas.

PS: Nos últimos 20 minutos, os apanha-bolas do Estádio Municipal de Coimbra desapareceram com as bolas. Não entendo este tipo de atitudes mesquinhas. E depois querem vender o futebol Português no estrangeiro como se fosse grande espingarda. A liga/federação tem de ter mão nisto. É inacreditável o nível de perda de tempo que uma equipa mediana faz quando se apanha a vencer. Quem perde é o futebol.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Antevisão: Matías a 10 pode partir a loiça... ou não!

É minha opinião dizer que o jogo de amanhã se decidirá na forma como as duas equipas armarem os respectivos ataques e, sobretudo em quem depositarão a responsabilidade para o fazer. De ambos os lados, é aí que - penso - se vão definir os papéis do jogo. Acho ainda que o Sporting não deve ficar na expectativa, mas entrar para mandar no jogo, sem demasiada sede ao pote, mas mandão o suficiente para não deixar os rivais "pegarem" no jogo.
O benfica é uma equipa forte, com uma mentalidade forte e com um treinador que, apesar da ausência de domínio da língua portuguesa, domina bastante bem a linguagem futebolística. O que nos apresenta um desafio complicado, mas sobretudo aliciante, porque o Sporting é uma equipa muito mais forte do que num passado recente, com uma fortalecida mentalidade e com um treinador que, não sendo fantástico, que o não é, mostra competência. Teoricamente, pode não chegar, mas já é um excelente começo.
Nas duas equipas há quatro figuras que podem decidir o derby eterno, pressupondo que nenhum erro absolutamente evitável acontece: Do lado encarnado, penso que Gaitan e, sobretudo Aimar são os que mais se destacam e, do lado do Sporting, Capel, mas sobretudo Matías podem decidir. E não estou a falar de golos, estou a falar de domínio, de jogo jogado e consequentemente, de maiores e melhores oportunidades para vencer.
De Aimar e Gaitan, sei do que são capazes e com espaço podem tornar o jogo muito complicado ao Sporting, mas Capel e, sobretudo Matías, podem fazer pender a balança para o nosso lado.
Capel tem aquele estilo temerário, de partir para cima do adversário, mas muitas vezes torna-se inconsequente, dado o seu estilo rápido e raçudo sempre de cabeça no chão. Ainda para mais quando vai apanhar pela frente um dos jogadores, tal como  Javi  Garcia e  Fernando do Porto, mais faltosos e inacreditavelmente protegidos pelos árbitros. A entrada de Ínsua para a lateral esquerda, para além de acrescentar inegável qualidade, fixou e "amadureceu" o espanhol. Pode e será concerteza uma mais valia se estiver bem fisica e mentalmente. Dará muito trabalho ao sarrafeiro do Maxi.
O Matías, compensado por Schaars e Elias (muito importantes também no que fizer o chileno), pode ser a estrela do  jogo. É, tal como Aimar, um jogador com características e inteligência futebolística acima da média. Tem uma capacidade de inventar espaços onde eles normalmente não existem e num jogo como este a capacidade para desbloquear pode ser muito importante. Para isso, o Domingos, na minha modesta opinião, o que tem a fazer é meter o Matías a 10 e não encostado à direita, onde invariavelmente, se perde.
O chileno quando joga no meio e é liberto pelos seus companheiros de sector para fazer aquilo que sabe realmente fazer, torna-se um 10 puro, como já existem poucos no mundo. Raramente perde uma bola controlada, sabe muito bem acelerar ou travar o jogo e a capacidade de passe nos últimos 20 metros, nomeadamente o último passe, melhora substancialmente, o que pode criar inúmeras situações de finalização. Que o digam Marcelo Bielsa e Claudio Borghi. Tanto o anterior como o actual seleccionador do Chile, metiam o Matías onde ele rende mais: A 10! E com resultados visíveis.
Mas para Matías brilhar e fazer brilhar o Sporting, o Sporting tem que jogar em posse e não pode forçar o jogo directo. Muito menos abusar do jogo aéreo, onde perde claramente nos duelos individuais.
De pé para pé, com segurança, confiança e concentração, penso que a diferença (que existe mas não é tão significativa quando se quer fazer entender) entre as equipas não se notará. E estando equilibrado nesse ponto, jogadores como o Matías, Capel e mesmo o Carrillo (embora este último seja perigoso para um jogo destes) podem fazer, de facto a diferença. Mas atenção que, do outro lado, está uma equipa que também os tem.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Foram-se os anéis mas ficaram os dedos

Ontem e por imperativos pessoais não pude marcar presença em Alvalade, tendo apenas conseguido sintonizar, via internet, o jogo a partir do minuto 30, sensivelmente. Tudo à custa da rábula que foi o outro jogo em Braga que teve 3 (três) paragens devido à falta de luz, fazendo o jogo atingir uma primeira parte com 80 (???) minutos. Não vi portanto em directo o começo do jogo, e consequentemente, os golos de Sporting e Leiria.
Esqueçamos portanto esses 30 minutos que não posso comentar porque não vi e centremo-nos apenas na hora de jogo seguinte.
Vi um Sporting amorfo, com grandes dificuldades em esticar o jogo e de dinamizar o encontro. Vi um meio campo perdido com sérias dificuldades em fazer pressão, roubar a bola e ser lesto o suficiente na transição. Pelo meio ainda um bom período de 10 minutos, no início da 2ª parte, onde voltámos a assumir o jogo, como nos competia, e que nos valeu o segundo golo e os consequentes 3 pontos, pois foi nesse período que melhor jogámos. Do que vi.
A partir daí foi sempre a descer. Começámos a recuar, a não ter capacidade de fazer pressão, a despejar bolas para o meio-campo leiriense que invariavelmente se tornavam em novas vagas de ataque contrário e, mais uma vez, as pernas começaram a tremer, a meu ver com o alto patrocínio da jornada romena. O Leiria conseguiu, nesse período, para além dos 3 centros perigosíssimos para a pequena área que podiam ter dado o empate, inexplicavelmente (ou talvez não) encostar o Sporting às cordas. Felizmente para nós, não conseguiu os seus intentos, mas o cenário esteve bem negro por largos minutos e só mesmo nos últimos minutos o Sporting se voltou a soltar das amarras leirienses, voltando a dar um ar da sua graça.
No último suspiro do encontro selámos a vitória com o 3º golo, num penálti, no mínimo, estranho e, do mal o menos, foram-se os anéis, mas ficaram os dedos. Resta saber se, a jogar assim, os dedos aguentam muito mais tempo.
O campeonato pára agora durante 2 semanas e espero que a paragem sirva essencialmente para resolver os (muitos) problemas físicos com que nos temos deparado e para consolidar alguns processos que parecem ter sido esquecidos nos últimos jogos. Sabemos que o Rinaudo estará fora de combate, pelo menos, 3 meses e convém arranjar rapidamente uma solução para aquela posição que é, a meu ver, absolutamente crítica na nossa ideia de jogo. E convém trabalhar bem nesse particular, porque após a pausa, começará o verdadeiro teste a este Sporting.
Até 15 de Janeiro de 2012, receberemos o Braga para a Taça, iremos à luz e a Coimbra, receberemos o Nacional e o Porto e, para finalizar, iremos a Braga, tudo para o campeonato. Ainda com alguns jogos da Europa pelo meio, não se avizinha um período nada fácil onde decidiremos muito das nossas aspirações para esta época.
Penso que só um Sporting à imagem daquilo que fez entre o jogo de Paços e o de Aveiro, poderá aspirar a algo, porque o Sporting que vi ontem, na quinta-feira e, a (muitos) espaços, em Aveiro contra o Feirense, não terá a mínima hipótese. Sinceramente.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

