terça-feira, 27 de março de 2012

Alimentar a utopia

Entre ontem e hoje, respectivamente 26 e 27 de Março de 2012, vi e li muitos fazerem um balanço do primeiro ano de gestão de Godinho Lopes à frente do Sporting Clube de Portugal. Fazer um balanço de alerta de uma gestão inusitada parece-me sempre um bom exercício, sejam quais forem as intenções do mesmo. Penso, no entanto, que a gestão danosa que tem sido feita pelo actual presidente, bem como por toda a estrutura tem sido tudo menos inusitada e esse facto faz-me questionar os balanços anuais que agora proliferam um pouco por toda a parte.
A campanha eleitoral de há 1 ano mostrou, pelo menos para mim, ao que vinha essencialmente a lista de Godinho Lopes: Tomar todas as providências para apagar os traços negros do passado para a culpa do estado caótico não ter rosto, esvaziar o poder dos sócios e preparar a venda o clube a quem mais der. Pareceu-me na altura tão evidente como se percebe hoje. Basta ter estado atento às promessas e ao seu não cumprimento para, num par de meses mesmo para os mais incautos, se perceber que a ideia não seria governar o Sporting de dentro para fora, mas governar interesses externos dentro do Sporting.
Nem sequer vou perder tempo a abordar, em jeito de balanço, o que foi prometido e não foi feito, porque já o fiz durante o ano passou. