segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Dar tempo a quem merece e tirá-lo a quem já o esgotou

Ainda é cedo para tirar conclusões e o Sporting ainda apresenta défices em alguns momentos do jogo, mas ontem fizemos o mais importante que era conseguir a vitória, porque só as vitórias trazem estabilidade e confiança.
O jogo de ontem foi mau em termos exibicionais, mas a verdade é que notam-se já algumas mudanças. Pequenas, é certo, mas já se notam. Por outro lado há coisas que parecem demasiado enraízadas.

O QUE MUDOU (ou parece ter mudado)
Já tinha notado no jogo em Varsóvia e ontem voltei a notar que a equipa, mesmo praticando um futebol muito previsível e de ritmo lento, que invariavelmente impacienta a maioria dos sócios (e a mim também) está mais solidária, com mais vontade de fazer as coisas bem e já se notam pormenores que fazem alguma diferença para o antecessor: As bolas paradas, algum jogo interior, melhor aproveitamento das opções e, ontem, a maior posse e maior número de remates, em relação aos últimos jogos.
Nas bolas paradas os números não enganam. 2 golos em outros tantos jogos não me parecem ser obra do acaso, até porque nestes dois jogos o Sporting tem criado mais perigo nesses lances do que normalmente conseguia.
O jogo interior melhorou e bastante. Ontem (em Varsóvia com o estado daquele relvado era praticamente impossível jogar de outra forma que não fosse o pontapé para a frente) já se viu bastantes vezes, quer no centro, quer nas linhas, as tabelas rápidas nos últimos metros, libertando jogadores e linhas de passe nas imediações da área. Ainda não resulta muito, mas já se vê uma tentativa.
O Sporting tem feito, nestes dois últimos jogos, um maior e melhor aproveitamento das opções que tem no banco. Coincidência ou não, o facto é que, quem tem entrado tem "emprestado" mais-valia directa e a equipa, invariavelmente, tem melhorado. Foi assim com Carriço, André Santos e Pereirinha em Varsóvia e foi assim ontem com Pereirinha, André Santos e Carriço. Curiosamente, destes 3 apenas 1 contava para Domingos.
A posse de bola aumentou exponencialmente. De 50 e poucos por cento dos últimos jogos de Domingos para quase 65% no jogo de ontem. Ainda é uma posse distante daquilo que é exigível, porque os jogadores, sem confiança, tem alguma dificuldade em explorar fora das zonas de conforto, mas é uma prova de que a equipa perde menos bolas e recupera a bola mais rápido. Ainda é curto porque é feita muito atrás, mas é um indício de que se quer ganhar confiança em ter bola. E isso é importante.
O número de remates aumentou também. Ontem foram 16 ao todo e apesar de pouco acerto se notar nesse capítulo, há, pelo menos, a mudança em relação ao Domingos (que insistia muito no jogo pelos corredores) de os jogadores parecerem ter mais liberdade, sempre que têm uma "aberta", de explorar os remates de longe.

O QUE SE MANTÉM
Mantém-se a estrutura da equipa e as exibições cinzentas, mantêm-se os erros defensivos e mantém-se o lote de lesionados que limita as opções do treinador e que tem sido uma constante em toda a época.
A estrutura da equipa e as exibições cinzentas parecem-me normais (nesta altura), na medida em que, por demasiado tempo o treinador Domingos "alimentou" as duas coisas com a sua teimosia em alguns pontos. Não será em menos de uma semana que iremos conseguir ver grandes mudanças a esse nível (ou a nenhum nível que seja estrutural e estruturante). Tem que se dar tempo para que o novo técnico consiga imprimir as suas ideias e acreditar que ao imprimi-las dará ao conjunto uma melhor dinâmica, melhorando as exibições.
O Sporting comete alguns erros defensivos graves desde o início da época e eles mantêm-se. Não é fácil para o novo treinador mudar hábitos de meses em dias e porque o mais importante neste momento é passar tranquilidade à equipa para que ela possa, paulatinamente, readquirir níveis de confiança altos. Espero que com a implementação de um cunho pessoal, Sá Pinto consiga melhorar também esse aspecto.
Veremos se o lote de lesionados diminui com outros métodos de treino. Tirando os lesionados crónicos, que ainda são alguns, penso que a grande onda de lesionados que assolou o Sporting em toda a época se prendia com métodos de treino desadequados.

Ainda na parte do que se mantém, mas extrapolando um pouco a equipa e o futebol é inacreditável que o presidente do Sporting ainda não se tenha demitido, partindo, ainda para mais, das suas palavras quando afirmava firmemente que Domingos era pilar essencial no seu projecto. Projecto esse que nunca ninguém lhe meteu a vista em cima.
Ora, isto é um perfeito silogismo. Se Domingos era peça fundamental do projecto e Domingos sai, logo o projecto (que nunca existiu) deixa de existir, levanto à exoneração daqueles que o defendem.
Mais: Godinho Lopes afirmou categoricamente, entre muitas outras mentiras, que o "projecto" era para o triénio, mas afinal ficou-se por um semestre.
Pergunto: Depois de ter a legitimidade que teve nas urnas, depois de mentir aos sócios com os dentes todos e várias vezes, depois de avanços e recuos em relação às questões mais importantes e, depois de defender um projecto de triénio (no qual nunca acreditei) que passava pelo treinador como pilar essencial, que está Godinho Lopes a fazer ainda no Sporting? Com que cara de pau, esta gente poderá alguma vez encarar os sócios?
Godinho Lopes - sempre o disse - nunca devia ter reentrado no Sporting. E os porquês, mesmo para os mais crédulos, estão à vista. Desde Março que este senhor (e os outros) tem sido uma autêntica farsa e só não vê quem não quer.
Por muito menos, o Presidente do Guimarães foi "convidado" a demitir-se.
Os sócios do Sporting tem de se habituar a ser mais interventivos e exigentes. Há que dar tempo a quem demonstra merecê-lo e tirá-lo a quem nunca o teve ou já o esgotou. Normalmente, para mal dos nosso pecados, tira-se tempo a quem o merece e dá-se tempo a quem nunca devia ter tido nenhum.

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