É o facilitismo que me irrita

Já não me irritava tanto com um jogo do Sporting há algum tempo. E não me irritava por diversas ordens de razões, seja porque o Sporting simplesmente não jogava e por isso nem valia a pena, caso no ano passado, seja pelo facto de o Sporting poder e dever fazer muito mais do que aquilo que, no limite, conseguiu , como foi o caso de hoje.
O Vaslui, convenhamos, é muito fraquinho, o que em condições normais faria que o Sporting ganhasse naturalmente, mesmo com algumas poupanças, mas tal não sucedeu e passo a descrever o que na minha humilde opinião está na base do insucesso.
Desde logo, a excessiva mudança no onze. O Sporting, lembremo-nos, não tem cultura de vitória natural, sustendada por anos e anos de troféus. O Sporting tem uma cultura de vitória com apenas 10 jogos e por isso mesmo, penso que a excessiva poupança passou uma mensagem, ainda que subliminar, de facilitismo à equipa. Por outro lado acho que o não aproveitamento desse "elan" com 10 jogos pode ter sido um erro estratégico, mas só futuro próximo o dirá.
Outra coisa que me saltou à vista foi o facto de haver jogadores em claro subrendimento. Uns porque o seu rendimento não passa daquilo, o que os faz (ou devia fazer) ineligíveis para um clube como o Sporting, outros porque o jogo, na teoria e com tudo decidido, lhes passava a mensagem que podiam jogar a 10 à hora.
No primeiro grupo estão claramente o Evaldo, que não consegue arrancar um cruzamento em condições; o Rodriguez, que joga a passo mesmo quando o Sporting se vê em desvantagem; o Pereirinha, que é como o Melhoral (não faz nem faz mal) e, até agora e do que tenho visto, o Bojinov, que como o Rodriuguez, joga a passo.
No segundo grupo hoje estiveram o Schaars, o Capel, o Matías, o Carriço, o Carrillo e todos os outros.
Portanto, tudo somado dá pouco mais do que nada. E esse pouco mais do que nada fez com que em 94 minutos, sensivelmente, o Sporting tenha consguido apenas algumas (muito poucas) jogadas com princípio, meio e fim, facto que por si só é manifestamente insuficiente.
Não é tanto a derrota que me preocupa (preocupa-me mas numa competição em que o Sporting já alcançou o seu primeiro objectivo, até dou de barato), o que me preocupa mesmo foi a total ausência de dinâmica, agressividade e fio de jogo. E mais, o Sporting, por não ter a tal cultura de vitória de que falo, pode muito (e o próximo jogo dará razão ou não à teoria) ter estragado o "andamento" que as 10 vitórias seguidas traziam, o que, a confirmar-se, faria da poupança de hoje, um tremendo erro estratégico, principalmente se atendermos aofacto de que este mês vão começar a chegar os adversários mais difíceis, tanto na liga portuguesa, como também nas outras competições. Podem achar que estou a ser pessimista, mas esse "pessimismo" é sustentado por demasiados anos a ver este filme em sessões contínuas.
Domingo lá estarei para ver que Sporting se apresenta. Se o Sporting adulto, competitivo e dinâmico que tem metido os adversários em sentido, se o de hoje, completamente incapaz de construir uma (1) jogada em todo o encontro.
PS: Domingos, quando te puseres a inventar, com foi o caso de hoje, avisa a malta com antecedência. É que os coitados que pagaram bilhetes de jogo e de avião e tiraram, muitos deles,do seu tempo para apoiar a equipa, não sabiam que o Sporting tinha adiado o seu jogo para o fim de semana. A equipa que jogou hoje não foi o Sporting.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Fenómenos para Anormais

Ouvi (e vi) agora na SIC Notícias uma declaração do Álvaro (nome pelo qual o ministro diz que gosta de ser chamado) a dizer que os aumentos previstos para a electricidade enquadram-se numa política de justiça tarifária, pois - diz ele - os portuguesas têm pago a electricidade mais baixa do que o preço de custo, acrescentando ainda que, se não tivesse tomado medidas no sentido de aumentar a electricidade, chegaríamos a 2020 com um défice energético de 8 mil milhões de euros. Fiquei perplexo.
Esta declaração é completamente surpreendente, na medida em que há cerca de um ano, António Mexia, então como CEO da EDP, já depois de passar pela GALP e por outros poleiros similares que este tipo de gente "teima" em ocupar, recebeu de prémio de desempenho (????), relativo a 2009, qualquer coisa como 3,1 milhões de euros.
Ora, toda a gente sabe que a EDP tem tanta concorrência em Portugal como o Estaline tinha na Rússia (era ele em Moscovo e a concorrência na Síbéria. É parecido.), o que quer dizer que ficamos sem saber a que é que se deve tão espectacular desempenho em 2009. Será o ter ligado a luz a uma aldeia com duas ou três casas lá para trás do sol posto, tendo sido identificada como a única aldeia que não tinha luz? Só pode!
No fundo, e já depois da celeuma e da polémica que esses 3,1 milhões de euros criaram na altura, quando já atravessávamos uma grave crise, vem agora o Álvaro dizer, numa crise ainda pior, que afinal (não o disse tacitamente, mas é como se o tivesse feito) a EDP tem prejuízo há alguns anos e por isso agora vai ter que aumentar os preços para níveis só comportáveis pelo Mexia, visto que o prémio de desempenho ainda deve dar para pagar a luz.
Mau! Perceberam? Eu não, e o mais grave é que o português médio, para além de não perceber também,  tem uma memória digna de um peixe de aquário. Assim que dá a volta já se esqueceu da volta que deu.
Então eu vou tentar explicar: Se há prémios de desempenho para administradores é porque há dividendos para os accionistas e isso só se consegue com lucro bruto. Nenhuma empresa (acho eu, mas não sou letrado na matéria) consegue dar lucro se não tiver margem (de lucro), que é o que o Álvaro acaba de anunciar, ao dizer que a EDP cobra aos portugueses abaixo do preço de custo. Ora se não tem margem de lucro, não pode ter lucro bruto, não pode distribuir dividendos pelos accionistas e muito provavelmente o Mexia tinha ido de vela porque não teria conseguido atingir os objectivos mínimos de qualquer empresa em funcionamento, muito mais de uma sem qualquer tipo de concorrência, certo? Parece óbvio.
E por falar em óbvio, cada vez me parece mais óbvio que somos (des)governados por gente maluca, mal formada e/ou com grandes dificuldades cognitivas, porque fazer uma declaração destas sem, pelo menos, olhar para o passado recente, no limite, explicando-o, é uma perfeita anormalidade. E este ministro, com toda a razão que possa pensar que lhe assiste, já mostrou que é um perfeito anormal. Quanto mais não seja (e já não é a primeira vez) por tentar tratar os portugueses como atrasados mentais, que em sua grande maioria, até muitas vezes lhe fazem o jeito.
É caso para dizer que este país é um fenómeno... para anormais. É uma espécie de Poltergeist com défice cognitivo.

