terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Gente de Merda!

Eduardo Barroso disse ontem e passo a transcrever: "O que ouvi de Godinho Lopes deixou-me aterrorizado".

Ora, esta sentença deixa-me perplexo e por uma razão muito simples: Não é apenas por ter votado noutro candidato, aquando das eleições de 26 de Março de 2011, mas principalmente porque desde o início dessa campanha e no período que se estende até hoje, sempre que Godinho, um dos seus companheiros ou ex-companheiros de direcção e mesmo o próprio Barroso abrem a boca, as suas palavras aterrorizam qualquer sportinguista com dois dedos de testa.

Esta fuga para a frente de que Barroso fala em relação a Godinho é exactamente e na mesma medida, aplicada a ele próprio. O cirurgião/comentador/pai de dois filhos/padeiro/bombeiro/infinidade de personagens épicas é vaidoso demais para ficar mal nesta fotografia que agora percebe poder sair queimada. O problema é que, com a sua pouca inteligência aliada uma parvoíce exagerada, já deu tiros no pé suficientes para ninguém, no seu perfeito juízo, dar muito valor ao que diz, porque fala sempre muito sem dizer, realmente, grande coisa. Essa vaidade, muito provavelmente, será o catalisador inusitado da salvação do clube.

Ao não se querer queimar, embora para mim e para uma grande maioria de sportinguista está apresentado e despedido, abre uma porta que todos pensávamos impossível ser aberta pelo próprio.
O melhor exemplo de competência que se lhe pode ser assacado, para além de só após 19 meses de presidência ruinosa o PMAG, representante dos sócios nos órgãos sociais, perceber a urgência de voltar a dar a palavra aos sócios, é aquela rábula da reunião marcada por ele para um dia que ele não podia estar presente. Só mesmo ao alcance de gente completamente maluca ou que tem queda para o circo de má qualidade, sem qualquer desprimor para actividade circense de qualidade.

O voltar a dar a palavra aos sócios, se formos ver e seguindo a ideia que tem sido veiculada, acaba por ser uma "win-win situation". Não só o Godinho e a sua direcção incompetente vão de vela (a ver vamos), como o Barroso vai de vela também.

Aliás, eu não percebi, na primeira vez que o Sporting tem um PMAG de uma lista diferente dos restantes órgãos sociais, qualquer diferença entre aquilo que é a posição da MAG e a posição do CD mesmo com evidências de catástrofe eminente.
Passados 19 meses percebe-se que, afinal, há uma réstia de esperança, mas fundada apenas numa vaidade e pequenez individual.

Infelizmente para todos nós que gostamos incondicionalmente do clube, fica-nos o amargo de boca e a frustração de ver que quem tem dirigido os destinos do clube nas últimas décadas, é só gente de merda, desonesta intelectualmente, que apenas e só serve a sua agenda pessoal ou da banca.
Esta gente de merda de que falo, por aquilo que enumerei está obviamente a cagar-se para o Sporting.
Para essas bestas, o Sporting tem servido para tudo, menos para ser servido.

Quem o serve com esforço, dedicação e devoção são os funcionários (muitos deles têm mais anos de trabalho no clube do que muitos dirigentes têm de sócios), verdadeiros estandartes do que é o Sporting e que fazem das fraquezas forças elevando diariamente o nome do clube ao patamar que merece. Se alguém deve ser glorificado, são eles. Sem eles, muito provavelmente e com esta gente parasita que orbita a vida do clube, o clube já não existia

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Paciência...

Eu estou completamente contra esta direcção e falta de organização e liderança que patenteia.
Estou completamente contra este estado de coisas que vêm afectando - e muito - o rendimento global do Sporting Clube de Portugal.
Mas uma coisa é essa assunção que faço há mais de ano e meio e outra coisa é - principalmente nos dois últimos jogos - tentar enquadrar isso naquilo que se passa dentro das 4 linhas. E esse enquadramento deixou de fazer sentido.
A equipa joga, esforça-se, cria oportunidades, mas o estado lastimoso em que se encontram, neste momento, os índices psicológicos, criam claramente um bloqueio que parece ser o mais difícil de ultrapassar.
Há, porventura, quem defenda que quem não consegue ultrapassar a pressão, não serve os interesses do Sporting. Eu sou da mesma opinião no geral, mas neste particular, creio que essa problemática já há muito que foi ultrapassada. A questão, para mim, não é a pressão. É a depressão.
O jogo de ontem, que para mim é uma cópia autenticada do jogo de Genk, é bem o espelho disso. Aliás, ontem, para mim, o jogo utilizou um dado novo: creio que entrámos no reino do bruxedo. O Setúbal, sem criar uma única ocasião de real perigo em toda a partida, consegue fazer dois golos. Um de um ressalto, que começo a pensar que só acontece ao Sporting, e o segundo, de um lance que é precedido de fora-de-jogo.
Pelo meio, o Sporting ripostou com um golo, duas bolas no barrote e muitos lances a que não soube dar o seguimento mais normal.
Em condições normais, o Sporting teria ganho este jogo e o de Genk, mas numa altura em que a equipa vive com índices de confiança tão baixos, o que pode correr mal, normalmente corre e da pior maneira possível. Os últimos 3 ou 4 jogos são disso espelho.
Vercauteren chegou há menos de uma semana, por isso, não consigo, em consciência, avaliar o trabalho do senhor, nem sequer lhe exigir mais do que ele fez ontem. Montou a equipa, muniu-a, com toda a certeza, de uma vontade de vencer, fez as alterações que achou que serviriam melhor os interesses do Sporting no jogo e, com tudo isto, jogou melhor, teve mais perto de vencer, mas não o conseguiu.
Eu digo que é natural, embora me custe muitíssimo. Nenhum treinador tem uma varinha mágica que consiga, numa questão de dias, resolver um problema psicológico profundo. Mais, não pode - nem deve - operar uma verdadeira revolução que rasgue por completo com o passado recente, sob pena de perder completamente o trabalho feito pelos seus antecessores, seja ele muito bom ou muito mau. Deve sim ir, pouco a pouco, impondo as suas ideias e esperar que a conjuntura vá dando uma ajuda.
O problema do futebol profissional do Sporting, neste preciso momento, já não se prende com a organização, o modelo de jogo ou a intensidade. Essas são problemáticas que aparecerão lá mais para a frente. O problema é que a esta equipa do Sporting acontece tudo, quer jogue bem ou mal, seja suficiente ou insuficiente. Quando não joga o suficiente, colhe aquilo que semeia, mas quando joga o suficiente, há demasiado azar envolvido, traduza-se isso no que for.
Por uma questão de coerência e porque não há mais nada a fazer se não ser paciente, serei paciente com Vercauteren. Só o facto de aceitar um desafio destes já tem a minha gratidão, mas a exigência mantém-se: Paciência, sim, mas com evolução. E de preferência com vitórias. Sem elas, não há evolução que seja favorável.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

O triénio em batalha naval

A prova que a direcção que gere o Sporting, não era mais do que um albergue espanhol (e dos maus!) está à vista.
Vão-se multiplicando os torpedos, de toda a parte (inclusive, em alguns casos, da própria) o que tem causado - com grande estrondo, diga-se - a implosão desta direcção.
Vejamos quem eram e como foram afundadas as maiores figuras do projecto do... - porque não chamá-lo - triénio!

Carlos Barbosa
Presidente Dixit "Carlos Barbosa é uma mais valia, pois é presidente do maior clube português. Se há alguém que consegue arranjar investidores e patrocinadores é ele"
Barbosa Dixit:" Para o ano os nossos adversários são Real e Barça"
Digo eu: Yeah, Right! Misleading the pills again.
Status: Barco de dois canos ao fundo com dois tiros certeiros. Diz ele que foram tiros profissionais que o fizeram ir ao fundo.

Paulo Pereira Cristóvão
Epíteto: Robocop ou a Guarda pretoriana desta direcção
Dixit: " Não desviei dinheiro em meu benefício"
Digo eu: Pode não ter sido em teu benefício, mas foi no de alguém.
Status: Barco de três canos ao fundo com 3 tiros certeiros. Os tribunais, quando querem têm uma pontaria do camandro.
Mais: É de assinalável atraso mental que um ex-PJ seja, justamente, "agrafado" por ex-colegas seus. Por aí se vê a fama do "menino".

Domingos Paciência
Presidente Dixit: É o treinador para o triénio e o treinador do projecto (esta última, confesso que não sei do que é que ele falava)
Domingos Dixit: Eu vejo médicos, eu vejo fadistas, eu vejo carpinteiros, eu vejo toda a gente a falar do Sporting.."
Digo eu: Se em vez de te preocupares com isso, te tivesses preocupado em arranjar um plano B, para quando as coisas corriam mal, em vez de coçares a cabeça, eras capaz de te ter safado melhor. Digo eu.
Status: Barco de um cano ao fundo com 1 tiro certeiro. E à traição. Num domingo não estava em causa e continuava a ser o treinador do triénio (O Domingos tem passe vip para os domingos) e na segunda estava na rua.

Ricardo Sá Pinto
Epíteto: o 2º treinador do triénio (convém lembrar ao lambuças-mor que um triénio são 3 anos e não 15, como ele, claramente, pensa)
Sá Pinto Dixit: " A equipa não está forte, está fortíssima"
Digo eu: De facto o plantel tem mais soluções, mas até um bom plantel formar uma boa equipa, vai um longo caminho que o Sá, por muito bem intencionado que seja, não consegue promover. A rábula de um meio campo por jogo mostra, de certa forma, a impreparação para um cargo tão exigente (sem qualquer hipocrisia, fui um dos que acreditei que o Sá soubesse modelar a cena, mas percebi que não, pelo menos não no Sporting).
Status: Barco de um cano ao fundo com 1 tiro certeiro. O barco de um cano bem se esquivou durante algum tempo dos mísseis internos, mas a onda de tsunamis (vejam a forma como se cria um pleonasmo cómico) acabou por apanhá-lo.

Luis Duque e Carlos Freitas.
Presidente Dixit: "Dupla maravilha que pode levar o Sporting, de novo, aos títulos"
Duque Dixit: "Não há quaisquer divergências na SAD"
Digo eu: Qual SAD? Mas ainda há uma SAD? Mas ainda há Sporting?
Satus: Jornada Dupla. Uma Fragata e um barco de 3 canos ao fundo quase em simultâneo. Depois do enchimento de bolsos em comissões com retorno duvidoso, ambas as "barcaças", já tinham dificuldade em navegar. Pode dizer-se que apenas boiavam (o que no caso do Duque é um eufemismo)... Acertar em elementos imóveis é mais fácil.

Portanto, o que eu retenho disto tudo, brincando, é: Para esta direcção afundar - parece-me - apenas falta continuarmos a disparar sobre ela.

E o que é que falta?
- O porta-aviões Godinho (com toda a gente dentro. Rui Paulo Figueiredo, João Pedro Varandas e todos os Yes Man do porta-aviões): Está farto de levar torpedos e com grande dificuldade vai-se aguentando porque parece andar claramente à deriva. Resta saber até quando.
- Os dois barcos esquivos de um cano. Nobre Guedes e Ricciardi. Parecem peões num jogo de xadrez, embora, pela forma como têm, em sucessivas direcções, passado entre os pingos da chuva e proliferado, rapidamente se percebe que estes "peões", de peões não têm nada. São de todos os barcos, os mais perigosos e os mais difíceis de afundar.
- Todos os outros barquitos e barcaças que vão navegando na órbita do porta-aviões e que se pense que, por si só, podem fazer mossa.

Como vêem, a frota (???) já está muito debilitada. É preciso um assalto final para afundarmos de vez esta frota maldita.
Apesar de a nossa frota estar também debilitada de 15 anos de guerra mais ou menos violenta, há que acreditar que este é o momento de pôr no papel a frase: GAME OVER!

domingo, 14 de outubro de 2012

Hó...quei!

Estive há minutos a ver a prestação do Sporting em Hóquei em Patins, modalidade que estimo bastante e que prezo muito em ver de volta à 1ª Divisão e não posso deixar de me sentir frustrado. Encher o saco no Dragão caixa é só mais um episódio dramático da deriva que o clube vive. O resultado é - penso - fruto de tudo o que vou explanar a seguir e, por conseguinte, o menos importante, mas mais uma vez, o nosso símbolo, que é também um símbolo de ecletismo, continua a ser a chacota para gáudio dos rivais.

O trabalho feito, muito por carolice, nos últimos anos para devolver a modalidade ao escalão máximo é de louvar. Sublinho isso com estrondo. Esse trabalho merece de todos os sportinguistas o maior dos créditos e, ambas, devem continuar a acontecer.
É absolutamente extraordinário que haja um conjunto de sócios com projectos e objectivos em prol do clube, dentro ou fora dele, visto que quem dirige para não ter, nem ter tido, nenhum, desde que lá chegou.

Aquilo que me pareceu (corrijam-me se não for verdade), ao ver o meu clube ser novamente enxovalhado, é que o apoio institucional é pouco ou nenhum e, obviamente o resultado está à vista. Desculpem-me a mesquinhez, mas até os equipamentos são duvidosos.

