segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Sporting e a maior encruzilhada da sua história

O Sporting vive tempos dramáticos, que a auditoria veio apenas confirmar, porque não os vive de agora. O drama tem, pelo menos 10 anos, no que à gestão corrente diz respeito e, pelo menos 20, na paulatina perda de uma identidade enquanto clube e que redunda na perda de associados, cansados de tanta incompetência e lascismo (Em 86 o Sporting tinha 132.000 pagantes e hoje não chega aos 40.000 pagantes).
A negligência e afastamento de sócios e, consequentemente, de massa crítica construtiva fez-nos chegar a um momento em que o clube está praticamente ingovernável. Não há nada para alienar, gerando mais-valias directas, porque tudo já foi alienado ao preço da uva mijona, com altos conflitos de interesse (como no caso da compra, por parte da MDC, de terrenos e que depois um dos dirigentes do Sporting que conduziu o processo, aparece como administrador da MDC, meses depois), redundando, invariavelmente, sempre em prejuízo do Sporting. As próprias mais valias que se tentou criar com direitos televisivos, receitas de bilheteira e fundos de jogadores, já estão "alienados", também eles, em despesas correntes, fazendo o Sporting viver o seu dia-a-dia com grandes e inenarráveis dificuldades.
Não contente com todo este embróglio, temos um presidente não legitimado (33% dos sócios votantes não o deviam legitimar, porque em condições normais não legitimam ninguém), que não quer fazer uma caça às bruxas, nem o desenterrar de cadáveres. Ele que está intimamente envolvido na construção do Estádio e da Academia, construções com amplas e inacreditáveis derrapagens e que contribuíram, e muito, para os aumentos de passivo e de perda de capitais próprios.
Este senhor que tanto apelou à credibilidade, "alardando" a sua aos sete ventos, prometeu 100 milhões ao clube; prometeu não recorrer à banca e, consequentemente, não aumentar ainda mais o passivo e o definhar do clube; prometeu uma auditoria e - pensava-se - levar essa mesma auditoria às últimas consequências (de outro modo de que serve uma auditoria, senão para isso?); prometeu uma mudança no paradigma do clube, no que à sua gestão diz respeito e muitas outras coisas. No fundo prometeu tudo e mais alguma coisa apenas com o intuito de chegar ao poder, através daqueles que têm sido os verdadeiros municiadores de granadas de morteiro de rebentamento interno: Os velhos incautos - os dos 10 a 20 votos - que acreditam em qualquer coisa que se lhes venda. Prometeu e nada cumpriu.
O cenário está pronto para a "inevitabilidade" de um investidor estrangeiro. Foi preparado a preceito e com grande premeditação, tentando retirar aos sócios qualquer capacidade de defesa do clube, para perpetuar o saque, enquanto for possível.
Não só esta direcção sabia que tinha que ganhar a qualquer custo as eleições (daí se percebe a discrepância, decorrente da afinação dos números, tal como o "erro" rotundo nas sondagens à boca da urna, quando em milhares que se fazem a margem de erro é mínima), para esconder e eliminar as bruxas e os cadáveres nos vários armários de Alvalade, protegendo com isso, os interesses que irão, a continuar assim e a breve trecho, selar a tijolo as portas do clube para sempre, com também sabiam - e o investimento é feito nesse sentido - que se a equipa ganhasse, todas as jogadas de bastidores passariam incólumes, porque os detractores teriam muito pouco espaço para criticar.
O problema é que, até para enganar e/ou delapidar a este nível, é preciso um projecto, coisa que claramente esta gente não tem. Por isso e apesar daquela onda que se criou na melhor série da época, havia sempre muitos sinais de alarme, até para os mais influenciáveis:
Desde logo as altas comissões na aquisição de jogadores de qualidade duvidosa e em condições físicas deploráveis;
Depois a pressa em fazer mais um empréstimo obrigacionista que visou, exclusivamente, pagar o anterior e em condições muito pouco vantajosas para o clube;
Depois as inúmeras lesões e o afastamento, logo no raiar da época, do responsável médico. Muito provavelmente porque não compactuou com a compra de jogadores que não cumpriam os requisitos mínimos físicos e, ao insurgir-se, foi afastado, tal como tinha sido - coincidência das coincidências - o seu antecessor  e pelo mesmo dirigente da SAD: Luis Duque;
Depois a opção em Domingos revelou-se um tiro no pé, como sempre escrevi. O técnico já mostrou qualidades mas, claramente, não é treinador para o Sporting,  principalmente no momento que o clube atravessa. Tem cometido erros atrás de erros e direcciona, invariavelmente, as suas críticas no sentido errado, quando a culpa normalmente está nas suas opções. Também já se percebeu que o técnico do Sporting tem disparado (o propósito não é totalmente claro, a não ser sacudir a água do capote), assim que a coisa começou a correr mal, em todas as direcções. Primeiro disparou aos críticos internos, depois ao presidente, depois à estrutura clínica e agora à estrutura técnica;
E depois a forma como o Sporting se posiciona interna e externamente perante os episódios trágico-cómicos que se multiplicam. A questão dos malmequeres e girassóis, tal como o apoio a Fernando Gomes para a FPF, que tinha (e tem) Vítor Pereira na sua lista, e tem sido um dos (muitos) coveiros do Sporting, são apenas dois exemplos do desnorte que o clube vive internamente, em que todos falam, mandam e ninguém assume a responsabilidade verdadeira sobre o que quer que seja. Aliás, esta semana Carlos Barbosa demitiu-se por motivos profissionais. Desde logo os motivos só podem ser brincadeira e depois ainda recebe um louvor da direcção, em comunicado por, supostamente ter reorganizado a área comercial, num dos anos mais pobres nessa mesma área. O próprio "timing" é suspeito. No dia seguinte a conhecer-se o resultado da auditoria, um dos vice-presidentes bate com a porta? No mínimo é estranho. Costuma-se dizer que os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio e quando o navio já tem pouca ou nenhuma salvação. Pode ser este o caso.