sábado, 15 de outubro de 2011

Crónica de uma patrocinada eutanásia colectiva

É preciso recuar, pelo menos, 37 anos para encontrar alguém que tenha feito algo pelo País com algum altruísmo, neste caso concreto a revolução de Abril foi um episódio que mudou a face de Portugal, com excelentes intenções, mas de duvidosa evolução. Antes disso, só mesmo o regicídio e a consequente implantação da República. Ora, em exactamente 101 anos de história parece-me muito pouco e por aí se pode perceber porque é que chegámos a esta nefasta encruzilhada.
Desde 74 que não encontro um Governo que tenha decidido dar um rumo sustentado ao país, reunindo-se com a oposição e sociedade civil, agregando-as a uma necessidade nacional, para definirem, conjuntamente, as traves mestras para a Educação, para a Saúde, para a Justiça, para a Segurança Social, para a Economia, para as Finanças, para a Agricultura e Pescas, para a Defesa, etc.
Em 37 anos o que temos visto constantemente é que entram uns, desfazem o que está feito e fazem de novo, consumindo 10 vezes mais recursos. Não porque esteja mal, mas porque não é ideologicamente aceite pela partido que acabou de tomar posse. E não saímos disto.
Mas quem tem culpa não são os políticos, porque eles não chegam ao poder sozinhos. A culpa é inteiramente nossa porque há muito tempo que nos exonerámos da nossa responsabilidade, da nossa força, da nossa intrínseca exigência. É o tão português deixa andar. E dou um exemplo: Quando há eleições, o que fazem cerca de 40% dos portugueses? Abstêm-se. Alguns têm alguma razão para isso e estão no seu pleno direito, mas a grande maioria prefere ir para a praia porque "não percebe nada de política". Há portanto muita abstenção inconsciente, que se funde com a nossa própria inconsciência colectiva, senão vejamos: Somos o país dos fura-greves, dos chicos-espertos, das fugas ao fisco, dos contornos à lei, das off-shores, etc. No fundo somos um povo com uma desonestidade intelectual gritante e por isso mesmo atravessamos crises atrás de crises, sem que ninguém, mas mesmo ninguém, tenha o desiderato de pôr termo, de uma vez por todas, a este modo de vida. A abstenção inconsciente é apenas mais uma idiossincracia do povo no qual nos incluímos.

Hoje é dia de manifestação global, dos "indignados". Não ponho em causa a intenção que até me parece boa, mas parece-me curto e dou exemplos concretos: Em 37 anos existiram manifestações para todos os gostos e eu pergunto: "quais foram aquelas que mudaram alguma coisa?" Que me lembre só a da PGA (que eu até estive presente) e uma ou outra mais. O que é que têm em comum? O facto de as mudanças propostas nas ditas não serem especialmente fracturantes no seio do país. Na da PGA não era para o Ministério da Educação especialmente importante a PGA, por isso, assim que houve manifestações estudantis a querer acabar com esse modo de avaliação, o Ministério cedeu sem grandes dificuldades.
O que acho mais estranho é que se queira comparar estas manifestações com o Maio de 68. Pode ser da minha avaliação -  e o tempo dirá se tenho ou não razão -, mas parece-me simplesmente abusivo.
Aliás a minha ideia até é bem contrária e tal como previ que depois da manifestação da "geração à rasca" não se iria passar nada, nem em termos de mudanças sociais (que ainda pioraram), nem em termos de sociedade civil, não se passou efectivamente nada. E não fosse uma manifestação global com génese noutro país e muito provavelmente o 15 de Outubro seria um dia, inusitadamente solarengo, mas como tantos outros dias dos ano.
Os sucessivos governos não sentem necessidade de mudar porque a pressão que o povo faz é curta. Manifesta-se durante um dia (ao Sábado!) e depois fica sem "abrir a boca" durante vários anos. É assim, pelo menos, que nos têm habituado este tipo de movimentos. São apenas Fogachos.
Eu não participo nestas manifestações, porque são uma redundância à perca de tempo. Perde-se um dia a gritar palavras de ordem que, em muitos casos, fazem muito pouco sentido, para mudar absolutamente nada. Quando a manifestação acaba  as pessoas vão para as suas casas e pensam: "dever cumprido!". Dos dias seguintes em diante demitem-se de todas as suas responsabilidades cívicas. Ao fazê-lo patrocinam a Eutanásia colectiva de um país, ainda por cima a prestações e com juros incluídos.
Como tenho a minha consciência tranquila em relação à defesa que faço diariamente dos meus direitos, não perco o meu tempo com manifestações inócuas. Mas isso sou eu.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Preparem a p*** da Revolução!