Fazendo fé na minha análise, não posso de todo acreditar que o Sporting institucionalmente, não tenha querido investir o suficiente - relembrando que é a primeira vez de volta à 1ª Divisão após longo interregno - para, pelo menos, não fazermos estas figuras.
Sei que a equipa é jovem, com muita inexperiência à mistura, mas o objectivo do Sporting não pode ser lutar para não descer. Nunca!
Nem faz sentido que uma modalidade mítica de competição do Sporting se ande a arrastar sem meios por total inépcia directiva e/ou total desconhecimento do que é a génese do Sporting Clube de Portugal enquanto clube eclético.

Na minha modesta opinião, qualquer modalidade de competição que tenha a égide (e o emblema) do Sporting Clube de Portugal - ainda para mais quando se fala do hóquei em patins, modalidade que o Sporting muito ajudou a construir em Portugal -, tem que ter um investimento que permita a mesma ser competitiva ao ponto de se tornar auto-suficiente. Desportiva e financeiramente. Aliás, todos aqueles que louvei nas linhas anteriores, pelo seu esforço, pela sua dedicação, pela sua devoção e pela glória de, praticamente sem meios, chegarem ao escalão máximo, mereciam por parte de quem gere os destinos do clube, uma maior atenção e investimento no projecto em causa.

Mais: Chego à conclusão que os rivais, num assomo de conhecimento da grandeza do clube enquanto pilar da modalidade, fazem mais institucionalmente pelo Sporting, do que a maioria dos dirigentes que gerem o clube. Vejam as diferenças entre estas duas declarações:
Godinho Lopes, Presidente do Sporting, o ano passado, "pediu" ao Hóquei para não subir, muito provavelmente porque sabia que teria que investir e não o queria fazer (como, muito provavelmente, não o fez).
Tó Neves, treinador do Porto, após uma vitória de 12-0 sobre o Sporting, diz que " é sempre bom ter o Sporting de volta. Faz falta à modalidade e espero que este ano se mantenha, sem desprimor para as restantes equipas, mas espero que tenhamos a breve trecho o Sporting, de novo, a discutir o título."
De circunstância ou não, o facto é que ouvi da boca do mesmo.
Só me apetece dizer: Foda-se!

domingo, 7 de outubro de 2012

A salvação começa em nós. Sempre!

Em Fevereiro deste ano, escrevi aqui um artigo intitulado "Sporting e a maior encruzilhada da sua história" que podem consultar aqui, onde fazia uma análise do momento que se vivia então no Sporting, tanto desportivamente como directivamente.
Passados que estão 9 meses, sensivelmente, deparo-me com o arrastar solidário da mesma situação com uma enorme diversidade de protagonistas.
A situação directiva mantém-se e, em alguns casos concretos, piorou substancialmente. A total inépcia que esta direcção tem é confrangedora, por um lado e assustadora, por outro. É confrangedora no sentido em que nada do que esta direcção se meta tem retorno desportivo ou financeiro e assustadora porque começo a achar que é daqueles casos em que os visados têm pouca ou nenhuma noção do mal que vão fazendo. Pior dos que fazem mal com maldade são os que fazem mal pensando estar a distribuir o bem. E esta direcção, parece-me, já entrou nesse processo há algum tempo.

O triénio (como tanto gosta o actual presidente de se referir ao mandato) carece urgentemente de um projecto. Um projecto sólido que definisse rumos e objectivos claros e concisos e que toda a gente, desde o presidente, passando por toda a estrutura (outra coisa que falta na sustentação de qualquer projecto), até chegar ao sócio ou ao adepto, se identificasse com. Mas mais importante do que haver um projecto é haver competência. E essa é a virtude que falta. Há empenho, há vontade, há "carolice", mas falta competência e sem ela não há ideia que tenha sucesso de implementação. Pior, além da incompetência inerente ao pináculo directivo, o mesmo vai mostrando mais incompetência ao rodear-se de pessoas de ocasião, sem qualquer critério para além de ganhar votos/silêncios nos vários sectores palacianos do clube.

O Sporting Clube de Portugal - e já o disse - é uma cópia, em ponto pequeno, do país e do sistema político-partidário que temos. O paralelismo, se assim se quiser entender, chega a ser assustador, senão vejamos:
O Passos Coelho do Sporting é o Godinho Lopes e o Governo é a direcção. Neste contexto percebemos que tanto o Passos como o Godinho percebem zero da poda, por um lado por serem idiossincraticamente incompetentes e, por outro, por não terem experiência nenhuma para um cargo para o qual foram "eleitos".
Pior, os seus governos, têm zero experiência de governação e isso vê-se nas diversas aparições institucionais.

O Governo
Tal como Passos, Godinho "venceu" com cerca de 33% dos votos que não legitimam ninguém, mentiu descaradamente na campanha, nunca cumpriu uma promessa que fez e acha que não está fragilizado.
Sobre o Governo, ainda em paralelismo, torna-se claro que o Relvas era o PPC, o Gaspar é o Nobre Guedes/Ricciardi, o Portas é o Barroso e a Cristas é o Rui Paulo Figueiredo.
PPC, o Relvas do Sporting, também era o braço direito do Godinho, está metido até aos dentes em processos de coacção, esquemas diversos e é daquelas pessoas que dá mau nome a qualquer instituição porque nada parece ser transparente.
Nobre Guedes/Ricciardi, fazendo o paralelismo com Gaspar, são aqueles que, como lapas, se mantém há vários governos com o único intuito de delapidar e perpetuar o saque que é feito no clube há cerca de 15 anos. Por um lado apagam as provas de qualquer má gestão ou gestão danosa e por outro continuam a vender o que resta e a fazerem project finance atrás de project finance, sem que se veja fim à vista do serviço da dívida.
O Barroso, está contra algumas medidas da actual direcção, mas por uma questão de solidariedade institucional (o que é estranho vir de um adversário eleitoral, sendo eleito para a mesa da AG que é o órgão que defende os sócios) e tal como Portas, assina sempre de cruz os sucessivos "orçamentos de estado".
Por fim a Cristas do Sporting, Rui Paulo Figueiredo é um pau para toda a obra. Já mudou 567 vezes de cargo desde que tomou posse, mas tal como Cristas, não há nada que se possa ligar ao seu trabalho, porque em boa verdade não se sabe nunca o que este senhor faz, a não ser que, fora do clube, é deputado e membro daquela instituição dos aventais abichanados que tem muita saída junto dos corredores do poder de ambas as instituições de que ele faz parte (AR e SCP).

A Oposição
Bruno de Carvalho parece ser uma espécie de José António Seguro do Sporting e tal como o actual líder do PS, dá-me a sensação de esperar que o poder lhe caia de podre no colo. Para isso, manda umas bocas, faz umas declarações, aparece, mas tal como o Seguro, apesar de ser contra e ele próprio o diz(seja em que for), abstém-se sempre de se chegar à frente.
Numa altura em que uma oposição mais "musculada" já teria trazido outros resultados (pelo menos é essa a minha ideia), Bruno de Carvalho tenta, delegar nos sócios (????) o ónus da marcação de uma AGE que faça uma espécie de moção de censura ao actual "governo", quando, claramente, a capacidade de mobilização de um sócio ou de um grupo de sócios comuns, é inferior à sua própria capacidade de mobilização. Quanto mais não seja pelo capital de confiança angariado durante as últimas eleições.
Tal como Seguro, Bruno de Carvalho parece sempre esperar não ficar mal junto dos eleitores numa próxima votação, porque de outra maneira, já se teria chegado à frente. Pelo menos era o que eu faria no lugar dele.

A JuveLeo representa claramente o CDS, porque estão sempre do lado do poder. Tal como o CDS, tiveram a necessidade institucional de, e abertamente, se ligar à direcção porque é ela que garante a manutenção do status quo. Tal como o CDS, mandam zero (embora tenham ideia do contrário), mas em todo o caso, ficam bem na foto ao lado do poder. No dia em que o poder mudar e tal como o CDS, mudam o chip e viram para o outro lado.

A Torcida e o Directivo são o Bloco e o PCP do Sporting. Estão claramente contra a direcção (não sei se institucionalmente), mas tal como os dois partidos na AR a apresentar moções que sairão sempre chumbadas, as duas claques fazem as moções de censura possíveis através de tarjas e palavras de ordem que se perdem nos 90 minutos de cada jogo. Nada mais do que isso.

Por fim e mais importantes, os sócios. Nós, sócios, somos o povo do Sporting. Somos quem paga as quotas, quem sofre com as vitórias e as derrotas. Quem se esfalfa para andar às centenas de quilómetros, quem faz contas para meter na equação o Sporting. Por isso, é a nós a quem é pedida a palavra, porque é a nossa palavra que realmente interessa. Os Godinhos, as direcções, a influência institucional das claques e a puta que os pariu a todos passam como se fossem comichão nos tomates, mas enquanto houver sócios que gostem a sério deste clube centenário, o Sporting nunca morrerá.

Já todos percebemos (ou pelo menos alguns) que com estes intervenientes, vai mudar-se para ficar tudo exactamente na mesma. Por isso, não há salvação possível, nem D. Sebastião (alegoria a um messias qualquer que apareça e do nada resolva todos os problemas a que ninguém se deu ao trabalho sequer de pensar) que nos valha se, individualmente e/ou colectivamente, não quisermos ser salvos.

Ao pensar que podemos ter direitos sem os deveres inerentes somos negligentes connosco e com tudo aquilo em que acreditamos deixando essa responsabilidade para terceiros. A salvação começa e acaba em nós. Sempre!

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Com um ponta-de-lança, depois falamos

Na minha primeira presença em Alvalade esta época vi o Sporting perder em casa, com o Rio Ave. Foi decepcionante, mas à falta de melhor análise e apesar do péssimo resultado, gostei de algumas coisas.
Para dizer a verdade gostei de quase tudo o que foi feito até à zona de decisão. Achei mesmo que o Sporting jogou o suficiente para vencer o jogo.
Bem sei que a malta analisa a coisa sempre apoiada no resultado e mais facilmente se gosta de uma merda de exibição com vitória do que uma exibição normal com derrota. São perspectivas.
Para mim o problema do Sporting neste jogo e já extrapolando para o resto da época (até 31 de Agosto pode haver mudança e com a cedência de Wilson Eduardo à Académica, essa mudança ganha força) é apenas um: Falta de concorrência, digna desse nome, na frente.
Wolfswinkel é um puto novo, com características e escola de ponta-de-lança, mas sem "nervo" para ser única opção de ataque num clube que se propõe - quanto mais não seja - a lutar por títulos. Mais: Na sua posição, raramente se consegue enquadrar ou receber em condições privilegiadas e quando o faz, atrapalha-se ou atrapalha terceiros, o que invariavelmente o faz fugir para fora da sua zona de acção, deixando o centro do ataque completamente órfão.
É inadmissível que o ponta-de-lança do Sporting apenas consiga fazer um remate, digno desse nome, nos descontos da 2ª parte.
É inadmissível que não consiga, em 90 minutos fazer mais do que correr atrás da bola, porque sempre que a bola lhe é endossada, deixa-se antecipar ou bater.
É inadmissível que raramente consiga fazer um passe ou uma tabela em condições (o golo do Rio Ave nasce de um dos passes transviados de Wolfswinkel, ainda por cima curto).
E atenção que eu não quero crucificar o rapaz, mas parece-me óbvio que Wolfswinkel não tem "estaleca" para ser, neste momento, primeira opção.
Para mim é tão simples quanto isto: Ou até 31 de Agosto o Sporting compra, pede emprestado ou vai roubar um ponta-de-lança que faça golos à séria (nem me importo que venha um velho em final de carreira, desde que faça e saiba realmente fazer golos), ou a este ritmo à 10ª jornada estamos a lutar para descer.
E nem é tanto por falta de jogo ou de oportunidades. O Sporting cria jogo, cria oportunidades, mas sem quem faça golos, nem o Real Madrid ganha o que quer que seja.
Posto isto, comprem lá um ponta-de-lança e depois falamos.
Desculpem lá, mas à 2ª jornada, não crucifico ninguém que não mereça ser crucificado e este Sporting, para além de não o merecer, não merece a nulidade* que tem como ponta-de-lança.

* Nulidade neste momento. Continuo a achar que bem trabalhado e com "estaleca" de futebol português que claramente não tem, pode fazer-se um ponta-de lança de topo. Disse o ano passado para quem me ouviu, sobre Wolfswinkel: Tem boas características e sabe movimentar-se, mas marcar golos na Holanda não é a mesma coisa que marcar em Portugal e só durante um pequeno período fiz por ser enganado. De resto, parece-me óbvio hoje como me pareceu o ano passado que o caminho de adaptação é longo.

