quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O campeonato está praticamente arrumado e a taça, para lá caminha

Nem sei por onde hei-de começar para definir ou adjectivar uma primeira parte com a de ontem. Quando uma equipa como o Sporting, jogando em casa, perante um Nacional, que é uma equipa perigosa, mas nada de especial e nos primeiros 45 minutos faz o seu primeiro remate com perigo ao 46º, acho que está tudo dito.
Mas vamos por partes. A equipa entrou displicente, coisa que se começa a tornar num hábito. Lenta a pensar, lenta de processos e com alguns equívocos do Domingos à mistura, como também tem sido habitual. E o primeiro equívoco, salvo melhor informação, foi feito antes mesmo do jogo começar, ao deixar Ribas na bancada, recém contratado avançado e que concerteza daria, pelo menos, mais uma opção de ataque.
O segundo equívoco, tem a ver com a pancada que o Domingos tem em encostar o Matías à linha, onde claramente não acrescenta. Domingos, com esta opção, faz o Sporting perder duas vezes na mesma opção, porque faz a equipa perder capacidade de definição no último terço, pelo meio, e não ganha uma extremo.
O terceiro equívoco é, claramente, Bojinov. E é um equívoco em toda a linha. Com o azar a bater à porta de Wolfswinkel, que nos últimos jogos também não tem sido nada profícuo, mas ainda assim trabalha em prol da equipa e com Ribas na bancada, "sobrou" para o búlgaro a "fava" de tentar acrescentar algo no ataque, coisa que não consegue em circunstância alguma. Ou se deixa antecipar, ou se antecipa, mas "embrulha-se" com a bola e perde a oportunidade, ou estorva a posição de um colega seu, ou ainda e mais grave, funciona (pelo menos ontem funcionou) como um verdadeiro terceiro central adversário. 35+2 minutos da primeira parte mais 45+5 da segunda de uma perfeita nulidade. Se o Nacional ficou com menos um a partir do meio da segunda parte, já o Sporting o fazia desde o minuto 11, embora se contassem onze dentro de campo.
Vamos ao jogo. A abordagem feita pela equipa do Sporting não podia ter sido pior. E quem tiver visto o jogo até aceita que o Sporting dominou a primeira parte, ou grande parte da mesma, mas foi sempre um domínio muito consentido e apenas até aos últimos metros, lugar onde normalmente se decidem os jogos. Tinha mais posse de bola, mas não criava um lance de perigo com conta, peso e medida. O Sporting jogava sereno, com uma calma quase olímpica, quase antevendo que o golo ou os golos apareceriam a qualquer momento. Do outro lado, como já se devia esperar, estava uma equipa à espreita, com jogadores rápidos, para pôr em prática aquilo que o Jesus chama de "contragolpe". Defendia bem, numa primeira fase e foi ganhando confiança para sair com perigo. E à medida que foram ganhando confiança, foram perdendo a vergonha e criando alguns lances de perigo antes do primeiro golo, à altura, totalmente merecido, pois estava a ser a equipa mais esclarecida e objectiva.
O segundo golo, num dos últimos lances da primeira parte e já depois de Domingos tirar o Renato Neto, para meter Carrillo, é um "hino" àquilo que um defesa com a experiência do Polga, nunca deve fazer. Tentar fintar, ainda que junto à linha, quando é o último defesa, é simplesmente estúpido. Tanto é estúpido que deu golo. E assim acabou a primeira parte.
Na segunda parte tudo mudou para melhor, o que também não era particularmente difícil. E começou logo por um emendar de mão, por parte do Domingos, do esquema. Ao ter tirado Renato Neto perto do intervalo para meter Carrillo e após o intervalo tirando Jeffrén, ainda sem ritmo, para meter Capel, finalmente o Sporting criou um pendor táctico mais ofensivo, como aliás, lhe competia desde início.
Reaproveitou o Matías para dez, dando os flancos ao flanqueadores (Carrillo e Capel) e fazendo recuar Elias e Schaars para uma posição mais defensiva.
O Sporting entra a todo o gás e cria, em dois minutos, mais oportunidades e perigo do que em toda a primeira parte. Sintomático do que estava para vir. Domingos trocou os extremos (um canhoto para a direita e um destro para a esquerda) na tentativa de, por um lado não bombear a bola para o ponta-de-lança inexistente e, por outro, dar uma segunda opção, mais interior de remate a cada um deles.
Encosta o Nacional à sua área, mas neste período, nunca conseguindo impor verdadeiro desconforto ao adversário. Pressionava mas não o suficiente e o tempo foi passando até que, numa arrancada, pelo espaço mais interior, Capel sofre uma falta à entrada da área para amarelo, que seria o segundo e consequente expulsão para o defesa madeirense.
A partir daí e em crescendo, o Sporting foi pressionando mais alto e chegou mesmo a sufocar em alguns momentos, chegando com naturalidade ao 2-1, que já fazia por merecer. A equipa galvanizou-se, empolgou-se ainda mais, mas também se partiu completamente. Jogava com 2 defesas 5 médios e 3 avançados, dois dos quais Onyewu e Elias... O assalto final em desespero. E desse desespero surgiu o melhor e mais profícuo período do Sporting, criando alguma situações de golo e chegando mesmo ao empate, golo entretanto invalidade por pretenso fora-de-jogo. O Nacional, com dez e perante o desespero adversário, não só jogava com o relógio, com ainda conseguiu criar dois lances muito perigosos.
O Sporting continuou em busca de um resultado melhor e no último lance, num livre lateral, o aniversariante Schaars, tira o coelho da cartola que faltava para finalizar um espectáculo com intensidade pouco habitual.