Pedro Passos Coelho veio ontem, dia 13 (raios partam o treze, ou "treuze" como tanta gente diz) dizer-nos, relativamente ao Orçamento de Estado para 2012, que afinal tem (a inevitabilidade é um termo dele e só dele) de acrescentar austeridade a uma vivência cada vez mais austera e sofrida por grande parte dos portugueses. E fê-lo com uma paz de espírito inebriante, porque só mesmo um mentecapto é que pode anunciar as medidas que anunciou para o OE de 2012 como se ele nada tivesse a ver com isso. E bem vistas as coisas, não tem, porque ele faz parte da chamada elite, à qual nunca foi imputada nenhuma culpa no cartório sobre nada do que aconteceu nos últimos 37 anos em Portugal.
Aliás, até parece que existem dois países: O Portugal dos pequeninos, no qual todos vivemos e a quem constantemente pedem os sacrifícios todos, mesmo que esses sacrifícios não tragam nenhuma linha de rumo ou estratégia e sejam simplesmente incomportáveis. Sacrifícios esses para pagar os devaneios do segundo, o Portugal utópico, país daquela franja da população auto-proclamada elite portuguesa, que tem o mau hábito de brincar com o povo, das mais variadas formas, como se o povo fosse um peão em um qualquer tabuleiro de jogo. Mas a nossa história recente é rica e dá-nos pistas importantes sobre o que é que isso, a muito breve trecho, pode trazer. E já vem tarde, muito tarde.
Voltando ao anúncio do OE para 2012, registo (já antes o havia feito, mas agora confirmo-o) que os nossos (des)governantes percebem tanto "daquilo" como eu de Transplantação Hepática, senão vejamos:
Este (des)Governo, quando tomou posse, apesar de se esconder com grande hipocrisia no memorando da Troika e no suposto buraco que o anterior Governo deixou, propôs revitalizar a economia, mas depois o que faz para chegar a esse fim? Aumenta os impostos, corta nos apoios sociais, acaba com as deduções fiscais e adjuvantes, corta nos subsídios, aumenta as taxas baixa e intermédia do IVA, etc.
Ora, não é preciso ser economista para perceber que se as pessoas não têm dinheiro para gastar, a economia de base não funciona e se essa não funciona, toda a economia do país começa a colapsar. Mais, a previsão de receitas que este governo fez, depois de começar a implementar as medidas acima descritas, é simplesmente inacreditável, porque indicia que quem fundamentou as medidas é incompetente e percebe zero do assunto, o que é gravíssimo, pois numa altura particularmente difícil e com um historial gritante de incompetência económica e financeira que nos trouxeram ao buraco em que nos encontramos, o que o país não precisa é de (mais) gente incompetente.
A juntar a esta medidas, anunciaram hoje outras que só posso apelidar de absurdas, atendendo ao facto de que as mesmas não resolverão o problema e de Portugal ser um país muito particular.
Ora vejamos, das que eu me lembro:
1. Acrescentar meia hora por dia ao trabalho para dar mais competitividade é simplesmente estúpido, porque indica que, por um lado, o (des)Governo tem a ideia de que as pessoas trabalham pouco quando as estatísticas dizem o contrário e por outro que é a meia hora que fará a diferença num país que apenas produz 10 ou 20% do que consome, recorrendo, no excedente da percentagem, à importação.
2. Congelar subsídios de Férias e de Natal a quem ganha mais do que 1000 euros e de Natal a quem ganha acima dessa fortuna que é o ordenado mínimo (585 euros) é absurdo, porque para além de se saber que um dos subsídios não é um bónus, mas um acerto nas contas, sabe-se estatisticamente que os portugueses, na sua grande maioria, têm nos dois subsídios uma forma de equilibrar as suas contas ao fim do ano. E têm necessidade de o fazer porque em Portugal vive-se abaixo da média europeia, embora se queira amiúde passar a ideia contrária.
3. Reduzir o tempo de subsídio de desemprego para apenas 12 meses, com a intenção de fazer voltar mais cedo os desempregados ao mercado de trabalho, num país com uma taxa galopante de desemprego (já está nos 12%) e sem perspectivas futuras é simplesmente assassino, porque faz ressaltar a ideia de que o (des)Governo tem algum interesse fantasma (e profundamente inusitado, diga-se) em perpetuar e/ou aumentar a desigualdade social, a precariedade e a falta de dignidade dos seus concidadãos.
4. A ânsia ignóbil de querer reduzir o défice a todo o custo e para valores e timings não exequíveis, nem que para isso tenha o (des)Governo que liquidar as classes que menos têm, e que no fundo, sustentam o país com o seu trabalho, parece-me profundamente injusto e  fracturante. Ainda para mais quando vemos que as medidas aplicadas às elites, aos grandes grupos económicos e à banca, são irrisórias ou inexistentes.

Tivemos 48 anos de Estado Novo, com o atraso social e cívico que isso nos trouxe, mas já vamos em 37 anos de retórica, de mentiras, de falsas promessas, de falsa democracia, de corrupção, de impunidade, de um sistema partidário disfuncional, de anarquia organizacional e de inexistência de um rumo ou estratégia nacionais. No fundo e feitas as contas, tirando a liberdade, 37 anos de nada!
Aproveitando, pois, a falácia da inevitabilidade das medidas que o (des)Governo faz bandeira e que apenas colhe quem faz parte carneirada que corre alegremente para o abismo, é minha convicção que há uma inevitabilidade (essa sim verdadeira e muito mais próxima do que se possa pensar) que não tem sido equacionada e que redunda no protesto e tumulto sociais.
Por isso afirmo que é hora de protestar, é hora de sair à rua e recuperar o que resta da nossa soberania individual e colectiva. Mais do que protestos e manifestações silenciosas, ordeiras e, por isso mesmo, profundamente resignadas, Portugal precisa, mais do que nunca, que os seus cidadãos, enquanto partes vivas e integrantes do País e da Europa, parem, de uma vez por todas, de se exonerar do seus deveres cívicos (alguns deles revelando alto grau de masoquismo) e defendam os seus direitos consagrados na constituição.
Não nos podemos imiscuir da responsabilidade, porque ela traz uma excelente oportunidade para mudar de vida e de paradigma.
Querem a mudança? Preparem a p*** da Revolução!