PS: Vi ontem o programa Prolongamento da TVI que, este ano, tem um comentador do Braga (ainda não percebi porquê, já que nem o Boavista, quando chegou ao título, teve direito a um). Vi os 6 minutos de pura loucura verbal em que o comentador afecto ao Braga diz alarvidades como "milhões de Bracarenses" e " os 3 grandes já vão à frente", já para não falar no tom de chacota a que esse senhor votou toda a sua análise ao jogo do Sporting. Não consigo comentar a desonestidade intelectual inerente às afirmações, porque a mesma é inqualificável e porque me recuso a comentar afirmações de pessoas que falam sob o efeito de álcool ou de estupefacientes ou de pessoas com um qualquer distúrbio mental declarado.
O meu clube (institucionalmente) devia tomar uma posição sobre isso e não deixar o Eduardo Barroso fazê-lo (sabe-se lé em que qualidade), que não tem moral para isso.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Começa a época...

...Começa a discussão.
Não me pronunciei sobre a pré-época do Sporting porque não a segui com grande atenção. Vejo agora que as contratações me parecem acertadas em lugares que eram de reforço imperativo, mas a avaliar pelo que vi ontem (globalmente gostei), a malta continua a esquecer-se de reforçar na posição que nos pode garantir mais pontos: A de ponta-de-lança!
O jogo de ontem foi típico de início de estação: Muita vontade em fazer bem, muita entrega, muita táctica, mas muito pouca objectividade. É natural, sendo o primeiro jogo oficial.
Gostei da ideia de jogo, mas os últimos 20 metros continuam a ser uma pobreza franciscana e se não forem os extremos ou os laterais a dar a sapatada no jogo (grande jogo do Cédric), o nosso ponta de lança é figura de corpo presente. Pior: Além de não vislumbrar alternativa (Viola, ao que parece, além de ser miúdo, não é um 9 puro), o Wolfs marca muito golos mas de bola parada, porque de bola corrida, é praticamente nulo.
É verdade que a bola pouco ou nada lhe chega, mas quando lhe chega ou está fora-de-jogo, ou não acerta na entrada à bola, falhando redondamente. Ontem fez "só" zero remates.
Até 31 de Agosto há possibilidade de reforço de uma posição tão nevrálgica como a de ponta-de-lança. E não me importo que venha um trintão tipo Acosta, desde que faça golos, porque já se viu que em jogos em que os últimos 20 metros têm 2 autocarros, como ontem, não será o Wolfs a resolver a não ser se o Carrillo ou o Capel caírem na área...

Outro assunto a respeito disto que queria abordar é o novel elogio da loucura. A doutrina tem já um par de anos, mas não deixa de me fazer confusão. Então o Guimarães, para os comentadores, mereceu o empate porque defendeu bem? O Vitória que - em especial na 2ª parte - esteve largos períodos sem sair do seu meio-campo? Que apenas criou perigo através de bolas paradas (com excepção a um remate aos 19')? Que apenas se limitou a povoar o meio-campo e a destruir jogo?
Realmente eu acho que anda tudo maluco. Eu posso dizer que ainda sou do tempo em que o "autocarro" à frente da baliza era mal visto. Hoje é "organização defensiva".
Eu ainda sou do tempo que o destruir jogo gratuitamente e sem vontade nenhuma de atacar, nem que fosse em contra-ataque era considerado jogar para o pontinho (Sim, eu sou do tempo do Beira-Mar do Vítor Urbano, com 3 centrais, dois laterais, 2 trincos, o Punisic e o Dino). Hoje é considerado estratégia.
Qualquer dia a falta de comparência deixa de ser estúpido e passa a ser parte de uma estratégia maior.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Portugal, Portugal... Do que é que estás à espera?

Mais uma participação num grande certame e mais uma vez a história da cabeça erguida, do orgulho e do profissionalismo. Quando não fazemos figuras tristes (saltilho e Coreia-Japão), somos os abandonados à nossa sorte e pela sorte...
Não me levem a mal. Não ponho em causa a muy meritória participação portuguesa no certame que até excedeu bastante as minhas expectativas, mas a conversa já começa a dar náuseas a uma pessoa que perdeu o olfacto.

Vamos por partes e analisando friamente: Com um grupo daqueles (Alemanha, Holanda e Dinamarca), muito provavelmente, em 10 participações passávamos 1 vez, que foi esta.
Mas alguém acredita que se não fossem os problemas de egos e de paz podre dos holandeses - que sempre se acharam superiores aos outros, de tal forma que só em 88, lá conseguiram molhar o bico e com uma selecção do outro mundo -, passaríamos este grupo? Eu não só não acredito, como ponho bastante dinheiro nessa teoria.
Mas com os problemas alheios podemos nós e o facto é que, tirando no jogo com a Alemanha, que fomos demasiado subservientes, demasiado tempo (com o patrocínio do estado português), os dois jogos seguintes, fizemos o suficiente para vencer (e convencer) os respectivos jogos e por isso passámos merecidamente.
Nos Quartos, calhou-nos a República Checa que, com todo o respeito e já depois de, também ela, beneficiar de algum sobranceirismo russo, passando o grupo por entre os pingos da chuva, é uma selecção claramente em reconstrução, comparando com as selecções muito mais portentosas e fiáveis de certames anteriores. Com os checos fomos, acima de tudo, assertivos e vencemos com toda a justiça, passando às "meias" onde fomos derrotados hoje nos penálties por "nuestros hermanos".
E é basicamente no jogo de hoje que está o busílis de ser português (no desporto, porque na vida ainda conseguimos ser mais entrevados, mas adiante): Para a maioria dos portugueses, perder com a campeã da Europa e do Mundo nos penálties, não foi mau apenas à custa do epíteto que ostentam (dá-me náuseas este pensamento). Como se o epíteto ganhasse jogos ou como se o ganhar fosse herança. Para ser campeã a Espanha teve que disputar e ganhar os seus jogos. Pior: "Os espanhóis ganharam mas apenas nos penálties", como se os penálties trouxessem algum tipo de redenção da derrota ou algum tipo de alívio. Pelo contrário.
Confesso que o meu ódio a Espanha, principalmente no desporto mas não só, suplanta qualquer coisa de lógico. Não me perguntem porquê mas não gosto deles, nunca gostei, em nada. Se eu fosse do tempo da fundação, diria que não gosto deles desde que o Afonso deu um estalo na mãe e lhe disse: "Agora que me irritaste, vou por aí abaixo a bater nos mouros, pelo menos até Évora, só para veres quem é este menino. E não me contraries porque senão levas outra bolachada nos queixos" (há mesmo indícios que a conversa tenha sido assim, mas com os trejeitos da época que não sei reproduzir).

Nós não perdemos o jogo nos penálties. Perdemos ao achar que lá chegados, estávamos safos.
Apesar de achar que a estratégia não seria declaradamente essa (mal seria se fosse), é uma estratégia intrínseca no desporto português quando disputamos algo com alguém que tem mais predicados do que nós ou que, no limite, se impõe mais do que nós nesse desporto (veja-se o exemplo do hóquei: Não é por eles serem melhores do que nós. Nós é que olhamos para eles como se fossem e aí reside sempre o problema porque eles já perceberam isso.). É a estratégia dos pequenos, do tão célebre "jogar olhos nos olhos" e nós não temos necessidade disso. Perdemos hoje como perderemos sempre enquanto não forem tomadas medidas para fortalecer o desporto português.

Ao invés, os espanhóis, que já fizeram durante décadas as figuras de eunucos que agora nos calham, percebeu, nas diversas modalidades, que era na formação de excelência e na exigência que estava o ganho, mas a longo prazo. Semearam durante décadas e agora estão a colher os louros.
Mais, a própria Alemanha, detentora "apenas" de 3 campeonatos mundiais e 3 campeonatos europeus, com muitas finais perdidas pelo meio (é a equipa, se não me falha a memória, que tem mais presenças em finais) repensou todo o edifício do futebol, desde os escalões mais básicos da formação, até à Bundesliga, por ter feito 2004 e 2006 abaixo das expectativas e por precisar de renovar a sua selecção.
Nós, portugueses, fazemos o quê? Mandamos todos os defesos vir contentores de jogadores dos destinos da moda (agora é a América do sul para além do Brasil), muitos de qualidade abaixo de duvidosa e mandamos as nossas esperanças para o Chipre e para a Roménia, jogarem em ligas que pagam melhor, mas em que a competitividade é muito próxima de nula, fazendo com que a evolução dos mesmos seja igualmente nula.
O Sporting é um clube que (ainda) se preocupa com isso, ou não fossem os 12 (mais de metade) jogadores de formação leonina que esta selecção tem. Mas há que reconhecer que o futebol  em Portugal vai muito mal se apenas um clube lutar contra essa maré de estrangeiros que já começou a minar a formação. E até nisso o meu clube já está a começar a aderir às modas estúpidas.

PS: Em relação aos penálties propriamente ditos, há apenas uma coisa que sei de senso comum e esta vai directamente para o maçã podre que nem nos clubes por onde passou assumia a responsabilidade (e quando assumia, normalmente falhava) e mostra bem que o moço, apesar de bom jogador é parvo e mal formado (sem qualquer tipo de atribuição de culpas individuais): Depois do Patrício ter defendido o 1ª penálti espanhol, o 1º penálti português tinha que entrar. Desse por onde desse. Ao meio, nas pontas ou trespassando o Casillas.
E já o meu pai dizia: "Escolhes um lado e não mudas, independentemente do que acontecer. Remata forte e colocado, de preferência com a bola a bater na malha lateral.
Não há penálties defendidos, há penálties mal marcados. Um penálti bem marcado não tem defesa."
Parece cliché mas convenhamos: uma bola rematada a uma distância de 11 metros para tentar acertar num rectângulo de 7,32 de largura e 2,44 de altura, por um gajo que faz aquilo todos os dias devia dar golo em, pelo menos, 99% das chances. E dou o 1% de barato para todas as coisas que podem correr menos bem num remate de bola parada.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Quase uma época de sonho!

Há um pensamento que diz que "quem se dá à morte, normalmente morre" e foi exactamente isso que aconteceu ontem, no Jamor, ao Sporting.
O Sporting de ontem nada teve a ver com o Sporting que Sá Pinto nos foi habituando. Faltou quase tudo, para ser lisonjeiro. Faltou raça, abnegação, vontade, agressividade e consequentemente a pontinha de sorte que nas finais dá sempre jeito.
Antes do jogo, era só euforia e confiança e, no limite, até fazia sentido, visto que a Académica tinha feito uma segunda volta sofrível, só se safando do fantasma da descida nas últimas jornadas, enquanto que o Sporting tinha, por mérito próprio, recuperado alguma da sua dignidade com a entrada de Sá Pinto. A euforia e confiança podem servir para lançar um jogo que, seria sempre de festa para qualquer lado que pendesse, mas não podem servir, em momento algum, para a equipa repousar à sombra de uma vitória prometida, achando que ela, com mais ou menos dificuldade, acabará por nos sorrir.
As finais são para ganhar, diz quem sabe, mas para ganhá-las há que as disputar com tudo e não ser negligente na abordagem.
Há muita coisa que eu poderia pôr em questão, há lances duvidosos e erros grosseiros, mas de maneira alguma ponho em causa a vitória da Académica que foi, com as armas que tem, a única equipa a querer vencer o jogo. Marcou cedo, beneficiando da "lesão" do Polga e consequente desnorte defensivo e na entrada da 2º parte, embora partindo em posição irregular, o avançado da Académica podia ter "matado" o jogo com o 2º. O Sporting nunca teve engenho para encostar a briosa lá atrás, sufocando-a e nas poucas oportunidades que teve, voltou a não ter quem decida. Wolfswinkel não pode falhar golos como os que falhou ontem e noutros jogos decisivos. Parece brincadeira, mas o homem, apesar dos seus 25 golos esta época, falhou outros tantos... Ou mais! Há claramente matéria para um futuro próximo, mas um clube como o Sporting tem de ter um ponta-de-lança que faça golos hoje.
E, no fundo, a época verde e branca é pautada por uma palavra: Quase.
Quase que temos uma liderança forte; quase que temos uma estrutura vencedora; quase que lutámos pelo título; quase que vencemos a Liga Europa; quase que chegávamos à Champions e quase que vencemos a Taça de Portugal... No fim e fazendo as contas o resultado é zero!
Apesar de ser substancialmente melhor do que chegar a Novembro com as malas aviadas para férias, em todas as competições, continua a não ser suficiente num clube com a grandeza e historial do Sporting.
Há duas coisas de que o futuro eminente do Sporting depende e elas são a posição desta direcção em relação ao futuro próximo (eleições ou não eleições) e se esta equipa, no seu grosso, consegue transitar para a época que vem sem grandes mexidas. Se na primeira, apesar da incompetência com os resultados à vista, confesso que não vislumbro um cenário de eleições antecipadas e, mesmo que suceda, não vislumbro quem possa (e queira) dar o corpo às balas condignamente, na segunda parece-me que se o Sporting conseguir manter o grosso da equipa para a próxima época, com alguns ajustes necessários, terá com toda a certeza todas as hipóteses de fazer muito melhor do que este ano. Até porque não é especialmente difícil. "Basta" efectivar os quase títulos que andamos a apregoar há décadas.
Só em jeito de remate final, não me parece normal, com todo o respeito que a Briosa me merece, que o Sporting perca um troféu, que nas últimas décadas não abundam, por negligência.