Este é o momento em que os sócios têm que se chegar à frente e arranjar as soluções necessárias para que, com algumas ideias e/ou alguma criatividade, se possa recuperar o clube. O tempo urge e é imperativo devolver, em primeiro lugar, a identidade ao clube. Sem ela, qualquer projecto futuro terá o mesmo destino, por muito bem intencionado que seja.
Não podemos continuar a olhar para fora, sem primeiro arrumar a casa. Procurar consensos, ideias comuns que tornem o clube como um organismo uno e indivisível, através dos sócios e para os sócios. Está na hora de sermos nós, sócios, a falar e a mandar.
Este modelo de clube está tão ou mais falido do que o próprio clube.

PS: Sobre a derrota de Sábado, para a Taça da Liga, frente ao Gil Vicente:
Não deixa de ser triste que numa competição com um dos grupos menos exigentes (Moreirense, Rio Ave e Gil Vicente), o Sporting em 3 jogos, 2 deles em casa, não vença nenhum. Pior: É triste que no jogo de Sábado, depois de mais uma inenarrável exibição, onde a equipa, para além de não mostrar fio de jogo, faz 2 ou 3 remates com perigo em todo o jogo, o público presente (mais de 23.000) tivesse preferido assobiar a equipa de arbitragem em vez de mostrar o descontentamento veemente à equipa do Sporting. Mais: É triste - e mostra que o Sporting, como clube, está profundamente doente e sem identidade - o facto de, desde que o ano começou (e mesmo no final do ano transacto), o Sporting ainda não tenha apresentado futebol consonante com os pergaminhos do clube, conseguindo apenas 1 vitória em 8 jogos. Vitória essa,  num jogo (Beira-Mar) em que claramente não produziu futebol suficiente para vencer.
Mais ainda: Domingos continua a equivocar-se a um ritmo alucinante e torna-se assustador quando declara que o jogo é muito importante. Dos jogos "muito importantes" não ganhou nenhum, porque as suas opções, invariavelmente, mostram que está mais preocupado em não perder do que em ganhar. É simplesmente inacreditável que, num jogo em que precisava vencer e que mesmo vencendo poderia não chegar, Domingos utilize Evaldo e Wolfswinkel (este último ainda sem ritmo). Mais inacreditável é, depois de estar a perder e com menos um, tirar André Santos e meter Carriço; tirar, minutos depois, o João Pereira para meter o Rubio, que se perdeu completamente no jogo e tirar o Carrillo (apesar de ser muito mole, era o que estava a romper melhor na defesa contrária) para meter o Izmailov.
Resultado: acrescentaram zero.
Por fim, nota-se que a equipa está, não só a milhas de ter um fio de jogo, como está a milhas do ideal em termos físicos. Ao início da 2ª parte dá a sensação que os jogadores estão no limite físico e isso é inaceitável em alta competição e devia sê-lo no Sporting, mas parece-me que, desde há muito, tudo e todos são aceitáveis no Sporting. Uma verdadeira ode à incompetência que já nem para comédia serve.