sábado, 1 de outubro de 2011

Fomos "palmados" em San Juan, como já se tornou hábito

Há muito tempo (já lá vão anos) que não via um jogo de Hóquei em Patins da Selecção Nacional. Começaram-me a enervar aquelas equipas de entrevados de meados dos anos 90, que não jogavam nada e levavam sempre na boca dos espanhóis. Pura e simplesmente deixei de ver. O achincalhamento tem limites. Aliás, o último jogo que vi antes deste, foi precisamente contra a Argentina e se não estou em erro, foi também na Argentina.
Hoje, no zapping diário, de final de dia, eis que aparece no ecrã o jogo Argentina - Portugal, meias finais do campeonato do Mundo. Disse para mim: "Olha, não está a dar nada de jeito, vou acompanhar isto", mas desconfiado de que a selecção fosse mais uma cambada de matrecos, como tem, invariavelmente, sido. Puro engano. Uma primeira parte muito sólida, sem grandes floreados, mas também sem erros e finalmente a sermos eficazes nestes grandes jogos. Ficámos por cima no marcador num pormenor, já depois de os argentinos terem falhado pormenor idêntico. Pormenores, esses que, invariavelmente, decidem estes jogos.
A primeira parte acabou com Portugal a vencer por 1-0 e eu pensei para mim que a segunda parte seria difícil, mas que a jogar assim, mesmo com a dificuldade teríamos grandes possibilidades de passar a mais uma final com os marretas aqui da península. O meu pensamento foi bom, mas deixou de fora dessa equação rápida, dois elementos que seriam decisivos no desfecho - Um mais decisivo do que o outro -, ainda para mais num filme já tantas vezes repetido neste tipo de certame: O primeiro elemento consistia no facto de estarmos a jogar na Argentina (que é logo um ponto de partida importante para acontecer o segundo) e o segundo consistia em ter um árbitro espanhol e outro suíço (?????) a apitar um jogo de Portugal. Numa meia final, quando a Espanha já estava apurada para a final. Coincidência? Não! De todo.
Cedo se percebeu, na 2ª parte, qual dos dois factores acima descritos haveria de contribuir mais decisivamente para o desfecho. E não foi preciso esperar muito.
Os primeiros minutos seguiram a bitola da 1ª parte, mas à medida que o tempo ia passando, os argentinos começaram a escorregar muito, mas em jeito de escorregadela selectiva, porque normalmente acontecia apenas na área portuguesa. E como Português é o ditado que diz "tantas vezes vai o cântaro à fonte...". Neste caso já ia partido. Primeiro um penaltie discutível marcado contra Portugal, que o nosso guarda-redes, magistralmente, defendeu, quando na mesma jogada, segundos antes, há claríssimo empurrão dentro da área a favor de Portugal que a dupla hispânico-suíça se "encarregou" de não ver.
Depois há um livre directo que dá o empate, no qual nem repetição da falta  tivemos acesso, tal o rocambolesco da decisão. E não contente, a dupla Hispânico-suíça, numa altura em que os argentinos já venciam por 3-1, tem uma decisão absolutamente fantástica, que é anular um golo limpo a Portugal, num remate de longe em que a bola embate no calcanhar do patim de um jogador português e que muita diferença acabou por fazer no 4-3 final. Não sem antes brindar os Argentinos com uma via verde de 15 minutos. Sim, porque a Argentina esteve 15 minutos sem fazer uma falta, ou melhor, sem que lhe tivessse sido sancionada nenhuma, porque faltas houve e em barda.
Conclusão: Perdemos injustamente face à quantidade de peripécias que existiram, nomeadamente as que contribuiram decisivamente para que o ringue parecesse estar a descer para a baliza Portuguesa. A Argentina, tal como no último jogo que tinha visto, também não foi superior a Portugal e quase que afirmo que, com uma arbitragem séria, Portugal teria ganho de caras, mesmo sem ser especialmente entusiasmante.
É inacreditável que Portugal não tenha posto termo precoce (com todas as consequências que poderiam daí advir) à sua participação neste logro. Principalmente pelo nível de roubo a que se assistiu hoje.
É triste que uma das selecções que mais fez pela modalidade ao longo da história, seja desde há uns anos a esta parte e sem motivo aparente (a não ser a nossa tão portuguesa letargia institucional) tratada como lixo e achincalhada de forma absolutamente impune.
Portugal e Espanha em Hóquei, fazem-me lembrar um pouco o Sporting e Porto no futebol. O Sporting, tal como Portugal, à entrada na década de 80 tinha vantagem nos títulos, mas tal como o Porto, a Espanha foi-se aproximando e se vencer amanhã, iguala o número de Títulos Mundiais (15).

Por falar em Sporting, nada me tira da cabeça que a extinção da secção de Hóquei em Patins no Sporting, modalidade com um palmarés riquísssimo, não tenha contribuído decisivamente para um "downsizing" de competitividade e consequente menos valia, a longo prazo, de todos os intervenientes.
É com especial entusiasmo que vejo o Hóquei do Sporting a crescer. Hoje na 2ª divisão Nacional depois de temporada brilhante na 3ª divisão, com uma equipa fundamentalmente assente em jovens valores, o Sporting pode aspirar àquilo para que é dotado: Formar a excelência para fornecer as principal equipa de Hóquei do Sporting e consequentemente o País, que nesse particular, apesar do brilhantismo com que a Selecção se bateu contra as adversidades (que foram muitas), não tem o brilhantismo de outros "cincos" mais emblemáticos.
Que falta faz o meu Sporting entre os melhores e que falta faz uma selecção de topo, de acordo com os pergaminhos da nossa, numa modalidade pela qual nutro um entusiasmo muito similar ao futebol.

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Isto sim é o Sporting!