domingo, 29 de abril de 2012

Glória para consumo interno

Confirmou-se. A semana europeia verde e branca foi um desastre. 3 meias-finais em futebol, futsal e andebol redundaram em iguais afastamentos das respectivas finais. A aliar a isso, uma aprovação massiva, em assembleia geral, de 2 empréstimos no valor de 120 milhões para uma fusão que deixará os sócios sem opinião e a SAD com a faca e o queijo na mão em relação ao clube.
Começando e focando apenas o futebol, porque não vi nem o futsal nem o andebol e nem me vou pronunciar sobre a AG, posso dizer em primeiro lugar que gostei da atitude da equipa. É justo dizer que o Sporting chegou onde poucos pensavam ser possível, mesmo após a subida de Sá Pinto à primeira equipa.
A equipa dedicou-se até à exaustão, lutou e foi completamente solidária,  mas isso, por si só, não vence jogos. Ajuda, mas não os vence e esta eliminatória foi prova disso mesmo.
Houve nesta eliminatória 3 situações, na minha opinião, que precipitaram o triste desfecho. A primeira e talvez mais importante, foi o Sporting não ter sido eficaz em Alvalade, o que fez com que, ao não aproveitar as inúmeras oportunidades que teve para "matar" a eliminatória, tivesse seguido para o país basco com apenas 1 golo de diferença, permitindo inclusive, contra a corrente de todo o jogo, o golo que "apurou" os bascos.
A segunda prende-se com o primeiro golo dos bascos em San Mamés, porque é claramente precedido de falta grave o que permite que os bascos marquem cedo e ganhem balanço, ainda que o Sporting tivesse respondido muito bem a esse golo.
E a terceira, talvez mais definidora da 2ª mão foi, depois do Sporting a 2 minutos do fim da primeira parte ter empatado, consente o empate de uma forma displicente na jogada seguinte, ainda antes do intervalo. Penso que aí esteve a chave da vitória dos bascos na 2ª mão e consequente passagem à final.
Voltando ao princípio, o Sporting deu tudo o que tinha, que neste momento apesar de ser muito, é pouco, porque a equipa está mal trabalhada fisicamente e o treinador recém-chegado não tem condições para mudar isso esta época. A segunda parte foi disso prova. Assim que o Sporting teve necessidade de recuar, com os bascos a jogar com 12 (11 + público) e mais 3 ingleses - minha opinião -, nunca mais teve capacidade para esticar o jogo, de ter bola e, consequentemente, de discutir o jogo.
No fundo, o Sporting foi decaindo em toda a segunda parte, física e animicamente. Se em termos físicos se percebe, à luz de ter jogado muitos jogos seguidos nos limites, animicamente não se percebe tão bem, embora pela forma como decorreu o jogo em San Mamés se possa ter um pequena (enorme) pista. Correr 90 minutos num campo muito complicado, é extremamente difícil. Com este inclinado, manda abaixo qualquer um, por mais abnegado que se seja e aí o "óscar" vai para... Martin Atkinson. Desde o primeiro minuto que tudo permitiu aos bascos e nada permitiu aos lisboetas. As entradas dos bascos foram sempre a roçar a violência (como a que redunda no primeiro golo) e amarelos nem vê-los. Aliás, só para se ter uma noção da qualidade do árbitro que, ainda o fim-de-semana passado validou um golo-fantasma na premier league, todo o meio-campo basco estava em risco para a final e irão todos jogar a final, mesmo após faltas grosseiras. Sintomático.
Por outro lado, à primeira falta dos leões de Lisboa, amarelo. Foi assim com Wolkswinkel e foi assim com Carriço, por exemplo. A falta de critério foi tal que na segunda parte, há largos períodos em que qualquer disputa de bola no meio campo basco redunda em falta, sendo ou não efectivamente. Assim que o Sporting passava o meio-campo, falta!
Pode mesmo dizer-se, apesar da vitória em Alvalade, que a eliminatória esteve inquinada desde início, pois só para dar um exemplo, o atleta basco que fez o golo em Lisboa, é o mesmo que minutos antes e já com 1 amarelo, tem entrada duríssima sobre Capel.
O ostracizado basco fica em campo, quando devia ter sido expulso. Se o fosse, com toda a certeza já não faria o golo. Já em San Mamés, se o árbitro tivesse marcado aquela falta, como devia ter feito, os bascos nunca fariam o 1º golo naquela jogada. Já estamos, portanto e muito redutoramente a falar de 2 golos irregulares, cada 1 à sua maneira.
Para além disso o Sporting é clube sem grande estrelinha. Mesmo quando se empenha e dá tudo, nas grandes decisões as coisas tem uma tendência assustadora para correr mal. Convenhamos, sofrer 2 golos nos descontos, um da 1ª e outro da 2ª parte é obra só ao alcance do Sporting, seja por culpa própria ou alheia.
No entanto, essa falta de estrelinha dá à glória o verdadeiro brilho, porque é com grande esforço, enorme dedicação e uma devoção a toda a prova que as vitrines do museu estão repletas de provas tangíveis.
Em Bucareste, dia 9 de Maio, devia estar o Sporting, porque no conjunto dos dois jogos foi claramente superior (em Lisboa foi na totalidade do jogo e no país basco, repartiu a primeira parte e "deu" a segunda), mas foi traído pela inexperiência de alguns miúdos e pela inépcia de alguns graúdos, mas a glória moral fica connosco e connosco permanecerá sempre, porque amanhã o mundo não se vai lembrar que caímos de pé.

PS: Relembro, a todos os invejosos que durante os dias seguintes têm brincado com a nossa derrota, o seguinte: Para perder como para ganhar seja em que eliminatória for, é preciso, em 1º lugar, lá chegar e esse mérito é inalienável. Ter 3 modalidades a disputar as meias-finais das respectivas competições europeias, só está ao alcance da maior potência desportiva nacional que ainda por cima vive uma das maiores crises financeiras e de identidade da sua história centenária.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Eu sou Abril (não devíamos ser todos?)

Hoje nasci e amanhã quero crescer.
Não quero viver a morte lenta imposta a quem não se impõe, não grita, não chora e não luta. A letargia é já vício nacional na rotunda negligência do pensamento.
Sou e sempre serei Abril. Para mim, o significado é duplo, pois foi o despertar individual, na doçura juvenil, para ideal colectivo que foi sendo assimilado e maturado que hoje, mais do que nunca, se enfatiza.
Mesmo que não sirva para mais nada, sirvo, no limite, para lembrar que nem sempre fomos destituídos (seja na nossa própria limitação, seja na forma como nos tiram tudo), que nem sempre fomos ultrapassados, que nem sempre nos deixámos atropelar pela inevitabilidade do abismo. Sirvo, no limite, para nos lembrar que podemos mudar, que devemos evoluir e não sucumbir ao facilitismo da nossa própria tragédia. Sirvo, no mínimo, para ser livre, honrando os valores da liberdade.
Hoje nasci e amanhã vou crescer, porque eu sou Abril!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

And Now... for something completely different and yet completely similar

Quem não se lembra do "And now for something completely different"? Pelo menos eu lembro-me e fazia todo o sentido sem fazer sentido nenhum. Quem não conhece a frase e o que ela representa (normalmente 1 hora da mais hilariante comédia) que procure os registos de notariado. Adiante.

Hoje falo-vos de uma história de poder, de inveja e de jogos de bastidores.

A trama passa-se entre Paul Peartree Cristobal (PPC) e Ron Paul Figgerhead (RPF), com Louis Goodwin-Lopez (LGL) como intermediário e conta-nos a história de dois membros de um circo que, por terem direcções diferentes, se encontram desavindos, levando o presidente da direcção Goodwin-Lopez à (quase) loucura, mesmo em alegada ignorância.
Paul Peartree Cristobal, de ascendência sul americana, visto que o seu trisavô era descendente de aztecas, incas e espanhóis, é um ex-polícia frustrado, expulso e ostracizado pela força por conduta imprópria e que toda a vida sonhou abraçar a vida circense. Cumpriu parte desse sonho ao ser convidado pelo presidente da direcção do circo para trapezista, cargo em que é apenas sofrível, apesar de, no fundo, querer construir mais mastros debaixo da tendo, tentando aumentar assim o vão e consequentemente o espaço.
Por outro lado, Ron Paul Figgerhead, um palhaço em ascensão, chegado também ele há pouco tempo à actividade circense, com passagens mais ou menos frustrantes por várias casas de strip um pouco por todo o país, como bidon de despejo, aparece no circo como ajudante de palhaço (battatton partener, em francês) e pouco depois, beneficiando da reforma por invalidez do palhaço Barba Rossa, sobe na carreira batatoonesca, para a qual está completamente desfasado. Apesar do desfasamento e queda para a actividade, Figgerhead é astuto e move-se em terrenos pantanosos, conseguindo através de uma concertada palhaçada minar os caminhos de todos os artistas circenses que se lhe atravessem à frente, sempre sorrindo para o seu presidente, Goodwin-Lopez, enquanto palita os dentes com uma chave de fendas.
Louis Goodwin-Lopez, por sua vez, é uma magnata Australo-Peruano da indústria naval de luxo, que se meteu no negócio circense, em primeiro lugar para receber os apoios estatais dados à actividade circense, sendo procurado pelas fiscalizações de 176 países e depois porque era um negócio que convinha ter como fachada, para desenvolvimento de outros assuntos mais prementes.
Segundo se sabe, apesar das inúmeras trafulhices, Goodwin-Lopez não estará a par do que se passa entre Cristobal e Figgerhead e isso poderá despoletar o cair da fachada circense que o presidente tem para lavagem de dinheiro, lavagem de carros, lavagem de roupa suja e lavagem de fornos industriais com jacto de areia.
Cristobal terá, alegadamente e unilateralmente, aliciado um fiscal camarário de seu nome Asterisco Obelisco para tirar dividendos líquidos do aluguer do terreno, pondo-se em vantagem em relação a outros circos, que ofereciam mais e até em relação a uma feira de ciganos que ameaçava a família do fiscal em causa. Instruiu um elefante da sineta do Jardim Jaleca de modo a que este fosse depositar o numerário numa dependência fora do concelho.
No próprio dia, o canhoto do depósito foi deixado em cima do baú de arlequim de Goodwin-Lopez, com outros artigos pertinentes da trama, como uma corneta de plástico magenta, um papa-formigas empalhado ou mesmo uma ferradura de burro do cigano da Venda da Gaita.
Assim que se descobriu que aquele (e não outro) elefante tinha depositado dinheiro naquela dependência, já depois da polícia ter feito uma investigação preliminar ao fiscal Asterisco, percebendo que o envolvimento seria nulo, a investigação virou costas e pôs-se em marcha na direcção de Cristobal.
No exacto momento em que é indiciado, Cristobal renuncia ao seu sonho de criança e, durante três dias, desaparece do circo, sendo dada como desaparecida uma foca amestrada em seu lugar, mas depois vacila, reaparece, treme dos pulsos e pede readmissão, chorando compulsivamente pela sua mãe alentejano-hebraica.
Mal formado (tanto intelectualmente como fisicamente), Figgerhead, apercebe-se da fragilidade do sul-americano com ligações aos pólos planetários pelo sangue de boi almiscarado e, entre sorrisos e servidão intelectual, arranja um esquema para, afastando Cristobal do seu sonho, conquistar-lhe o lugar, subindo assim ainda mais na hierarquia circense.
Goodwin-Lopez, apanhado de surpresa pelo vendaval de parvoíce em que este texto é pródigo, aceita a renúncia de Cristobal, pensando que o circo e todas as actividades a coberto do mesmo ficariam a salvo. Quando percebe que isso dificilmente acontecerá, mete os papéis da reforma antecipada, fragilizando-se ainda mais perante a hierarquia, na esperança de sair do país numa traineira chinesa. Acaba por ter azar porque o Governo acabara, horas antes, de aprovar a lei que proíbe as reformas antecipadas com efeitos retroactivos.
Figgerhead esfrega as mãos. O circo está montado para ele e o holofote já está ligado. Apenas falta um pequeno passo para pôr o verdadeiro batatoon (ele próprio) no centro das atenções e do poder máximo.
Mas Cristobal força a porta , força os cortinados de cetim aveludado por trás dos sofás de flanela roxa e, ao urinar os cortinados da cozinha do circo, não só marca território, como força a  readmissão, não enjeitando para isso a excelente relação que tem com Goodwin-Lopez. É numa reunião entre todos os artistas, direcção, animais e até alguns transeundes, que aprova a readmissão de Cristobal.
Figgerhead retira-se da reunião a meio, frustrado com o passo atrás e com a sua própria incapacidade intelectual para conquistar a vitória, pois, durante os dias que antecederam a reunião magna, foi depositando pistas incriminatórias em vários locais sugestivos. Perante a careca que deixou exposta, sabe que o seu futuro de palhaço, neste circo, ficará comprometido, obrigando-o a mudar-se e começar a escalada de novo. Sabe que o próprio Cristobal encarregar-se-á de o efectivar, entre insultos fraquinhos e outras cabalas menores.
Mais tarde saber-se-á que Cristobal, sob a capa de trapezista, espiava todo o circo, desde a lona da tenda até ao chão de terra batida (de morango), passando obviamente por todos quantos privavam com esses dois elementos, tendo mesmo chegado a encomendar à Ambar um carregamento de pastas às cores com separadores incluídos, afim de tomar o poder, mais tarde ou mais cedo, através da chantagem.
Perceberá Goodwin-Lopez a tempo a trapaça, tão preocupado que está em esconder o verdadeiro objecto da fachada que defende, ou fará parte da mesma?
Chegará Cristobal ao poder pela chantagem ou Figgerhead terá ainda uma palavra a dizer?
Não perca o próximo capítulo... Ou então não.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Circo Cardinal(i)