6 comentários:

  1. Falar mal toda a gente sabe!

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    1. E falar bem também. Se houver alguma coisa naquilo que escrevi que seja mentira, agradeço que me elucide.

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  2. Um texto de partilha obrigatória entre todos Sportinguistas.
    A mais pura das verdades, perante a qual, apenas não estarão de acordo aqueles que não forem Sportinguistas e/ou que queiram agir de má-fé contra o Sporting Clube de Portugal.
    Este texto devia ser lido em voz alta, à frente de todos os energúmenos que ao longo dos anos têm vindo a delapidar impunemente o Sporting Clube de Portugal em proveito próprio e de seguida, obrigá-los a comer a folha.
    Não esquecendo também, todas as aves de rapina que voam em círculos em torno da já devorada carcaça com o intuito de ainda bicar um pouco da carne que resta. Esses abutres que por aí esvoaçam, entrando em campanhas de candidatos derrotados, gabando vencedores e tentando ainda colar-se a possíveis novos candidatos, para de novo voltarem ao ponto de partida e prepararem-se para completar mais uma voo circular.
    Conselheiros Leoninos e outros que tais, de correntes diferentes mas que agora, depois de instalados, apoiam a maralha empossada, apenas para, por vaidade, continuarem a aparecer e manter os “tachos” televisivos altamente bem remunerados que obtiveram mais uma vez à custa do Clube e para proveito próprio, já que em benefício do Clube, nada acrescentam, antes pelo contrário. Parecem um qualquer freak show de uma qualquer estado saloio norte-americano.
    Senis, vaidosos, ignorantes, amigos do amigo, amantes deste, secretárias de um outro, irmãos de outro ainda. Vale tudo, até há última migalha e a fila está aí e continua impávida e serena à espera de vez se nada for feito com a máxima urgência.
    É preciso, de uma vez por todas, abrir os olhos ao maior número possível de Sportinguistas com direito a voto, numa derradeira tentativa de salvar o Clube de um fim que está mais próximo do que a maioria possa pensar.
    Um presidente empossado que faz parte do problema e que está no Clube apenas para tentar branquear o passado, caso contrário, entre outras coisas, não teria afirmado o que afirmou, após os resultados da auditoria financeira, que apenas aponta o problema que já era sobejamente conhecido mas que relega para segundo plano, a principal questão. Apontar o dedo aos culpados. Quem são afinal os responsáveis por 375 milhões de euros de passivo consolidado?
    Depois segue-se o bafiento apelo à “União” que não passa de uma tentativa para tentar calar os mais incautos e aqueles desgraçados que a única alegria que têm na vida é ver a bola a entrar ao Domingo e que não têm o discernimento suficiente para perceber que não se pode dissociar a vertente desportiva da vertente financeira.
    O Clube está a bater no fundo e mais perto do fim de que muito sonhadores possam pensar.
    O Sporting Clube de Portugal dificilmente passará incólume a, no mínimo, 15 anos de gestão danosa.
    União é precisa sim, mas em torno dos sócios que ainda têm dois dedos de testa para pensar pela sua própria cabeça
    União é precisa sim, mas para correr de uma vez por todas com a escória que prolífera no nosso clube.
    ...a bem ou a mal.
    Acrescento ainda que, enquanto houverem adeptos com deficiências cognitivas graves que consideram que o Sporting Clube de Portugal está como está devido às arbitragens, desviando assim as atenções do cerne da questão, a direcção empossada, agradece e lá vai continuando, impunemente, o seu caminho.

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    1. Caros Eudésimo Fisgas e Pedro Nogueira,

      Parabéns e estou 100% de acordo com a vossa análise e comentário.

      Eu acrescentaria que esta "Auditoria" é mais uma farsa protagonizada por esta Direcção-Fantoche (que poderia ser qualquer uma das outras Direcções dos últimos 16 anos, porque as caras mudam mas as motivações e o objectivo são sempre os mesmos) porque uma imensa minoria compreende que esta "Auditoria" constitui um expediente para branquear a gestão desta Dinastia Roquette e simultaneamente serve para prosseguir com a lavagem cerebral aos sócios do SCP ( que já há muitos anos conclui tratarem-se maioritariamente de débeis mentais) para concretizar o objectivo pré-delineado por Godinho Lopes (GL) e restante quadrilha: Proclamar a inevitabilidade e emergência de vender a maioria do capital da SAD à melhor oferta - desde que esta também contemple GL y sus muchachos com "generosas compensações" pelo serviço prestado!

      Creio que GL e esta direcção são talvez a equipa mais perigosa e anti-Sporting da Dinastia Roquette, pois estou plenamente convencido que há ali gente ( com GL à cabeça) que está-se positivamente nas tintas para o Sporting e em alguns casos nem é do Sporting! O Sporting é um mero meio-para-chegar-a-um-fim, dá imunidade, poder, visibilidade+protagonismo e é um inesgotável centro de tráfico de influências e uma agência multi-laboral!

      Temo igualmente que a concretização desta estratégia esteja muito próxima e esta técnica de exaustão/desmotivação/desacreditação/aparente impotência/desvalorização/humilhações constantes/Subalternização ao Benfica, Porto, Olivedesportos e aos árbitros/erros inacreditáveis/não-defesa flagrante do clube/ insultos permanentes à história leonina ( hooligans+borboletas e malquereres)/ etc etc

      TUDO ISTO não é, não pode ser obra do acaso!!! Tudo isto faz parte duma estratégia pré-concebida e executada ao longo de todos estes anos por gente que vem toda da mesma linha, da mesma "família" da mesma barricada e que representaram e representam interesses alheios ao interesse do clube! E o mais extraordinário é que muitíssimas dessas pessoas que estiveram no Sporting e/ou na SAD durante todos estes anos são reconhecidamente excelentes profissionais nas suas áreas - os tais "gestores brilhantes" mas que chegados ao Sporting descarrilam completamente ( Bettencourt é o exemplo mais gritante e assustador)!

      Enfim... acho muito improvável que o Sporting consiga sobreviver a esta Maldita Dinastia - ela não dá tréguas e é capaz de usar todas as formas mais subversivas e invias para manter o poder - vide as A.G's dos últimos aos a chapelada das ultimas eleições. É gente muito poderosa e que controla em grande medida vários sectores da nossa sociedade: Comunicação Social, Justiça, Politica, Banca e Finanças, Construção e Imobiliário, Agentes do Futebol, Corrupção e Tráfico de Influências.

      Temo, portanto, o pior! A menos que os sócios do SCP consigam fazer o milagre de fazer valer a sua voz e derrotar esta gente pelo voto ou por outras formas! Mas não tenho NENHUMA razão para ter fé nos sócios do SCP, antes pelo contrário!

      Eu gostava muito que o Sporting sobrevivesse! A batalha final está próxima!

      Um abraço e saudações leoninas

      Sr. Gouveia

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    2. Nem mais, caro Gouveia, nem mais.
      Infelizmente, também eu, não tenho nenhuma razão para ter fé nos sócios do SCP.
      Como se pode ter fé em alguém que vota em gente daquela estirpe?
      Se inteligentes fossem, depois de Roquette, nenhum outro membro da “famiglia” teria tido hipótese, fosse do que fosse.
      GL e a direcção empossada, são sem dúvida alguma os piores. E são os piores pelos simples facto de que lá estão apenas para branquear o passado. O deles e o dos seus antecessores.
      Esta auditoria não passa de uma farsa para legitimar, aos olhos dos sempre incautos sócios, a venda da SAD.
      A auditoria de gestão, que apontaria culpados, nunca será mandada fazer por esta gente, pelo simples facto de que, também eles, são protagonistas e principais responsáveis pelo descalabro financeiro em que o Clube se encontra.
      José Roquette e Dias da Cunha juntos, somaram 196 milhões de euros de passivo.
      O estádio que custou o dobro do previsto, o pavilhão que não se fez, um abominável fosso em torno de um “relvado” onde não se consegue praticar bom futebol, são da inteira responsabilidade de um indivíduo que apenas se fez sócio do Clube para praticar tamanha malfeitoria e que dá pelo nome de Godinho Lopes.
      Brevemente anunciarão que irão vender o capital da SAD a magnatas árabes ou chineses (só o dinheiro dos russos é que não servia) e que assim se terá um projecto vencedor e os frustrados que têm como única alegria a bola a entrar na baliza, voltam a acreditar, dando-lhes tempo para, contabilisticamente, tratarem do resto da "limpeza".
      É a machadada final dada pelo criminoso “Projecto Roquette” e o canto do cisne para o Sporting Clube de Portugal.
      Depois, à bela maneira portuguesa, perante o facto consumado, ninguém terá votado neles.

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