A capa do Record aludia "isto sim é o Sporting" e eu sublinho as palavras porque elas não são estéreis de realidade, muito pelo contrário.
Há muitos anos que eu sou céptico em relação à forma como os destinos do meu clube são geridos e, invariavelmente, por diversos factores, o Departamento de futebol, acaba por ser o espelho das sucessivas gestões danosas.
Confesso que este ano e olhando para o figurino dirigente do meu clube, ainda mais assustado fiquei. Não me passou o susto, de todo,  mas depois de uma entrada em competição aos solavancos, o Sporting - parece e sublinho - está capaz de me entusiasmar. E confesso que não sou um indivíduo fácil de levar ao entusiasmo.
No fim de semana passado, por imperativos familiares, não me foi possível, de todo, acompanhar em Alvalade ou na TV o jogo com o Setúbal. Vi apenas o resumo à posteriori e fiquei agradado com a boa exibição do Sporting - finalmente - durante grande parte do jogo.
Ontem desloquei-me a Alvalade para ver o jogo com a Lázio. Nunca embandeirei em arco, porque desde logo tenho a noção que a Lázio nada tem a ver com Paços, Rio Ave, Zurique ou Setúbal. Desde logo porque é uma equipa italiana, com aquele "cattennacio" venenoso e depois porque tem jogadores capazes de resolver tais como o Klose, o Cissé, o Rocchi, etc.
Com confiança mas sempre desconfiado (os italianos a isso obrigam, porque são demasiado cínicos) vi o Sporting entrar de forma destemida, embora os primeiros minutos tivessem carimbo italiano, mas quando o Sporting pegou definitivamente no jogo foi para o ganhar e isso, efectivamente, é o que há a ressalvar de diferente (para melhor) neste Sporting.
Sem grande surpresa o Sporting chega ao golo ao 20 minutos. E que grande golo. De instinto, mas também de técnica. No fundo um golo à ponta de lança e dos bons. Já tinha justificado, ao longo de várias investidas mais do que apenas o controlo do jogo. Seguiu-se um período de natural reacção italiana em que o Sporting não soube travar. E aí esteve uma das chaves para o sofrimento. Com o Sporting a recuar em demasia e a dar demasiado jogo aos italianos, foi também sem surpresa que a Lázio chegou ao empate. Não porque tivesse criado muitas situações ( não criou praticamente nenhuma), mas fundamentalmente porque o Sporting inexplicavelmente parece sofrer de narcolepsia aguda. De um momento para o outro entra em sono profundo e normalmente, as equipas adversárias (ainda para mais quando do outro lado está uma italiana) aproveitam-se disso. Ora, aos 40 minutos, num livre a meio do meio-campo, descaído para o lado direito, os italianos chegam ao golo do empate pelo inevitável Klose. A defesa fica a ver a bola sobrevoar a área e aparecem 3 "italianos" à entrada da pequena área para poderem finalizar. O Polga ainda lá foi (e foi o único quando lá estavam 9 jogadores), mas não conseguiu desfazer a jogada. Há quem diga que a culpa é dele, mas só por má fé é que se pode dizer isso do único jogador (dos 9) que se fez à bola. Ou bem que se coordenam para dar um passo à frente e pôr toda a gente em fora-de-jogo ou bem que defendem como equipa. Não aconteceu nenhuma das duas e o Sporting, mais uma vez, a sofrer um golo tão simples de evitar.
O Sporting estremeceu, mas do infortúnio, ganhou um novo (pequeno) alento e factor casa empurrou o resto. Os italianos recuaram para a posição inicial, na expectativa e o Sporting voltou a acercar-se da baliza italiana e quando já toda a gente pedia o intervalo, não fosse o Diabo tecê-las (como tinha feito no golo italiano, que correspondeu ao único remate com perigo em toda a primeira parte), eis que nasce uma obra-prima. Cruzamento atabalhoado de Carrillo, alívio para a entrada da área, onde aparece Ínsua a desferir um pontapé fortíssimo e bem colocado, repondo alguma justiça no marcador. Se o primeiro golo foi de arte, o segundo foi de raiva. E o Sporting precisava dessa injecção, mesmo à beira do intervalo.
Na segunda parte o Sporting acabou. Deixou de haver jogo para passar a haver sofrimento e o Sporting soube sofrer.
Não estavam decorridos 4 minutos da 2ª parte e num lance aparentemente inocente, o árbitro entende que Ínsua comete falta sobre o adversário, mas não se percebe o critério, porque o lateral já tinha levado cartão amarelo aquando dos festejos do golo, logo, ao ser admoestado com o 2º amarelo, o árbitro não considerou agressão, porque senão teria de lhe mostrar o vermelho directo. Ao não considerar agressão, que falta ao pé da bandeirola de canto, pode constituir motivo para a amostragem de amarelo? Na minha óptica nenhuma, mas foi aqui que o o jogo começou a azedar e o árbitro também.
Com o Sporting reduzido a dez tão cedo na etapa complementar, teve que se reposicionar mais atrás e fazer um jogo mais à "italiana". Saiu Carrillo para entrar Evaldo e o Sporting passou a jogar com o bloco mais baixo. Naturalmente a Lázio cresceu. E foi crescendo.
O Sporting foi aguentando as investidas e há dois lances que marcam o encontro: O primeiro é duplo (72'), porque é uma excelente defesa (à queima-roupa), por instinto, do Patrício em que a bola ressalta para a frente e Cissé remata picado com a bola a dirigir-se à trave.
E o segundo (87')é um arranque fortíssimo de Cissé que vai à linha e centra para Rocchi, a 1 metro da baliza cabecear ao lado. Ambos os centrais foram batidos no lance. Polga por não ter velocidade para Cissé, e Onyewu porque não foi lesto a antecipar-se a Rocchi. Dois lances capitais, ranço puro!
A partir daí eu, junto com mais 35 mil nas bancada, acreditámos definitivamente que a bola não mais entraria e se o apoio tinha sido incessante até aí, redobrou de intensidade depois do falhanço de Rocchi.
Pelo meio, Domingos fez mais duas substituições. Primeiro tirou Matías, sem andamento, para pôr o André Santos e depois ainda meteu um credo na boca da maioria dos adeptos com aquela substituição de Capel, esgotado, por Daniel Carriço. Apesar de pensar que foi uma substituição temerária demais porque se os italianos têm a sorte de empatar, o Sporting já não tinha jogadores para procurar a vitória e com tanto tempo para jogar (16' + descontos). Acabou por correr bem.
Apesar de mais uma ou outra investida inconsequente, o jogo chega ao fim, não sei antes acontecer mais um lance polémico. Na minha modesta opinião e já vi o lance na tv várias vezes, há de facto um puxão, mas não julgo ser suficiente para a queda aparatosa. Se o árbitro marcasse não me chocaria, como também não me chocou que não tivesse marcado, mas temos de ser pragmáticos. os italianos só nos chegam a sufocar porque o árbitro belga, a seguir à expulsão do Ínsua, dever ter mandado os cartões fora. Há dois jogadores italianos que nunca acabariam o jogo. Cada um deles incorreu vezes suficientes à falta para ser expulso. E o árbitro, aos italianos, tudo concedeu, tudo perdoou.
O Sporting ganhou e ganhou bem.
Montado no sonho de 35 mil, com grande pulmão, com grande querer, grande vontade e uma pitada de sorte - atributos a que já tínhamos assistido - juntou-lhe ontem um grande coração.
Isto sim é o Sporting!
Esperemos que Guimarães confirme os atributos que temos mostrado nos últimos encontros.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Twenty