Hoje acordei com a notícia de que Paulo Pereira Cristóvão (PPC) foi reintegrado como vice-presidente em plenas funções e pergunto-me - com aliás o tenho feito com alguma regularidade no último ano - que Sporting é este que não reconheço?
Voltando um pouco atrás, ao que parece, tudo começou com a tentativa de incriminar de corrupção o assistente José Cardinal. O que se sabe é que PPC instruiu um seu assalariado para se deslocar à Madeira e depositar na conta do assistente 2000 euros em dinheiro, sendo que depois, seria entregue em carta anónima uma denúncia do caso, em Alvalade, que despoletaria todo este processo.
José Cardinal foi investigado, mas rapidamente a PJ deve ter percebido que o envolvimento do assistente não era consistente e apontou os holofotes da investigação para o outro lado.
Ao recuar no tempo e pedir a imagens da dependência bancária, bem como o cruzamento dos dados do voo para a Madeira, percebeu que quem aparecia era Rui Martins, um assalariado de PPC com ligações à JUVE LEO. Somar dois e dois não é difícil e facilmente chegaram ao então vice-presidente do Sporting.
Ao ser indiciado, pede -  e muito bem -  a suspensão de mandato, prontamente aceite pela direcção, por proteger os superiores interesses do Sporting, mas poucas horas depois volta atrás com a decisão pressionando a direcção para "admiti-lo" de volta.
Hoje, após reunião da direcção de ontem, foi readmitido com plenas funções.

A readmissão de PPC enquanto vice-presidente é uma machadada no nome do Sporting e na própria direcção, já muito fragilizada. Não faz absolutamente sentido nenhum que a direcção readmita um vice-presidente que está indiciado num processo-crime ligado justamente ao core business do clube.
Apenas faz sentido à luz da existência de conluio entre as partes e, nesse caso, como em qualquer um dos casos, a única via desta direcção é a demissão.
Mais: A ser verdade que PPC não só expiava árbitros, dirigentes e jogadores, mas a própria direcção de que fazia parte, a readmissão ainda se torna mais inacreditável.

Para mim uma tristeza, como sócio deste clube que nunca, nos seus 106 anos de história, tinha visto o seu nome envolvido neste tipo de casos, que esta direcção, depois do annus horribilis que nos proporcionou, venha agora e mais uma vez defender o indefensável, sistematicamente pondo os superiores interesses do clube atrás dos interesses e agendas pessoais de cada membro eleito.
Para mim, como sócio, hoje como há um ano atrás, a esta direcção só resta um caminho: A demissão. Se restassem dúvidas, hoje foram completamente dissipadas.

terça-feira, 10 de abril de 2012

O paradoxo de crescer, recuando

Durante toda a semana ouvi comentários de supostos entendidos na matéria a dizer que, apesar de ser ser um teste difícil o Benfica tinha mais opções, mais isto, mais aquilo e que com mais ou menos dificuldade deveria vencer em Alvalade. Alguns houve que até foram mais longe reforçando ou, pelo menos, dando a entender, que o Benfica, pela sua qualidade, faria uma espécie de passeio em Alvalade.
Como sportinguista, mas acima de tudo, como amante do desporto e seja em que modalidade ou clube for, fico estupefacto quando a mediocridade profissional e soberba clubística roçam a falta de respeito por instituições como a do Sporting que, tem feito mais do que qualquer outro clube (não é opinião, é facto) pelo desporto português.
Quem jogou à bola ou praticou qualquer outro desporto colectivo sabe que  por o serem, as melhores equipas, com melhor plantel, com mais opções, antes de vencerem os jogos e os títulos têm de os disputar e que, de uma forma muito redutora, acabam por ser 11 contra 11. Nem mais, nem menos. O ser melhor, em teoria e estatística não é condição "sine qua non" para vencer o que quer que seja. Se assim fosse a própria competição nem faria sentido.
E ontem foi isso que aconteceu e só não é mais estrondoso o resultado porque, em vez de São Patrício, como era antevisto quase pela generalidade da imprensa "especializada", houve Santo Artur. E muito.

O Sporting percebeu, para este jogo, duas coisas fundamentais, na minha opinião. A primeira prende-se com o facto de que era ao Benfica quem cabia pegar no jogo e a segunda prende-se com o facto de, jogando mais compacto e agressivo, para além de retirar espaço de progressão ao Benfica, entregaria a iniciativa do jogo a jogadores que não têm essa função, esvaziando a capacidade de construção rápida da equipa encarnada. No fundo, dando um falso passo atrás, obrigando o Benfica a expor-se mais, cresceria e em contra-ataque, saindo ora por Capel, ora por Izmailov, ora por Matías podia decidir o jogo, nunca necessitando de perder organização.
A bem dizer foi esta lição de humildade que, deixando a grandeza (que é nossa por direito) e a soberba de jogar em casa, adoptando uma posição mais pragmática e realista, começou a desenhar a vitória.
O Sporting faz apenas 1 golo, de grande penalidade, mas podia, principalmente na segunda parte, com o jogo mais partido e tendo um avançado mais "batido" (O Liedson teria chamado ao jogo de ontem um figo), ter feito um resultado pornograficamente histórico, se atendermos ao que foi vendido durante a semana e à qualidade teórica das duas equipas. Apenas Artur, em noite inspiradissíma (em contraste com Wolfswinkel) e a trave permitiram ao Benfica, ontem, sair de Alvalade com uma derrota apenas lisonjeira.

Uma palavra para Sá Pinto e com toda a justiça: O final de época que o Sporting está a fazer, longe de ser fantástico, tem sido à imagem do próprio enquanto atleta: pragmático e alicerçado em muita humildade, muito trabalho e abnegação. A equipa é solidária, não tem medo de trabalhar colectivamente e assume a discussão de qualquer contenda como missão. Para além disso, a sagacidade e a capacidade de análise do ainda jovem treinador do Sporting, tem valido, por si só, maior confiança da equipa nas conquistas.
Ontem, assim a brincar, o "há apenas dois meses e meio treinador principal" deu um banho táctico ao decano treinador encarnado, auto-intitulado mestre da táctica.

Apenas uma nota para Jorge Jesus e no seguimento da ideia veiculada em relação a alguma imprensa: Quando não se sabe ganhar, denegrindo todos os outros nas vitórias, muito dificilmente se sabe perder. Ontem, depois da palhaçada da "se a minha avó tivesse colhões, muito provavelmente seria o meu avô", relativamente a um suposto penálti ao minuto 1, ainda diz, minutos depois, que a melhor oportunidade da 2ª parte acaba por ser do Benfica. Nem vou comentar e apenas faço minhas as palavras do Manuel Machado: " um vintém é um vintém e um cretino é um cretino".
Tirem as ilações que entenderem.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Nas luvas de Rui Patrício

Há alguns anos, ainda com Paulo Bento no comando, quando este jovem, de nome Rui Patrício, subiu à primeira equipa que lhe auguro um futuro promissor e sustentado. Desde o primeiro momento que sabia que tinha todas as condições (assim o deixassem evoluir) para ser um dos melhores guarda-redes da Europa. E não tem a ver só com o ser do Sporting. Tem a ver essencialmente com as características e qualidades intrínsecas do próprio atleta. Obviamente que nos primeiros anos, fruto da sua juventude e falta de maturidade competitiva, foi cometendo alguns erros, mas, para mim, os erros não apagavam minimamente a enorme qualidade que um "puto" de 20 anos demonstrava num lugar tão específico e escrutinado como é o lugar de guarda-redes.
Hoje, passados alguns anos desde a sua chegada à primeira equipa, é efectivamente um guarda-redes de mão cheia, daqueles que dá pontos, eliminatórias e títulos. Fundamentalmente porque soube ser humilde e evoluir em aspectos que não dominava tão bem, e especializar-se ainda mais nos aspectos em que tinha talento. Prova disso é que o Sporting já não treme pelo seu guarda-redes, e mesmo que o faça em relação à sua defesa (não tantas vezes como num passado recente, felizmente), Rui Patrício tem sobrado em confiança. Ele é saídas rápidas aos pés dos avançados, ele é defesas espectaculares entre os postes, ele é técnica superior em tapar os ângulos com a chamada "mancha" e até nos cruzamentos, a grande pecha de Patrício no passado, hoje, é uma mais valia. No fundo, o talento aliado a muito trabalho de melhoramento em aspectos menos conseguidos, impôs-se definitivamente e o Sporting é o primeiro beneficiado dessa evolução.
Ontem assistimos a mais um festival de Rui Patrício. É absolutamente vital na conservação do resultado da primeira mão, na primeira parte, com 3 ou 4 grandes defesas e na segunda, embora tenha sofrido um golo, defende superiormente um penálti e ainda transmite enorme segurança à defesa, "dizendo" claramente à equipa que não seria por ele que o Sporting seria eliminado.

O Sporting não jogou bem, muito longe disso, e na minha opinião sofreu desnecessariamente num jogo em que podia e devia ter conservado a bola melhor e durante mais tempo. O que aconteceu foi exactamente o oposto. Uma equipa a acusar em demasia a responsabilidade e a perder bolas com demasiada facilidade.
A primeira parte foi de expectativa. O Sporting deu demasiada bola ao Metalist, que tem, de facto e do meio campo para a frente, uma excelente equipa e defendemos demasiado em cima da nossa área. Isto aliado ao facto de nem André Martins, nem Schaars, nem Matías e nem Izmailov conseguirem pegar no jogo, o Sporting foi completamente dominado durante os primeiros 44 minutos, sem que houvesse vislumbre de mudança.
Até que, do nada e apenas na 2ª vez que o Sporting chega à área contrária, Capel inventa um cruzamento (assustador é perceber que é com o seu pior pé e, de facto, sai um cruzamento com conta, peso e medida) e Wolfswinkel inventa um golo, mesmo à beira do intervalo. Melhor tónico que este, impossível. Os ucranianos teriam assim, para pelo menos igualar a eliminatória, que marcar dois golos.
Para a segunda parte, o Sporting recua mais, tenta concentrar linhas, mas, sem que desse para perceber se estava a resultar ou não, o Metalist desfaz a vantagem logo na entrada, já depois de quase a desfazer numa inacreditável desatenção da defesa.
Sá Pinto mexe, tira Matías que nunca se encontrou verdadeiramente e mete Renato Neto, fixando a posição 6 e dando mais músculo à intermediária defensiva. Adiantou André Martins para 10 e povoou melhor o meio-campo. Antes que se pudesse, mais uma vez, ver resultados da mudança, o Metalist beneficia de um penálti muito discutível. O Sporting tinha a eliminatória em risco, porque se o Metalist marcasse, igualava o resultado de Lisboa e deixava tudo em aberto para os últimos 20 minutos. Rui Patrício volta a gritar, a plenos pulmões, "presente", defendendo o penálti e a eliminatória. O Sporting suspira de alívio e a partir daí o jogo, propriamente dito, acabou.
Sá Pinto promove mais duas substituições. Troca André Martins por André Santos, fecha ainda mais o meio-campo e troca Capel por Evaldo, fechando claramente o lado esquerdo. O técnico do Metalist, ainda tentou, metendo a carne toda no assador, mas não mais o Metalist conseguiu criar perigo eminente.

Na eliminatória com o City o Sporting foi superior em 150 dos 180 minutos, acabando por, nos últimos 30 quase deitar tudo a perder, por um assomo de identidade de última hora dos ingleses, fazendo jus ao astronómico orçamento, mas nesta eliminatória o Sporting teve mais fortuna do que pode augurar. Em Alvalade, deixou para a segunda parte as despesas do jogo, mas recuou demasiado cedo, convicto na vantagem de dois golos e ontem deu demasiado jogo a uma equipa perigosíssima e que, na minha opinião, tal como mostrou na 1ª mão, bem pressionada teria cometido mais erros, fazendo com que não se sentisse tão confortável no jogo como ontem se sentiu. Valeu-nos Rui Patrício, tanto na eliminatória com o City, como na com o Metalist e espero que nos valha sempre, mas claramente o Sporting tem obrigação de fazer mais, ter mais bola e não recuar em demasia. Tem jogadores para isso.

Na Liga Europa, segue-se o Athletic de Bilbau, do "louco" Marcelo Bielsa, um dos treinadores de que mais gosto. É uma equipa portentosa, apesar de ter a suposta condicionante de só jogarem bascos. O Sporting tem que fazer um excelente resultado em casa se quer aspirar a passar à final, porque o ambiente em San Mamés é simplesmente infernal.
Inteligentes, pragmáticos, mas a assumir aquilo que há para assumir, até porque na minha perspectiva, dar bola a um adversário destes, pode mesmo ser a morte do artista.

