segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Antes pelo contrário

Como diria o saudoso Gabriel Alves, o Sporting não jogou nem bem nem mal, antes pelo contrário, mas ganhou. Pela margem mínima, é certo, mas ganhou. E as estatísticas não enganam. 4 jogos com Sá Pinto, 1 empate muito importante em Varsóvia e 3 vitórias consecutivas, numa altura, desportivamente, muito complicada. Mais: Não só deixou (até ver) de perder pontos para os 4 da frente, como até ganhou 5 pontos ao 1º. E em apenas 2 jornadas. Pode dizer-se que foi o 1º que perdeu pontos. Aceito, mas ao Sporting, apenas cabe fazer o seu papel, fazendo com essa elementar conduta, beneficiar dos deslizes alheios.
E tem ganho, a meu ver, não só os jogos, mas acima de tudo, uma equipa. Ainda é curto, tanto num caso como noutro, mas pelo menos é uma mudança que já se pode ver, para quem, obviamente, estiver disposto a isso.
Ontem notei mais um passinho (baby step) na evolução. A equipa conseguiu, durante um bom período, na primeira parte mostrar um futebol com alguma qualidade e que culminou na jogada (fantástica, diga-se) do golo de Izmailov. A intensidade aumentou e o Sporting (já) consegue imprimir uma pressão mais alta, mais à frente e durante mais tempo. A posse aumentou, assim como a qualidade da mesma, os remates também aumentaram e o Sporting já ganha muito mais primeiras e segundas bolas, na primeira fase de construção dos adversários, fruto dessa pressão sobre o portador que era negligenciada há bem pouco tempo. Tudo somado, quando ganhamos mais bolas e mais à frente, estamos sempre mais perto de, por um lado não sofrer golos e por outro ter mais chances de marcar.
Resolvendo então a questão dos últimos 30 metros, que não se avizinha fácil, porque muito dessa resolução depende da parte física, o Sporting resolve grande parte do seu jogo actual. Resolvidos que estão (aparentemente) os problemas da intensidade e agressividade competitivas.

Se desportivamente o Sporting recupera do coma induzido, estando já bem acordado, ainda que fortemente medicado, a nível da direcção este silêncio súbito causa-me estranheza e apreensão.
É minha convicção que a direcção do Sporting devia ter-se demitido aquando do despedimento de Domingos e por uma razão lógica: Domingos era um pilar fundamental de um projecto de 3 anos que, valha a verdade, poucos conheciam. Mais: Passa de fundamental a dispensável em apenas 24 horas, por suposta traição, que a Lusa (veiculou a informação em primeira mão) se encarregou de desmentir a fonte, ligada ao Sporting, em mais um episódio cardinalli. Mais ainda: O Acordo de rescisão contempla o pagamento de salário até Domingos arranjar clube, o que faz com que o Sporting, esteja neste preciso momento, a pagar a 3 equipas técnicas, o que demonstra que, num clube com grandes dificuldades financeiras, ainda há luxos que podem ser pagos.
Como se tudo isto (que já é assustador) não bastasse, há 9 meses de equívocos, de lesivas opções, de dezenas de promessas não cumpridas e de muitos outros tiros no pé e casos de polícia que, para além não terem qualquer explicação lógica (a não ser à luz da delapidação que é feita no clube há anos), não têm qualquer explicação por parte de quem tem contas a prestar aos sócios. Aliás, a rábula da auditoria externa, sem consequências, é bem o exemplo do desnorte a que esta direcção, desde o 1º dia, tem votado o clube.
O que se sabe é que depois  desse episódio circense (o despedimento relâmpago de Domingos), só ao alcance de artistas de circo consagrados, a direcção fechou-se em copas, não fazendo mais nenhuma declaração após a apresentação de Sá Pinto.
A medida nunca se estranharia num clube dito normal, mas olhando para o passado recente desta direcção, direi (com toda a certeza e propriedade) que estão a preparar alguma e em força. É um bocado como as crianças mexidas que, de um momento para o outro, deixam de se ouvir. Das duas uma: Ou aconteceu alguma coisa grave ou estão a preparar alguma que pode culminar em coisa grave. Nenhuma das duas é boa e por isso é que os sócios e adeptos têm que se manter vigilantes.
A recuperação da equipa era absolutamente imperiosa e está a fazer-se sobre a égide de Sá Pinto, nem que seja apenas para restaurar algum do orgulho perdido, mas essa evolução favorável não pode mascarar, de maneira alguma, os 9 meses de "desgoverno" de uma direcção medíocre, que a cada dia que passa (e agora com mais um balão de oxigénio chamado Sá Pinto) encosta mais o clube ao abismo.
Paulo Bento quando se demitiu do cargo de treinador, no seu jeito frontal, disse que cometeu um erro e que esteve, por isso mesmo, 4 meses a mais no Sporting. Godinho Lopes e "sus muchachos", digo-o eu, estão há 9 meses a mais no Sporting. E digo mais: Não sei como seria se o candidato em que votei ganhasse, porque não sou vidente, mas de uma coisa eu tive a certeza logo no momento: Godinho Lopes nunca faria parte da solução, mas sim do problema, como agora se constata.
É que com esta direcção a coisa está bem mais "preta" do que eu próprio perspectivava e eu até achei que estava a ser bastante pessimista, na altura.

1 comentário:

  1. Em relação à equipa, se é verdade que com Sá Pinto ainda não perdemos e são, em última análise, as vitórias e os consequentes pontos que contam, então, não haja dúvida que houve melhoras, mas na minha opinião, ficamos por aí. O Sá Pinto entrou numa altura de calendário relativamente favorável e frente a clubes mija-na-escada, o melhor que tem conseguido são vitórias pela margem mínima, tiradas a ferros, uma delas graças a um autogolo e outra (a de ontem) através de um raro momento de inspiração, com um golaço do meio da rua e que se poderá somar, no máximo, 15 a 20 minutos de um futebol, um bocadinho mais vistoso, embora tão inconsequente como outro momento qualquer.
    Mais do que melhoras, vejo uma pontinha de sorte que faltou a Domingos e que ameaça acabar a qualquer altura. Haja quem acredite, porque eu já não consigo.
    Quanto ao Sr. Lopes e sus muchachos, já o mesmo me passou pela cabeça. O silêncio por parte daquela gente é, no mínimo, assustador, mais que não seja porque já nos habituaram a perceber que quando pensamos que nada de pior pode acontecer, lá vem mais uma desgraça.
    Por falar em desgraças. Lá venderam mais um puto para os ordenados deste mês.
    Se com eles o futuro, se é que ele existe, é negro, acredito que pode ficar ainda bem pior.
    Lanço, no entanto, duas questões que nos últimos tempos me têm povoado a mente.
    Onde está a alternativa?
    A existir, de facto, não teria sido já altura de ter metido os pés à parede?

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