Na passada terça-feira fui ver o "one time only" documentário "Pearl Jam - Twenty", que retrata a parte mais desconhecida de uma banda que me diz muito e assinala os 20 anos sobre o lançamento do seu primeiros álbum. Assinado pelo bem conhecido Cameron Crowe, o documentário começa no final dos anos 80, em Seattle, onde estava a nascer um movimento musical que mudaria, não muito depois, a cena musical mundial. Desde os Mother Love Bone, com o seu carismático e já falecido vocalista Andy Wood,  que após a sua morte dariam origem, um pouco mais tarde aos Pearl Jam, passando pelos Green River, SoundGarden, Nirvana, Alice in Chains, etc.
Assistir a este documentário, para mim, é revisitar toda a minha adolescência. Desde o TEN (91)"comercialão", mas inspirador, até ao último, mais maduro e "self-made" BACKSPACER (09), passando pelos VS (93) e VITALOGY (94), mais violentos e questionantes, ainda que com algumas músicas mais introspectivas, tocando o NO CODE (96), o  YELD (98) ou o  BINAURAL (00), em que a evolução musical mais se notou , até aos RIOT ACT (02) e PEARL JAM (06), claramente os dois álbuns mais políticos da banda. Isto só para citar os álbuns de estúdio. Cada álbum é quase uma caixa de emoções. Uma Pompeia de sentimentos. Quando volto a ouvi-los, a caixa é reaberta e parecetransportado no tempo para essa fase, em que o mundo era nosso. E está lá tudo: cheiros, sabores, alegrias, desilusões, etc. Quem diz Pearl Jam, diz Nivana (embora pessoalmente nunca tenha ido muito à bola com eles), diz Soundgarden, Alice in Chains e outros.
Apoiados em letras bastante densas e algumas até bem negras, aliadas a uma música pesada, mas bastante melodiosa, onde vários estilos se combinam, o Grunge veio dar a pedrada que o charco musical precisava, depois de uma década de puro Pop, com muito espalhafato, mas pouco conteúdo. Ao fazê-lo revolucionou  a década de 90 e a música e revolucionou uma geração.
Há duas ilações a tirar disto, uma bem mais assustadora do que a outra: A primeira é que já passaram 20 anos. Bons 20 anos, mas ainda assim 20 anos...
A segunda é que numa altura onde se nota alguma ausência de valores morais e  - coincidência ou não - começa de novo a música Pop sem conteúdo a proliferar, deixo a minha modesta pergunta: Qual é o Grunge que se segue?

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Preconceito

Dos Estados Unidos chegam-nos sempre algumas notícias um tanto ou quanto rocambolescas, principalmente ligadas à justiça norte-americana, como aquela em que uma mulher processou (e ganhou) a cadeia de fast food McDonald's, por alegar que os produtos lá vendidos estariam ligados à génese da sua doença. Mas a de hoje roça mesmo o inacreditável, obviamente a avaliar pelas informações veiculadas.
A história é a de Troy Davis - ou se calhar é mais uma história de segregação racial do Sul dos Estados Unidos -, que fora condenado à morte em 89, com 20 anos e que apesar dos apelos dos vários quadrantes da sociedade mundial, durante estes últimos  anos, incluindo o Papa Bento XVI, foi "assassinado" ontem pelo estado do seu próprio país.
O mais assustador disto tudo é que em 22 anos de prisão no corredor da morte, não se conseguiram arranjar provas conclusivas da sua ligação ao crime sobre o qual fora condenado. Os advogados de Troy, ainda apresentaram no dia de ontem, um último recurso que não foi aceite pelo Supremo Tribunal, na tentativa de passar a ideia (muito provavelmente a correcta) de que Troy é simplesmente mais um negro condenado injustamente pela morte de um branco na Geórgia, um estado que continua a ter tiques de segregação racial, como muitos estados sulistas norte-americanos, apesar de ter sido supostamente abolida há décadas.
Se a pena de morte já é altamente discutível porque é altamente redutora, a pena de morte aplicada a inocentes (a avaliar pela falta de provas conclusivas) toma contornos de absurdo.
Com investigações e alegações durante 22 anos, não consigo entender como é que um Tribunal Supremo dá ordem de execução, sem provas conclusivas, num caso onde até as testemunhas mudaram, várias vezes, o discurso. Neste caso, até acho que os 22 anos de prisão e de provação seriam suficientes. E por excesso.
Este tipo de casos vêm dar-nos uma luz sobre o valor de cada vida em diferentes pontos do globo, principalmente quando é decidida por terceiros e por preconceitos.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Bipolaridade acentuada

Nem vi os dois primeiros golos em tempo real, porque me encontrava ainda a jantar e nunca me passou pela cabeça que o Sporting conseguisse fazer um (quanto mais dois) golo nos primeiros 10 minutos. É quase um dado empírico que, nos últimos jogos, tem sido posto à prova, o que já não é mau.
Sentei-me no sofá a partir do minuto 12 e até comecei por gostar. Boa circulação, alguma rapidez e um controlo do jogo muito simpático, empurrando o Rio Ave para a sua defensiva, não lhes permitindo saídas em transições.
Entretanto, até ao intervalo, a coisa foi, paulatinamente esmorecendo, mas como o Sporting estava com uma vantagem de dois golos, acabei por não achar mal o "tirar o pé do acelerador" habitual, porque pouco faltava para o apito para o final da 1ª parte. Tudo certo e justo ao intervalo.
Na segunda metade, 3 minutos volvidos, o Rio Ave reentra no jogo. O 1-2 deixava tudo aberto de novo. "Porra, o Sporting vai ter que fazer pela vida" - pensei eu -.
Pensei mal! Aquele controlo sem domínio ou vice-versa começou a fazer-me comichão e daí ao recuo em bloco foi um instante. Quando dei por mim, já tínhamos alguma dificuldade em ligar o jogo, em acabar com perigo real as jogadas e, invariavelmente, o perigo começou a crescer na nossa baliza. Tanto cresceu que acabou por nos rebentar na cara. O 2º golo é mais um golo para recordar como não se pode sofrer golos... Se eu acho que, no 1º, o Patrício podia ter feito mais (a bola nunca pode passar entre o GR e o poste), o 2º, em clara superioridade numérica na área (6 para 2) não pode haver um jogador contrário a finalizar em cima da pequena área à vontade. Este, como se diz na gíria, vem nos compêndios.
Depois disso, se o Rio Ave já tinha feito crescer o peito, acreditou que podia dar a volta ao jogo e bem perto disso esteve, por uma ou duas ocasiões, não fosse alguma sorte e saber à mistura, não sei bem em que porções.
Até final, apenas dois lances marcam o resto do jogo em apenas dois minutos: A cabeçada vitoriosa do Americano, sobre o qual mantenho muitas reservas em termos futebolísticos (o futebol joga-se no chão e aí ele tem claramente muitas dificuldades) e a expulsão do Jean Sonny, a meu ver com critério, porque a simulação - e claramente o é - é punida com cartolina amarela. Se já tinha uma, levou com a segunda e a consequente ordem de expulsão. Tenho pena é que este tipo de comportamento não dê expulsão por si só, seja de que lado for.
O Sporting acaba por ser um vencedor justo, mas não consigo conceber que uma equipa com os diversos problemas já conhecidos de exigência e ambição (entre muitos outros) deixe escapar uma vantagem de 2 golos, caída do céu (qualquer equipa que marque nos primeiros 5 minutos ainda não teve tempo para justificar qualquer vantagem). Tenho mesmo muita dificuldade em perceber o nível de bipolaridade desta equipa, que consegue tocar o melhor e o pior numa questão de minutos.
Após o 2-3 em Paços e 2-3 em Vila do Conde, segue-se o Setúbal em Alvalade, onde o último resultado registado foi também 2-3, mas para o visitantes...