Apenas uma nota para o jogo de Leiria: Jogo fraquinho em que o resultado, apesar de inteiramente justo, acaba por ser a única nota de destaque. O Sporting está claramente focalizado na Liga Europa.

terça-feira, 27 de março de 2012

Alimentar a utopia

Entre ontem e hoje, respectivamente 26 e 27 de Março de 2012, vi e li muitos fazerem um balanço do primeiro ano de gestão de Godinho Lopes à frente do Sporting Clube de Portugal. Fazer um balanço de alerta de uma gestão inusitada parece-me sempre um bom exercício, sejam quais forem as intenções do mesmo. Penso, no entanto, que a gestão danosa que tem sido feita pelo actual presidente, bem como por toda a estrutura tem sido tudo menos inusitada e esse facto faz-me questionar os balanços anuais que agora proliferam um pouco por toda a parte.
A campanha eleitoral de há 1 ano mostrou, pelo menos para mim, ao que vinha essencialmente a lista de Godinho Lopes: Tomar todas as providências para apagar os traços negros do passado para a culpa do estado caótico não ter rosto, esvaziar o poder dos sócios e preparar a venda o clube a quem mais der. Pareceu-me na altura tão evidente como se percebe hoje. Basta ter estado atento às promessas e ao seu não cumprimento para, num par de meses mesmo para os mais incautos, se perceber que a ideia não seria governar o Sporting de dentro para fora, mas governar interesses externos dentro do Sporting.
Nem sequer vou perder tempo a abordar, em jeito de balanço, o que foi prometido e não foi feito, porque já o fiz durante o ano passou. Fartei-me de fazer balanços de alerta, de questionar acções e posições e o que me interessa agora é o futuro, porque o passado mais ou menos recente não se pode desfazer.
E o futuro do Sporting depende do que os seus associados, bem como os seus adeptos, estiverem dispostos a fazer.
Andamos há anos a alimentar a utopia de que o Sporting não vence, não se organiza e não se revitaliza por culpa de terceiros e de situações alheias ao próprio clube. É aí, porém, que me parece residir o verdadeiro problema do Sporting. Não estou a dizer que não haja - que há - factores que dêem uma ampla contribuição nesse sentido, mas a forma como o Sporting, institucionalmente, tem encarado os problemas graves é, no mínimo, de gente bipolar ou com grave deficit cognitivo. Basta fazer um rápido flashback pelo ano que agora passa e perceber isso.
O Sporting não vence, não se organiza e não se revitaliza enquanto for palco para todas as negociatas e interesses externos de alcance duvidoso; Enquanto servir de trampolim vitae para pessoas que nada acrescentam e  que nada eram até chegarem ao Sporting; Enquanto tiver como standart dos seus dirigentes a incompetência e a falta de liderança e enquanto quem subir ao poder não tiver espírito de missão de servir o clube em vez de se servir dele.
E os sócios são os maiores culpados (culpa essa que obviamente partilho), porque na sua grande maioria negligenciam estes e outros valores que fizeram do Sporting um clube centenário, vencedor e respeitado em troca da vitória a cada Domingo, moral ou efectiva. Preocupam-se mais em assobiar e criticar os árbitros e outros agentes externos do que pedir explicações efectivas às direcções e tendem a focalizar os ódios em inimigos externos quando, não raras vezes, o grande inimigo do Sporting está dentro do próprio Sporting.
Posto isto, só há um caminho a seguir, que aliás, na minha humilde opinião, peca por tardio, até porque, desde o primeiro momento que questiono a própria legitimidade deste "governo": Convocar um AG extraordinária, votar uma moção de confiança/censura a esta direcção e, em caso dessa mesma moção ser negativa a esta direcção, destituí-la e convocar novas eleições, porque aquilo que esta direcção mostrou em apenas 1 ano de mandato é que o seu respeito pelo sócio comum e pela sua representatividade no universo Sporting é pouco ou nenhum.
Este seria sempre o primeiro passo a dar, mas não pensemos que os passos ficam por aqui, porque os sócios têm de se capacitar, de uma vez por todas, que pagar a quota é um orgulho, mas também uma responsabilidade. Ser sócio não deve servir apenas para ir "ver a bola". Ser sócio dever servir para isso, mas também para ser massa crítica efectiva (que tanta falta tem feito), fazendo sempre uma avaliação do trabalho de quem gere a nossa paixão, porque deve ser das poucas coisas na vida em que pagamos (e não é tão pouco quanto isso) e temos, invariavelmente, ficado calados.
Ser sócio é ser como um filho do Sporting Clube de Portugal. Partilhamos o mesmo sangue verde, o mesmo amor e a mesma paixão. Podemos discordar, mas no essencial concordamos. Só temos é que focalizar essa ideia e força nas grandes questões e penso que parte do problema fica resolvido.
Sócio, o Sporting precisa de ti!

terça-feira, 20 de março de 2012

Setúbal repetido

O jogo de Setúbal foi mau, mau para o Sporting, mau para a arbitragem e só se aproveitou, desse jogo e para o Setúbal, o resultado. Ontem não foi muito diferente, apesar das evidentes diferenças.
O Sporting mostrou, nos primeiros minutos, incapacidade confragedora para assentar o seu futebol e, de repente, sem que o Gil Vicente tivesse contribuído muito para o facto, já que pouco ou nenhum perigo tinha criado, de um excelente remate do meio da rua, apanha-se a vencer. Se a estratégia bem montada de Paulo Alves era de contenção, essa estratégia redobrou com a vantagem.
A verdade é que o Sporting, a partir dos 20/25 minutos finalmente conseguiu impor o seu futebol e até final da 1ª parte encostou o Gil à sua área, sem no entanto conseguir fazer o golo do empate.
Na segunda parte, Sá Pinto, faz aquilo que lhe compete: Dá mais tracção na frente, no intuito de continuar o assalto à baliza gilista, mas depois "apareceu" Bruno Paixão.
O lance de Schaars prova mais uma vez que é muito fácil enterrar o Sporting, por ser tão fácil marcar o que quer que seja contra o clube. Num lance em que claramente a bola lhe vai à mão, fora da área, o Paixão que é - e sempre foi incompetente - extrapolou um penálti e respectivo amarelo. O lance é defendido por Patrício e no seguimento do lance, João Pereira - parece-me - mete mesmo mão à bola. A questão pertinente é que se não fosse marcado o primeiro, não existia o segundo, pelo que o erro crasso parece-me demasiado evidente.
O Sporting acusou o golpe mas lançou-se na discussão, sem grande discernimento, é verdade, mas ainda assim, com muita alma.
Já o Sporting fazia por se levantar e o Paixão decide, de novo, intervir decisivamente no jogo, praticamente gorando as possibilidades leoninas. Schaars, que fora mal amarelado naquele pseudo-penálti, volta a ser mal amarelado num lance em que faz falta, mas de todo a mesma é merecedora de amarelo. A entrada é imprudente, mas é um contacto de corpo com algum espalhafato. Mais grave foi a entrada assassina à perna de Xandão, ainda na primeira parte, que não mereceu sequer a marcação da respectiva falta, por parte deste pseudo-árbitro. Falta essa que, na minha óptica, seria merecedora de vermelho directo.
Há, portanto, "lances" a mais num jogo que até foi bem disputado e "rasgadinho". Ao Gil foram perdoadas duas expulsões e ao Sporting foram debitadas sem que houvesse qualquer razão, uma expulsão e um pseudo-penálti que dá origem ao verdadeiro e ao respectivo golo do Gil.
No fundo, falar deste jogo e não perceber que a influência do Paixão no mesmo foi decisiva para o desfecho, é premiar a estupidez, mas por outro lado, o Sporting também tem culpa - e muita! - no cartório, pela abordagem negligente que fez ao jogo e pela falta de, nos primeiros minutos, de postura competitiva coadonante com os seus pergaminhos e até com o que vinha fazendo.
Aquilo que eu acho fantástico é agora vir-se criticar o Bruno Paixão, pedindo inclusive a sua irradiação quando na altura de apoiar A, B ou C para o órgão A, B ou C o Sporting, institucionalmente, apoiou a lista do sr. Vítor Pereira, que tanto mal tem feito à instituição e já depois do boicote de início de época, por parte dos árbitros, ao Sporting, com o conluio e anuência de Vítor Pereira, então na Liga.
O Bruno Paixão é mau porque é incompetente com laivos de assoberbada estupidez, mas sempre o foi. E esta ordem de pensamento aplica-se também a Duarte Gomes, a João Ferreira, a Lucílio Baptista e a muitos outros. Árbitros que, claramente, devem ter algum problema com a instituição Sporting e que normalmente, por negligência, por incapacidade ou mesmo por vontade própria, nos prejudicam sem apelo nem agravo.

Mudando de assunto: O antigo jogador José Eduardo, ladeado por Ângelo Correia e por Virgílio Lopes, deu ontem uma conferência sobre o Sporting, presente e futuro, alertando para o estado calamitoso e apresentando algumas alternativas. É justo e é aquilo que muitos sócios fariam com toda a certeza se tivessem a visibilidade e disponibilidade de José Eduardo.
Ainda não li o manifesto, mas daquilo que li da notícia, José Eduardo afirma que houve muitas coisas bem feitas pela actual direcção. Aqui, penso que José Eduardo foi politicamente correcto, porque se analisarmos friamente os números, percebemos claramente, que esta direcção, em consciência, se pode orgulhar muito pouco do 1º ano de mandato.
Praticamente tudo aquilo que foi prometido aos sócios, não foi cumprido com todas as consequências que isso trouxe, como são o aumento do passivo, da dívida, etc. Desde o não recurso à banca; aos empréstimos obrigacionistas; à auditoria que serve apenas para limpar o rabo, tal a abundância de papel sem qualquer fim; às chorudas comissões pagas por transferências de jogadores de qualidade muito duvidosa e que pouco ou nada têm acrescentado (Rodríguez, Bojinov, Luis Aguiar); entre muitas outras.
Já para não falar nas centenas de episódios trágico-cómicos que têm acontecido sobre a égide desta direcção, como a dos corredores de acesso aos balneários ou das notícias "plantadas" pela Cunha Vaz e desmentidas pela própria Lusa, entre muitas outras.
Na minha óptica e só para dar um exemplo, a direcção, se defendeu Domingos como pilar essencial de um projecto de três anos, e o despediu ao fim de 9 meses, tinha que se demitir também, mesmo que isso criasse um vazio directivo, porque desta negligência, bipolaridade e incompetência estou eu farto.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O "milagre" de Manchester ou talvez não

Nota prévia: Estive ausente da escrita durante 3 jogos (City, Guimarães e City) por imperativos profissionais e tentarei, por isso mesmo e sucintamente, abordar o "bolo" dos 3 jogos.

