sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Que Sporting é este, que desconheço?

Tenho muito poucas palavras para descrever o que se passou ontem em Alvalade e uma delas é incredulidade.
O jogo com o Moreirense para a Taça da Liga tinha tudo para ser idílico, como os girassóis, malmequeres e borboletas que apareceram, esta semana, nas paredes do acesso aos balneários. Mais: o Moreirense apresentou-se sem seis (6) habituais titulares, o que, sendo uma equipa da liga Orangina, na teoria, tornaria ainda maior a facilidade da contenda. Em condições normais. Mais ainda: O Sporting apresentou-se na máxima força, embora com os equívocos normais de Domingos Paciência.
Tudo somado, espremeu-se um empate muito lisonjeiro para o Sporting.
O Sporting voltou a entrar mal no jogo (o que começa a ser um hábito assustador) e foi jogando em ritmo baixo, deixando passar o tempo na convicção parva de que o golo havia de aparecer.
Chega ao golo, quase por acaso, num lance aparentemente controlado em que é o central nortenho que complica, fazendo a bola ressaltar num colega, servindo Capel para o 1-0. Já antes, o Moreirense tinha mostrado ao que vinha. Personalizada, a equipa de Moreira de Cónegos que nunca acusou a pressão de jogar em Alvalade, poderia ter inaugurado o marcador minutos antes,  por Ghilas, numa jogada que deve ter feito corar Domingos, tal a simplicidade de processos. Valeu Marcelo com boa defesa.
Como ameaçou, com naturalidade chega ao empate, pois já era a equipa mais organizada e perigosa em campo. A jogada começa numa intercepção do lateral esquerdo que, ao entrar no meio-campo contrário flecte para o centro, endossa a bola para a extrema direita, onde o extremo, sem ir à linha, cruza largo para Ghilas que, completamente solto, com um pontapé de moínho e de primeira, não dá hipóteses a Marcelo. Golo fantástico.
Minutos depois, o Moreirense teve hipótese de gelar Alvalade. Rodriguez deixa-se bater na linha de meio-campo por Ghilas que corre com a bola uns bons metros e endossa à esquerda. À entrada da área, o extremo nortenho pisa a bola, puxa para o pé direito e tenta colocar em arco ao poste mais distante. Falhou por pouco e, logo a seguir, o descanso chegou.
Na segunda metade, duas alterações de rajada: Carriço e Ribas saem para darem os respectivos lugares a Matías e Bojinov. Se com a alteração do Matías por Carriço se percebe a ideia de dar tracção dianteira à equipa, no caso de Ribas por Bojinov, não se percebe que o Sporting consiga ganhar, efectivamente, alguma coisa.
Para a segunda parte, o Sporting muda ligeiramente o seu figurino e entra mais afoito, mas nem por isso mais esclarecido e eficaz. Sobe e ocupa o meio campo adversário, mas não consegue tirar dividendos dessa maior pressão e tracção dianteira. Tem dificuldades em ganhar espaço interior e linhas. E o tempo vai passando.
Enquanto isso, a equipa contrária, mostra futebol de qualidade. Troca bem a bola, contra-ataca com algum propósito e vai criando algumas situações que poderiam ter tido outro desfecho.
Numa altura que já se verificava algum caos táctico, Domingos lança Jeffren por troca com Carrillo e o flanco direito ganha uma nova frescura, embora sem resultados práticos.
Já nos descontos, uma arrancada de Jeffrén dá ao Sporting, tal como na primeira parte e sem ter feito quase nada por isso, uma oportunidade soberana para marcar e vencer. Bojinov agarra-se à bola e empurra Matías do local, indo claramente contra a indicação de Domingos. O búlgaro, acusando enorme responsabilidade e/ou irresponsabilidade, falhou. E o circo está montado.
Não só o Sporting não consegue vencer (ainda não o fez no presente ano) como, se o Moreirense tem sido mais efectivo, tinha havido goleada em Alvalade. A equipa nortenha, que eu tivesse contado e para além do golo, tem, pelo menos mais 3 ou 4 lances de muito perigo.

Notas a reter:
Equipa - É de todo injusto culpar apenas 1 em 11. A equipa não justificou o empate, quanto mais a vitória. Não jogou o suficiente para que aquilo seja considerado um espectáculo. Se não me engano, fez dois remates com perigo em todo o jogo e os dois de bola parada. A jogar contra o Moreirense sem 6 habituais titulares.
Domingos - Estou cansado de bater no ceguinho, mas mais uma vez, mostra que não sabe o que é que anda ali a fazer. Contra o Moreirense, sem 6 habituais titulares, começa com o Carriço a trinco? Deve ter aprendido com o Pacheco, que dizia: "Vamos jogar ao ataque, fechadinhos lá atrás". Mais: Depois de uma conferência de imprensa como a do dia anterior, só pode ser brincadeira o que se passou no jogo.
Bojinov - Começam a faltar-me os adjectivos (e têm sido todos pejorativos) para catalogar tamanho flop. Ontem, como cereja em cima do topo do bolo das suas maravilhosas exibições, contra a vontade de todos, assumiu a marcação do penálti, nos descontos, para falhar. E demos nós 3,5 milhões + Valdés por este bidon enferrujado. Se recuperarmos o Valdés já não perdemos tudo.
Sporting em termos globais - Aquilo que vi ontem no final do jogo foi o culminar de dias de total anarquia e é nestes momentos que se vê que não há estrutura, que não há condições. Falam o Domingos, o Godinho, o Duque, o Freitas, o Reboques, a Irene, o Cristóvão, etc, mas só assume as responsabilidades o Domingos. Mandam-se "forrar" corredores com imagens de adeptos com suásticas e templárias, para, uns meses depois e a mando da UEFA, se tirarem e se meterem malmequeres, girassóis e borboletas.
O presidente diz que a equipa, em termos de objectivo está aquém das expectativas. O Domingos deixa sub-entendido que não foi isso o combinado. Tudo na praça pública, para chacota nacional.
Não concordo em nada, editorialmente, com o jornal "A Bola", mas a capa de hoje é exactamente aquilo que eu penso deste Sporting: Ridículo.

1 comentário:

  1. Dei logo uma enorme gargalhada no início da leitura.
    Quando começas um “lençol” deste tamanho com “Tenho muito poucas palavras...”, imagino se tivesses muitas.
    Isto já não são rendas de bilros, são autênticos tapetes de flores de Campo Maior, talvez para condizerem com os corredores dos balneários de Alvalade.
    Muito bom!
    Continuas a ter a paciência que a mim já me vai faltando para escrever detalhadamente sobre algo que já não tem, nem desculpa e cada vez menos, solução.
    Mais uma vez, uma excelente crónica.

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