Notas Positivas:
- 3º golo em 3 jogos de Wolfswinkel;
- Entrada de rompante com golos no 2º jogo consecutivo
- 2 golos de bola parada
- Golo da vitória de cabeça do Gigante Americano desanuviou o ambiente e devolveu-nos ao jogo nos últimos minutos.
- Trabalho durante a semana começa a dar alguns frutos (ex: bolas paradas)

Notas negativas
- Relvado em péssimas condições tornou o jogo mais atabalhoado em alguns momentos.
- Adormecimento infantil imperceptível, que nos poderia ter custado muito caro.
- Os dois centrais cometem erros individuais e colectivos inacreditáveis
- Apesar do golo da vitória e do mérito inerente, o Americano quando pressionado em bolas pelo chão é mesmo muito fraquinho.
- Os 2 golos sofridos hoje (se fosse só hoje) não lembram ao diabo.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Singela lembrança

Foi com extrema consternação que recebi ontem a notícia da morte de uma amiga.
Sem estar particularmente dentro do assunto em relação à causa e desconhecendo possíveis complicações físicas, não posso deixar de pensar no quão efémera é a situação e no quão curta é a existência. A Inês tinha 35 anos.
Sei que soa a cliché, mas as mortes precoces, ainda para mais a de uma pessoa com quem tive o prazer de privar, põem à prova a ideia que temos da nossa própria mortalidade. É profundamente triste ver partir alguém que tinha tanto para dar e usufruir da vida.
Mas, como diria o meu pai: "Para morrer, basta estar vivo". E tem toda a razão! Por muito que isso nos pareça frio e redutor, a morte é incondicional e é a única certeza de vida.
Os meus pêsames silenciosos para os familiares e amigos mais próximos. Certamente esta será uma das horas mais difíceis.

O nosso Khadafi

O Alberto João Jardim faz-me lembrar o Khadafi.
O nosso, tão terrorista (verbal, pelo menos) como o outro, diz que continuará a fazer as obras necessárias e que não despede ninguém, apesar do buraco (buraco é eufemismo, é mais uma cratera) financeiro em que o Governo Regional da Madeira se encontra.
O Khadafi tem afirmado (quando pode), apesar do cerco cada vez mais apertado por parte dos "rebeldes", que esta insurreição vai ter consequências e que as forças leais ao regime vão "abafar" a "rebelião".
Há, em ambos os discursos, uma semelhança gritante: Estão os dois completamente desfasados da realidade. E em ambos os casos há já, pelo menos, uma década...

Tédio ou sonolência colectiva

Hoje dei por mim a bocejar e a fechar o olho enquanto assistia ao meu Sporting. Pensei cá para comigo: "Estranho, desde quando é que eu adormeço a ver o Sporting?".
Pelos vistos desde há algum tempo e sem me ter, sequer, apercebido do enorme tédio que o meu clube de coração me provoca sempre que me disponho a acompanhar mais uma jornada futebolística.
Letargia enraízada? É muito possível e hoje, depois deste pequeno apontamento mental, enquanto olhava entedeado para o ecrã tentei perceber o porquê desta sonolência colectiva.
O Sporting entrou todo de negro (??), situação para a qual não encontro explicação lógica senão uma "trogloditice" (mais uma) da UEFA, a juntar às já muitas intervenções/decisões/posições não menos inacreditáveis num passado não muito longínquo (Platini pode ter sido um excelente jogador, mas a verdade é que ele como presidente e o seu staff, não dão uma para a caixa). E esse entrar de negro, ao contrário do que se poderia supor e olhando para os últimos jogos, até nem foi mau. Muito pelo contrário. O Sporting entrou bem, mandão, senhor do jogo e cedo se adiantou no marcador num lance - imagine-se - de bola parada logo aos 4 minutos. E aos 20 já tinha ampliado o marcador na melhor jogada do encontro. A ala esquerda do Sporting a fabricar meio golo e Wolfs a facturar à la matador. Melhor do que isto, impossível.
A partir daí (ou quase), eclipse total. Começámos a perder bolas infantilmente, a pressionar em "Tudo ao Molho mode" e o Zurique, que no nosso campeonato teria alguma dificuldade em manter-se no principal escalão, começou a mandar no jogo e a criar algumas boas oportunidades, sempre em crescendo.
A primeira parte acabou com o Zurique por cima e a segunda revelou o mesmo cenário. Um Zurique combativo, com pressa de chegar ao 1-2 para poder pressionar ainda mais o último reduto leonino. E os suíços só não chegam ao golo, porque os postes (4 vezes) negaram aquilo que nem defesa, nem Patrício, pareciam poder evitar. Afinal, a sorte de que tanto nos queixamos, às vezes, prega-nos estas partidas. E a sonolência continuou, com alguns fogachos pelo meio, mas a nota dominante foi a letargia.
Percebo portanto, porque é que bocejo... É que o sono pega-se.
O que eu verdadeiramente não percebo é o porquê do Sporting só conseguir fazer 20/30 minutos de algum nível (nem se pode dizer que é de alto nível) e depois, qual Petromax com a botija vazia, extingue-se lentamente até ao fim do jogo, sem que dê para perceber se alguém da estrutura irá fazer o obséquio de mudar a botija e mudar um pouco o rumo dos acontecimentos. Do banco, pouco ou nada se tem acrescentado... Da bancada muito menos.
Com adversários menos cotados, os fogachos vão disfarçando as óbvias lacunas de exigência e de ambição, mas - temo - com o passar dos jogos e o subir da fasquia, terá o Sporting que acompanhar e introduzir, dose a dose, mais desses dois predicados. Ou o Sporting dá o salto qualitativo que todos esperamos, ou fica irremediavelmente para trás (como já está) ainda em finais de Setembro.

PS: Ainda não percebi a dificuldade que os defesas e o guarda-redes do Sporting têm com os atrasos. A lei que não permite que se atrase ao Guarda-redes data de 1992 (se não me falha a memória). Fará, portanto, para o ano 20 anos...

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Pontapé de saída

O porquê deste Blogue?
Em primeiro lugar, porque não? Já que toda a gente tem um e depois lêem-se barbaridades com "voçês", "faze-mos" e outros tantos achincalhamentos da nossa língua materna em textos que têm muito pouco onde se lhes pegar.
Em segundo lugar, porque sim! Escrevo bem, tenho opiniões fundamentadas e estruturadas e acima de tudo, escrevo apenas sobre assuntos em que tenho interesse fundamentado e tento estar o mais informado possível em relação aos mesmos. Não tenho por hábito escrever sobre física quântica, por exemplo, porque não faria a mínima ideia por onde começar.
Posto isto, este será o meu espaço dedicado ao país, em geral e ao Sporting Clube de Portugal, em particular, entre outros assuntos de maior ou menor relevância.