sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Bojinov ou a vã glória de mandar?

Após o episódio de ontem e o comunicado oficial do Sporting de hoje, muito se tem falado de Bojinov. Não sei se era este tipo de publicidade que o búlgaro andava à procura, mas o facto é que tem, desde que chegou no último Verão, contribuído decisivamente para ela.
O problema é que este episódio serve apenas para, por um lado, mascarar o que está à vista de todos, que é a gritante falta de liderança, de organização e de respeito a que toda a estrutura se submete diariamente e que contribui decisivamente para que o Sporting não consiga afastar o permanente rótulo de chacota nacional e, por outro, com o comunicado, mostrar (ou tentar mostrar), de preferência com estrondo e alarde, exactamente o oposto.
A verdade é só uma e na verdade o que se passa no Sporting desde José Eduardo Bettencourt (foi ele aliás que abriu as hostilidades da falta de liderança) é o pavonear de uma vã glória de mandar. Nos cargos de decisão, dentro do clube, todos fingem mandar, todos falam com suposta propriedade mas, na verdade, não manda ninguém, porque ninguém assume responsabilidade do que quer que seja. Seja pelo aumento do passivo; seja pela auditoria; seja pela compra de jogadores, com comissões astronómicas, de qualidade muito duvidosa; seja pela venda de percentagens dos passes a um fundo nunca explicado, por valores completamente lesivos para o futuro do clube; seja pela fixação e exigência de objectivos; seja pela relva ou pelas exibições; etc.
O que vemos, constantemente, é um chutar para canto nessas e noutras questões, por parte de quem devia tranquilizar os sócios, quando aquilo que foi prometido, para chegar ao poder, foi exactamente o oposto do agora praticado.
Há clubes em que estão mais do que identificadas as pessoas que mandam e que, por inerência, assumem as responsabilidades. Para o bem e para o mal. No Sporting, há a fogueira das vaidades da praxe. Quando corre bem, é vê-los a aparecer em todo o lado, com peito feito e cheios de si. Toda a gente aparece e com o teclado à mostra, de preferência. Quando começa a correr mal, como é o caso, já não aparecem todos e os que aparecem apontam o dedo acusatório a alguém previamente destinado a ser o bode expiatório.
A paz podre não nasceu anteontem, com os malmequeres e deu origem ao caos, com o Bojinov. A paz podre está instalada, tipo cancro, há décadas. Já se disseminou por toda a estrutura e agora o mais difícil é erradicá-la.
O Sporting, enquanto clube grande, tem pouco tempo para emendar a mão. Ou lhe sai a "sorte grande" e, proximamente, "arranja" um Presidente competente, com sangue na guelra que se rodeie de gente com capacidade para resolver o problema, ou inevitavelmente, desce do pedestal e reenquadra-se noutro estatuto. Pelo menos no que ao futebol profissional diz respeito.
Não sejamos anjinhos em pensar que o BES, a ficar com a maioria (via VMOCs), quer o Sporting para alguma coisa. Pior: Não sejamos totós de pensar que o BES vai andar à procura de um Sportinguista samaritano. Quando tiver o clube nas mão, despacha-o para quem der mais e sem pestanejar.

PS: Apesar de sublinhar a teoria do bode expiatório, o Bojinov ou qualquer outro assalariado do Sporting não pode demonstrar a falta de respeito pelo treinador, colegas de equipa, dirigentes e sócios que o búlgaro demonstrou. Se ele tem uma "fézada", compre um bilhete da lotaria.

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