sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Acendeu-se uma centelha no frio de Varsóvia

Na estreia de Sá Pinto no banco, o Sporting foi abnegado e acreditou até ao fim, como o próprio tinha declarado no dia anterior e conseguiu um resultado que, perante todas as incidências do jogo e alicerçado no facto da competição se jogar a duas mãos, acaba por ser bastante positivo.
Pontos prévios:
1. Um "relvado" daqueles num jogo das competições europeias devia ser proibido. Não só não ajuda ao espectáculo futebolístico, fazendo com que as equipas optem pelo "pontapé para a frente", como pode originar lesões graves. Até o de Alvalade, mesmo sendo muito mau, é claramente superior ao encontrado ontem pelo Sporting.
2. Não querendo desculpar-me por isso, o senhor do apito, talvez toldado pelo ambiente, teve momentos de largos minutos em que tudo fez para inclinar o campo para a baliza de Patrício. Desde a gritante dualidade de critérios disciplinares (Houve um jogador do Legia, por exemplo, que fez mais de 10 faltas, 3 ou 4 para amarelo e foi substituído, já perto do final, sem sequer ver nenhum), ao 2º golo do visitados em que o avançado está em fora-de-jogo, passando pelo penálti não assinalado por mão na bola, na área polaca.

O Sporting entrou bem, personalizado e teve os primeiros 10/15 minutos de bom nível e depois vai desaparecendo lentamente, dando "jogo" ao futebol directo e ao maior poderio físico dos polacos. Sem dominar avassaladoramente, os polacos empurram o Sporting para a sua área e o Sporting tem muita dificuldade, nesta fase, em ligar o jogo. É com naturalidade e perante tanta cerimónia dentro da área que os polacos chegam ao golo, já depois de ameaçarem 1 ou 2 vezes. O resultado, ao intervalo era, por isso, justo.
Na segunda parte, Sá Pinto mete Pereirinha e Carriço, junta linhas e invertem-se os papéis. Desta feita é o Legia a entrar melhor e a ter uma oportunidade soberana para aumentar a vantagem, mas mais uma vez Rui Patrício, à imagem daquilo que tinha feito na 1º parte, volta a negar o golo no 1 contra 1.
O Sporting concetra-se, cresce e vai conseguindo acercar-se cada vez e com mais perigo da área adversária até que, de um livre lateral, chega ao empate por Carriço. O jogo estabiliza e o Sporting cresce ainda mais, mesmo sem jogar um grande futebol - coisa que o "relvado" nunca deixou -, é, nesta fase, quem consegue criar mais perigo e ter mais bola.
Contra a corrente do jogo e com um empurrãozinho do assistente (não estava claramente, mas estava fora-de-jogo), o Legia chega ao 2-1, já depois de, minutos antes, o árbitro não ter visto uma mãozinha marota de um polaco a jogar a bola dentro da sua própria área. O Sporting abana, mas não cai e depois de alguns minutos à nora, recompõe-se e volta a tentar ficar por cima do jogo. Vai-se acercando cada vez mais do ultimo reduto polaco até que, de uma jogada de insistência e já perto do final, André Santos, que tinha entrado já nos últimos 15 minutos, "saca" uma trivela para o 2º golo. Até final pouco mais houve de relevo e o empate acaba por ter alguma justiça, embora não me custe reconhecer a má primeira parte (a partir do minuto 15) do Sporting
Num campo muito difícil para se "jogar" futebol, o Sporting teve, fundamentalmente, o mérito de não deitar a toalha ao chão, de lutar até final e - pasme-se - recuperar de duas desvantagens, perante uma equipa muito poderosa fisicamente e que jogou sempre um futebol directo, de acordo - aliás - com as suas características e o estado do "relvado". Isto tudo numa altura em que a equipa apresenta, claramente, índices físicos e anímicos deficitários.

Nota a reter:
Sá Pinto dá, de facto, outra alma ao banco e à equipa. Muito participativo e exigente teve a sorte ou o engenho (daqui a mais uns tempos tirar-se-á essa conclusão com maior propriedade) de, nas mexidas que fez, melhorar substancialmente o rendimento colectivo e corrigir alguns posicionamentos deficitários. Coincidência ou não, os golos são marcados por dois suplentes e de lances que o Sporting não fazia uso há algum tempo com sucesso: Um livre e um remate à entrada da área.
Posso mesmo dizer que, em 3 dias, as mudanças operadas, fundamentalmente em termos de abordagem ao jogo, superaram claramente as expectativas. Não quero com isto dizer que o trabalho está feito, longe disso, mas a centelha, finalmente, parece ter-se acendido.

PS: A forma como Sá Pinto, Nélson e o Paulinho se abraçam e festejam o 2º golo do Sporting pode, para muitos não ser mais do que um fait divers, mas para mim é importantíssimo, porque é  a partir de gestos simples e de puro sentimento, que se formam, muitas vezes, o carácter das equipas. E o exemplo tem de vir de onde veio: Do banco!

1 comentário:

  1. Para mim, a noite de ontem valeu pelo abraço dos homens da casa, mas isso, por si só, não traz vitórias.
    Tenho de ser honesto comigo mesmo. Se as saídas de Schaars e Izmailov por troca com Carriço e Pereirinha tivessem sido feitas por Domingos, por Zeus, não quero nem imaginar. Eu sei o que diria e seria precisamente o mesmo que disse, mesmo tendo sido Sá Pinto a estar no banco. Para mim não passaram de cepos a “meninos” da formação, apenas porque o treinador é Sá Pinto. Desta vez resultou, veremos as cenas dos próximos capítulos. Quanto a Carrilo, que todos afirmam ser um grande jogador mas que está a crescer e patáti-pátata, por mim pode ir crescer para longe e quando acertar uma, que volte. Quem o rendeu (André Santos), curiosamente, ontem acertou uma e logo na baliza. Quem diria.
    Domingo há mais.

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