O Sporting passou à fase seguinte da Liga Europa com distinção, porque conseguiu o verdadeiro "milagre" de transformar a negação do próprio embate, que muitos previam, em força motriz do sonho que hoje se realizou.
Sá Pinto não mudou tudo, mas mudou o essencial. Fez recuar a equipa, defendendo em bloco, soltanto os criativos e os extremos para aquilo que devem fazer - criar. Parece paradoxal, mas não é. A todos exigiu crença, combatividade e abnegação e passou-lhes a crença de que dando em excesso estes ingredientes, o talento natural de muitos dos jogadores do plantel, faria o resto. Como disse numa conferência de imprensa - ideia que subscrevo na íntegra - a alta competição é feita de 90% de trabalho e 10% de inspiração e o resultado, ou melhor, os resultados estão à vista.
Durante os primeiros jogos da sua "era", Sá Pinto não quis mudar o figurino deixado por Domingos. O 4-3-3, porém, exigia demasiado dos jogadores, já no limite físico e anímico e deixava, tanto o meio campo como a própria defesa mais expostos, sendo que os resultados, tirando Setúbal foram satisfatórios, mas as exibições deixavam a desejar. Notava-se, no entanto, maior entrega e alguns pormenores que, por si só, não faziam diferença, mas que noutra organização, poderiam começar a fazer.
O City vem a Alvalade e Sá Pinto, por força da própria equipa não render o esperado e, mais importante, pela valia do adversário, muda completamente o figurino. Faz recuar a equipa, povoa melhor o meio-campo e solta Matías atrás de Wolfsvinkel e o resultado da mudança não poderia ter sido melhor. O 4-2-3-1 tem o condão de juntar as linhas defensivas e de meio-campo, protegendo a verdadeira lacuna da equipa (a zona central da defesa) e fazendo com que a equipa ganhe mais bolas, endossando-a  rapidamente aos criativos Matías, Izmailov e Capel, nunca perdendo, mesmo quando ataca, o sentido posicional defensivo.
Em Alvalade, com o City, o Sporting fez um jogo inteligente e beneficiou muito da forma sobranceira como os ingleses abordaram o jogo. O resultado, por isso, não espanta. O 1-0 para além de justo era amplamente apoiado nesta nova ideia de jogo que parece agora florescer.
Passado esse fantástico jogo, o Sporting recebe o Guimarães e põe em prática, com algumas nuances, a mesma receita: equipa compacta, lutadora, soltando Matías e Izmailov para, cada um no seu posto, emprestar qualidade de posse e de passe e Capel para atormentar o lado direito das defesas contrárias, ganhando com isso, os últimos 30 metros que tanta falta têm feito nos últimos meses. Pé ante pé e com toda a justiça, o Sporting foi avolumando o resultado que se cifrou em 5-0.
Mas o verdadeiro teste tinha a data de hoje (ontem), depois de dois jogos em que o Sporting foi claramente superior, mas que, tanto num como noutro, o adversário cometeu erros de palmatória (não tiro o mérito ao Sporting por isso, muito pelo contrário, porque muitos dos erros de que falo foram potenciados pelo espírito de conquista da equipa). A visita a Manchester estava rodeada de expectativa, tanto de um lado como de outro, mas a verdade é que o Sporting superou o teste com distinção.
Uma primeira parte, a todos os níveis, excepcional, não oferecendo ao City a mínima hipótese de criar perigo real e, por outro lado, fazendo as despesas do jogo ao ritmo que interessava, culminaram com o resultado de 2-0, totalmente merecido, porque foi a equipa mais capaz, nunca perdeu a postura e juntou a isso enorme concentração defensiva e ofensiva. A segunda parte, porém, seria de grande sofrimento.
O Sporting até entrou bem, remetendo o jogo para a baliza contrária nos primeiros minutos, mas depois foi perdendo gás, à medida que Matías perdia o seu.
O City faz o primeiro golo aos 15' e o Sporting, ainda assim, não pareceu acusar muito o golo, respondendo bem, mas quando o City faz o segundo, ao 75' a partir de um penálti muito duvidoso, a equipa tremeu.
Tremeu e recuou, talvez em demasia, ficando à mercê, demasiado tempo, do sufoco inglês e o City acabou por, aos 82', fazer o terceiro golo, deixando a eliminatória num limbo perigoso.
O Sporting cerrou fileiras, juntou mais gente na "guerra" e abdicou completamente de uma coisa que parecia impensável fazer: Atacar. A equipa dava claros sinais de cansaço e optou, com muitos riscos, mas em meu entender bem (embora discorde da forma), tentar defender aquilo que tinha e que lhe dava a passagem à fase seguinte. Nos últimos minutos (de grande sufoco, diga-se), houve de facto muito jogo na área do Sporting, mas só no último lance da partida é que o City conseguiu criar, de facto, perigo, num cabeceamento do Guarda-redes (??) Hart, a que Patrício se opõe fantasticamente. A seguir o árbitro apita para o final e o Sporting vence a eliminatória com toda a justiça e mérito.
Apesar da excelente prestação do Sporting, nesta eliminatória, em 135/150 minutos mais descontos, a verdade é que os 30 minutos que faltam nesta equação podiam ter deitado todo o trabalho anterior para o lixo.
Uma equipa como o Sporting não pode duas coisas:
1ª- Desperdiçar 3 golos de vantagem. Nenhuma equipa do mundo consegue ganhar o que quer que seja a desperdiçar vantagem confortáveis destas. Ainda por cima com equipas com as soluções que o City possui.
2ª- Recuar tanto. Uma equipa como o Sporting, principalmente depois de ter banalizado o City em cerca de 150 minutos, não pode, em 30 minutos sonegar a sua própria identidade e começar a desconfiar de si própria. O jogo pedia, claramente, que o Sporting não tivesse medo de jogar em posse e mantivesse a bola em seu poder, até para enervar, como tão bem fez na primeira parte de Manchester, o adversário. Dar bola ao adversário, fez-nos recuar perigosamente e podia ter dado mau resultado.
Os últimos minutos mostraram que, a todos adjectivos que a equipa tem ganho nos últimos jogos, o Sporting juntou mais um: Capacidade de sofrimento "à séria". Já tínhamos visto algo parecido no jogo da Polónia, mas hoje foi sofrer a bom sofrer. Mas valeu a pena e se o Sporting tem ficado pelo caminho seria profundamente injusto, porque a esta eliminatória se aplica muito bem a história da formiga e da cigarra.
A minha palavra de apreço para jogadores, que foram inexcedíveis e para Sá Pinto (e toda a equipa técnica, naturalmente) que ilustra as minha palavras tão bem: Quem sente aquilo como poucos, não precisa de muito para ser feliz. O futebol, ao contrário do que muitos pensam, está todo inventado e não tem muitos segredos. O esforço, a dedicação e a devoção, com mais ou menos dificuldade, levarão sempre à glória. Imediata ou mais remota.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Cumprir a obrigação

Não me considero uma pessoa pessimista e por isso mesmo acredito que hoje (e sempre que joga) o Sporting conseguirá cerrar os dentes e fazer um jogo coadonante com a sua história, deixando-nos a todos orgulhosos, mas confesso que o adversário de hoje e, principalmente, o momento que o Sporting atravessa, desportiva e organizacionalmente, não abrem boas perspectivas para o embate.
Não é uma questão de pessimismo, antes de realismo e sejamos claros em relação a isto. O Sporting não tem jogado o suficiente para alimentar o sonho e tem falhado nesse particular com adversários menos cotados. É verdade que se vêem algumas diferenças, nomeadamente na disponibilidade e abnegação dos atletas, embora em Setúbal, apenas na 2ª parte, mas só isso - percebemos - não chegará, até porque o Sporting não consegue resolver o problema dos últimos 20 metros, neste momento, inexistentes.
O City, em contraponto, é uma equipa adulta, de alta rotação e com muitas e boas soluções que, por isso mesmo e com o mérito que se lhe reconhece, lidera a liga inglesa.
E o melhor Sporting pode não chegar para o pior (ou menos bom) City, mas é tácito que o inverso (se o melhor City jogar contra o pior Sporting) resultará, concerteza, em atropelo, ressuscitando fantasmas antigos.
Para vencer este jogo o Sporting tem de ser perfeito em todas as vertentes do jogo e esperar que o City tenha um dia menos bom. A juntar à perfeição, tem de haver muito esforço, dedicação e devoção e, mesmo assim, a glória não estará garantida. Mas mais importante do que vencer (que também seria simpático) seria o Sporting, finalmente, desabrochar da letargia exibicional que tem vivido. Nesse ponto este jogo será um bom ponto de partida para isso porque o favoritismo está todo do lado dos ingleses, libertando-nos da pressão dos pontos e da modéstia dos adversários.
No meu modesto entender, desde que o Sporting cumpra a sua obrigação histórica, honrando, cada atleta, a camisola que enverga, a situação será sempre de ganho, porque na verdade, o Sporting tem muito pouco a perder nesta eliminatória. Mas que isso não sirva para lascismos, porque do sonho ao pesadelo, a distância é curta e pesada.

PS: A rábula dos bilhetes para este jogo que se realiza a uma 5ª feira às 18 horas, é mais um (na ordem das centenas) dos episódios que mostram a incompetência desta direcção. Há sócios que não pagam, outros que pagam muito e outros ainda que podem beneficiar, de última hora, de uma promoção à la carte baseada na previsão de pouca afluência.
Como o Sporting tem jogado, juntando a isso a hora, sendo um dia de trabalho, a afluência nunca seria muita. Por outro lado com os preços praticados muitos dos sócios que, numa situação normal iriam, dando na SIC, preferem ver na comodidade do lar.
Gostava de saber quem é o "engenheiro" das obras feitas que tem estas ideias peregrinas. É mais outro escolhido a dedo.

domingo, 4 de março de 2012

Pouco Sporting, algum galo e muita gralha

Mais uma vez, com um interregno de 4 jogos, o Sporting volta a claudicar, desta feita em Setúbal. Não porque o Setúbal tenha feito um grande jogo - que não fez -, como a maior parte da comunicação social quer fazer crer, mas por culpa própria, com algum galo e com muita gralha, própria e alheia.
O Sporting entrou mal, deixou-se pressionar por uma entrada a todo o gás do Setúbal e nos primeiros 15 minutos foi completamente manietado. Nesse período o Setúbal chega à vantagem com um golo esquisito (a mim parece-me que, de facto, a bola está dentro, mas nunca saberemos ao certo), já depois de ter enviado uma bola ao poste, minutos antes. E aos 20 minutos, o jogo (digno desse nome) do Setúbal chega ao fim. Remeteu-se para a sua defesa, em vantagem, e defendeu como pôde essa mesma vantagem.
O Sporting, por seu turno, depois de uma entrada em jogo péssima, foi paulatinamente tomando conta dos acontecimentos, sem nunca, no que à primeira parte diz respeito, incomodar Diego. 2 remates desenquadrados, é francamente mau.
Na segunda parte tudo mudou, embora sem resultados práticos. O Sporting foi mais assertivo na circulação, nas jogadas pelos corredores e começou a encostar o Setúbal às cordas, que se limitava a destruir. Foi assim do minuto 46 até ao 94º. Pelo meio, muito jogo até aos últimos 20 metros, mas poucas oportunidades e, na minha opinião por dois motivos: O primeiro prende-se com o facto do adversário jogar praticamente com 10 jogadores dentro ou nas imediações da área, tapando todos os caminhos, à vez, para a baliza e o segundo, intimamente interligado com o primeiro, prende-se com o facto de ao ponta-de-lança (ou à zona de decisão) chegarem pouquíssimas bolas em condições. Juntar a primeira e a segunda é juntar a fome à vontade de comer, no que à equipa do Sporting diz respeito. Pelo menos tem sido.
A juntar a tudo isto, que já não é pouco, houve muito galo, na forma como, em algumas situações (não muitas) a bola não entra e houve ainda muita Gralha.
Não querendo desculpar uma exibição onde o Sporting tinha de fazer muito mais, é, para mim, tácito referir que há muitos anos que não via uma arbitragem tão má e com tanto prejuízo para o Sporting. Foram 94 minutos de decisões erradas, dualidade de critérios, excesso de zelo para uns e libertinagem total para outros.
Pode tentar mascarar-se esse facto com o que se quiser, mas que ela existiu, existiu! E se não tem influência no resultado, tem influência clara no jogo. A dualidade de critérios do sr. Gralha - que fez claramente jus ao nome - foi gritante, porque durante todo o jogo assistimos a entradas, muitas delas repetidas pelo mesmo jogador, sem que o árbitro tivesse uma posição de defesa do espectáculo. No lado oposto, a cada falta que marcava ao Sporting, invariavelmente, amarelava o jogador em causa.
O exemplo mais gritante disto e que atesta, clara e concisamente, o que acabo de escrever é a situação do lateral direito Peter Suswam, que é substituído placidamente aos 65, depois de fazer, pelo menos, 5 faltas passivas de amarelo (algumas até alaranjado). Aos 14 tem uma entrada duríssima sobre Capel e vê o primeiro amarelo; Aos 33 faz outra entrada duríssima sobre Capel e fica em campo;  Aos 39 empurra Capel dentro da área (seria penálti e expulsão) e o sr. Gralha poupa-o de novo ao considerar que Capel simulou a falta quando se vê perfeitamente o empurrão e poucos minutos antes de sair, faz mais uma entrada dura, desta feita sobre Matías, a que o árbitro, mais uma vez, fez vista grossa, não à falta que a marcou, mas ao amarelo. Tudo isto a juntar ao cândido e constante recurso às faltas por parte deste jogador. Se Peter Suswam acabou a primeira parte, muito se deve ao sr. Gralha.
Mas há outros lances que merecem a minha análise neste contexto. Para ironia das ironias, o penálti que o sr. Gralha marcou a favor do Sporting é exactamente aquele que não o é. Brincadeira ou consciência pesada do "xôr" Gralha? Fugiu-lhe a consciência para a compensação que é mais um atestado que os árbitros dão da premeditação que trazem.
Alguns minutos antes, há um penálti claro sobre Matías (é abalroado por Bruno Amaro), que o sr. Gralha, mais uma vez e placidamente, manda seguir, assim como a entrada assassina sobre o Capel, já nos descontos, feita pelo Bruno Severino, são apenas alguns lances de exemplo de uma arbitragem que devia figurar nos compêndios de "Exemplos de como inclinar um campo".
Não há desculpa para a paupérrima exibição do Sporting, principalmente na 1ª parte, mas houve demasiada "mão" do sr. Gralha para aferir que, se a arbitragem tem sido normal (quando digo normal é no limite do razoável), o Sporting perderia este jogo em Setúbal. Eu tenho dúvidas.
Agora, não me digam é que 2 penálties e 1 expulsão perdoadas à mesma equipa, não têm influência num jogo, porque isso é falacioso.

PS: Não ouvi ninguém por parte do Sporting (até à hora em que comecei a escrever este artigo) insurgir-se contra esta arbitragem, o que é profundamente estranho, visto que houve melhores  arbitragens (bem melhores), no passado, que foram alvo de crítica violenta o que me leva a pensar aquilo que penso desde que este "governo" assumiu funções: "O Sporting está entregue ao bichos".

PS1: É inacreditável que o Sporting não consiga efectuar um jogo sem que se lesione ou se indisponibilize, pelo menos, um jogador. Hoje foi a vez com Wolfswinkel, à custa de uma gastroenterite.
Nós sócios já não confiamos na direcção, temos muitas dúvidas em relação ao Dep. Médico. Não nos façam desconfiar também do cozinheiro...

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Antes pelo contrário

Como diria o saudoso Gabriel Alves, o Sporting não jogou nem bem nem mal, antes pelo contrário, mas ganhou. Pela margem mínima, é certo, mas ganhou. E as estatísticas não enganam. 4 jogos com Sá Pinto, 1 empate muito importante em Varsóvia e 3 vitórias consecutivas, numa altura, desportivamente, muito complicada. Mais: Não só deixou (até ver) de perder pontos para os 4 da frente, como até ganhou 5 pontos ao 1º. E em apenas 2 jornadas. Pode dizer-se que foi o 1º que perdeu pontos. Aceito, mas ao Sporting, apenas cabe fazer o seu papel, fazendo com essa elementar conduta, beneficiar dos deslizes alheios.
E tem ganho, a meu ver, não só os jogos, mas acima de tudo, uma equipa. Ainda é curto, tanto num caso como noutro, mas pelo menos é uma mudança que já se pode ver, para quem, obviamente, estiver disposto a isso.
Ontem notei mais um passinho (baby step) na evolução. A equipa conseguiu, durante um bom período, na primeira parte mostrar um futebol com alguma qualidade e que culminou na jogada (fantástica, diga-se) do golo de Izmailov. A intensidade aumentou e o Sporting (já) consegue imprimir uma pressão mais alta, mais à frente e durante mais tempo. A posse aumentou, assim como a qualidade da mesma, os remates também aumentaram e o Sporting já ganha muito mais primeiras e segundas bolas, na primeira fase de construção dos adversários, fruto dessa pressão sobre o portador que era negligenciada há bem pouco tempo. Tudo somado, quando ganhamos mais bolas e mais à frente, estamos sempre mais perto de, por um lado não sofrer golos e por outro ter mais chances de marcar.
Resolvendo então a questão dos últimos 30 metros, que não se avizinha fácil, porque muito dessa resolução depende da parte física, o Sporting resolve grande parte do seu jogo actual. Resolvidos que estão (aparentemente) os problemas da intensidade e agressividade competitivas.

Se desportivamente o Sporting recupera do coma induzido, estando já bem acordado, ainda que fortemente medicado, a nível da direcção este silêncio súbito causa-me estranheza e apreensão.
É minha convicção que a direcção do Sporting devia ter-se demitido aquando do despedimento de Domingos e por uma razão lógica: Domingos era um pilar fundamental de um projecto de 3 anos que, valha a verdade, poucos conheciam. Mais: Passa de fundamental a dispensável em apenas 24 horas, por suposta traição, que a Lusa (veiculou a informação em primeira mão) se encarregou de desmentir a fonte, ligada ao Sporting, em mais um episódio cardinalli. Mais ainda: O Acordo de rescisão contempla o pagamento de salário até Domingos arranjar clube, o que faz com que o Sporting, esteja neste preciso momento, a pagar a 3 equipas técnicas, o que demonstra que, num clube com grandes dificuldades financeiras, ainda há luxos que podem ser pagos.
Como se tudo isto (que já é assustador) não bastasse, há 9 meses de equívocos, de lesivas opções, de dezenas de promessas não cumpridas e de muitos outros tiros no pé e casos de polícia que, para além não terem qualquer explicação lógica (a não ser à luz da delapidação que é feita no clube há anos), não têm qualquer explicação por parte de quem tem contas a prestar aos sócios. Aliás, a rábula da auditoria externa, sem consequências, é bem o exemplo do desnorte a que esta direcção, desde o 1º dia, tem votado o clube.
O que se sabe é que depois  desse episódio circense (o despedimento relâmpago de Domingos), só ao alcance de artistas de circo consagrados, a direcção fechou-se em copas, não fazendo mais nenhuma declaração após a apresentação de Sá Pinto.
A medida nunca se estranharia num clube dito normal, mas olhando para o passado recente desta direcção, direi (com toda a certeza e propriedade) que estão a preparar alguma e em força. É um bocado como as crianças mexidas que, de um momento para o outro, deixam de se ouvir. Das duas uma: Ou aconteceu alguma coisa grave ou estão a preparar alguma que pode culminar em coisa grave. Nenhuma das duas é boa e por isso é que os sócios e adeptos têm que se manter vigilantes.
A recuperação da equipa era absolutamente imperiosa e está a fazer-se sobre a égide de Sá Pinto, nem que seja apenas para restaurar algum do orgulho perdido, mas essa evolução favorável não pode mascarar, de maneira alguma, os 9 meses de "desgoverno" de uma direcção medíocre, que a cada dia que passa (e agora com mais um balão de oxigénio chamado Sá Pinto) encosta mais o clube ao abismo.
Paulo Bento quando se demitiu do cargo de treinador, no seu jeito frontal, disse que cometeu um erro e que esteve, por isso mesmo, 4 meses a mais no Sporting. Godinho Lopes e "sus muchachos", digo-o eu, estão há 9 meses a mais no Sporting. E digo mais: Não sei como seria se o candidato em que votei ganhasse, porque não sou vidente, mas de uma coisa eu tive a certeza logo no momento: Godinho Lopes nunca faria parte da solução, mas sim do problema, como agora se constata.
É que com esta direcção a coisa está bem mais "preta" do que eu próprio perspectivava e eu até achei que estava a ser bastante pessimista, na altura.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Vencer para mais tarde convencer

Sá Pinto disse-o no final e, no fundo, já se consegue ver isso na equipa. Pediu que a equipa pusesse em prática o lema Esforço, Dedicação, Devoção para atingir a Glória e o facto é que nos últimos jogos, mesmo sem, em termos futebolísticos, deslumbrar (muito longe disso), a verdade é que a equipa tem demonstrado uma capacidade competitiva que desconhecíamos e que só é abalada pela menor capacidade física que cada elemento empresta à equipa.
Nesse aspecto, o jogo de ontem, tal como o de Varsóvia, foi particularmente exigente. A equipa polaca tem uma disponibilidade física e uma noção de competição impressionantes, capazes de "fazer corar" a grande maioria das equipas da Europa, mas o que lhes sobra em disponibilidade física, falta-lhes em capacidade técnica.
O jogo foi uma autêntica guerra, no bom sentido. Cada lance, cada bola, cada espaço era disputado como se do último se tratasse e isso emprestou ao jogo um ritmo bastante alto, mas retirou clarividência às duas equipas, principalmente enquanto o "pulmão" aguentou, para esticarem o jogo e criarem perigo.
A um início muito intenso dos polacos, nos primeiros 10/15 minutos, que nos chegaram a empurrar perigosamente para trás, quase conseguindo marcar num erro de cálculo de Rodriguez, respondeu o Sporting, libertando-se da pressão inicial, com maior qualidade de posse. Enquanto os polacos jogavam muito directo, o Sporting preferia trocar mais atrás, tentando abrir as linhas polacas, e sair com certeza, até porque o resultado da 1ª mão assim o permitia. Porém, faltavam 20 metros ao Sporting. Só nos últimos 20 minutos da 1ª parte, quase sempre pela direita onde Carrillo e João Pereira dão andamento ao corredor, o Sporting foi capaz de começar a incomodar efectivamente a defesa contrária. Do lado contrário Izmailov bem se esforçava por dar largura, mas não tem ainda andamento físico e nunca será um extremo de raíz. Dos polacos, tirando o erro de Rodriguez, pouco mais se viu, em termos atacantes.
A 2º parte muda um pouco o cariz do jogo. O Sporting entra melhor, mais afoito, mas mesmo assim não consegue esticar o jogo até à área contrária. O jogo continua na mesma toada de "guerra", mas, à medida que o tempo vai passando e os polacos vão perdendo frescura física, o jogo começa a ser (melhor) jogado no meio campo polaco e, como consequência directa, o Sporting começa a acercar-se mais da área contrária. Os polacos recuam e tentam o jogo ainda mais directo.
Nesta fase e apesar de não haver praticamente lances de golo em ambas as balizas, o Sporting está por cima do jogo e da eliminatória e está relativamente confortável, mas, em pouco mais de 5 minutos, é obrigado a esgotar as substituições. Com tanto tempo para se jogar, Carrillo sai com fadiga muscular, Rodriguez sai com um problema no joelho e Izmailov, ainda sem o ritmo ideal, sai também com fadiga muscular. Para os seus lugares entram, respectivamente, Capel, Xandão e Pereirinha.
Com cerca de 20 minutos para se jogar, duas coisas ficaram certas naquele momento: Quem estava em campo, teria de aguentar até final, tivesse ou não problemas físicos e se a coisa corresse mal, não haveria mais que se pudesse fazer do banco, senão mudar a estratégia.
Apesar de melindrado pela própria situação de perder 3 jogadores em pouco mais de 5 minutos, o Sporting continuou a controlar o jogo com mais ou menos dificuldade, até que, ao minuto 83, num livre de Matías, depois de mais uma falta ganha por Capel (que entrou bastante bem na partida, dando a largura que aquele flanco não tinha tido até aí), chega ao golo que "arrumou" a eliminatória. Com pouco mais de 10 minutos para jogar não era expectável que os polacos fizessem 2 golos e o jogo acabou por chegar ao fim sem mais sobressaltos. A vitória é justa, num jogo bastante intenso, mas sem grande qualidade futebolística. Vão-se o anéis, mas ficam os dedos.
Nesta fase é mais importante vencer. Vencer para depois (acredito eu) convencer.

O QUE EU GOSTEI
- Da atitude e do empenho da equipa do Sporting: Já dizia o Szabo que o futebol é 1% de inspiração e 99% de transpiração. Apesar de, em termos futebolísticos, o Sporting ainda estar a um nível baixo, mostrando apenas a espaços alguns pormenores, desde a entrada de Sá Pinto que se nota que a equipa ganhou nova alma e nova mentalidade competitiva.
- Da aplicação efectiva do trabalho de casa: As bolas paradas, toda a gente sabe, são uma mais-valia quando resultam, porque muitas vezes podem "desatar" o nó de um jogo que está complicado. Mas, para isso acontecer, tem de haver trabalho por trás, durante a semana. Desde que Sá Pinto entrou que o Sporting melhorou bastante esse capítulo (que já não era especialmente mau com Domingos, mas que funcionava muito à base da individualidade). Coincidência ou não, nos 3 jogos de Sá Pinto, outros tantos golos de livre e verdade seja dita que Carriço tem estado em bom nível, nesse aspecto, seja a marcar, como em Varsóvia, seja a estorvar, como em casa com o Paços, ou seja a simular, como ontem com o Légia.
Da melhoria que o banco representa: Na era Sá Pinto, as opções que saltam do banco acrescentam, de facto, alguma coisa ao jogo e o Sporting é quem mais ganha com isso. Mesmo aquelas opções que os sócios e adeptos normalmente torcem o nariz têm sido mais-valias.

O QUE EU NÃO GOSTEI
- Da exibição: Embora reconheça que é preciso algum tempo até a equipa assimilar os novos métodos de trabalho e apesar de já ter notado algumas mudanças relativamente ao futebol de Domingos, nomeadamente a exploração do jogo interior nos corredores, o próprio posicionamento de alguns elementos e a disponibilidade competitiva, o facto é que o futebol do Sporting é (ainda, espero eu) muito pobre. A equipa tem qualidade inegável, mas não consegue transpor isso para o jogo colectivo a não ser a espaços muito esporádicos. Acredito que, com aquisição da nova identidade e a mudança do paradigma descendente a que estava votada, assim como com os últimos resultados positivos alcançados, paulatinamente, as exibições mudarão.
- Do estado físico da equipa: Apesar da grande disponibilidade competitiva que, principalmente estes 2 jogos europeus, tem mostrado, a equipa está exausta (já estava há largos meses) e dá a nítida sensação que foi mal trabalhada nesse aspecto pela anterior equipa técnica. Melhorou-se bastante em termos anímicos, mas em termos físicos, terá de ser com trabalho de fundo que exige algum tempo.
- Das inúmeras lesões que todos os jogos acontecem: Com o Paços Onyewu e Rinuado, ontem Carrillo, Rodriguez e Izmailov. 5 lesões em dois jogos não augura nada de bom e só vem provar que, ou a equipa estava mal trabalhada, potenciando as lesões, ou o Departamento médico não dá conta do recado satisfatoriamente. Ou ambas. São casos a mais, em menos de um ano, para que se possa falar em azar. O mais assustador disto tudo é que a maioria dos lesionados é crónica, o que nos faz elevar os olhos para a direcção desportiva e questionarmo-nos em que condições foram adquiridos alguns jogadores e porque é que o Dr. Gomes Pereira foi, efectivamente, afastado. Dos 19 que chegaram este ano, se não me falha a memória, só Carrillo, Ínsua e Elias (dos que jogam com regularidade) ainda não estiveram lesionados. Tanto Rinaudo, Onyewu, Schaars, Wolfswinkel, Capel e Jeffrén, já deram entrada no "estaleiro" e alguns são "clientes" habituais.