Notas a reter:
Domingos - Está provado que, quando as coisas não lhe correm de feição (ex: quando a equipa faz um golo nos primeiros 15 minutos), tem muita dificuldade em ler o jogo e tomar as decisões que se lhe impunham. Ontem para além da opção de deixar Ribas na bancada, volta a meter Matías à direita.
Bojinov - Começo a não ter adjectivos depreciativos para definir tamanha inépcia. Não contente por não ganhar uma bola a qualquer adversário, ainda faz por estorvar os colegas, quando em melhor posição. Ontem, inclusive, em dois centros milimétricos para a sua cabeça, o búlgaro, em vez de rematar à baliza, alivia para fora. Não acredito que seja tão mau assim, mas neste momento e perante o que tem mostrado, mau sou eu...O gajo é péssimo. Deixou o Sporting a jogar com menos 1 durante 79 minutos mais os descontos.
Polga - Eu sou um defensor acérrimo do central brasileiro, mas ontem tudo o que fez, fez mal. Um jogador com a experiência do Polga não pode dar erros de palmatória, como foi o segundo golo do Nacional.
Renato Neto - Aquilo que disse em relação ao jogo com o Porto, mantém-se: Boa capacidade física e aérea numa posição fulcral. Até estava a fazer um bom jogo, no cômputo geral, embora tenha tido culpa, ao não atacar a bola, no primeiro golo, mas é e será sempre (no imediato) o elo mais fraco.
Elias - Um jogador que andou desaparecido do jogo durante a maior parte deste, mas que, como aconteceu na reviravolta de Paços, perante a pressão de ter que jogar rápido e bem, sobressaiu e até fez o primeiro.
Matías - Indiscutivelmente rende mais a 10 do que a extremo e quando desencostou da linha, o Sporting ganhou nova alma e nova capacidade de ter bola nos últimos metros.
Carrillo e Capel - Tentaram, cada um ao seu estilo, ser mais valias nas linhas e foram-no. Mais o espanhol do que o peruano, também à custa da experiência.
Jeffrén - Voltou de uma longa paragem e até fez uma primeira parte muito aceitável, mas está ainda sem grande ritmo e por isso saiu ao intervalo. Não se lesionou de novo, o que já, por si, é bom.

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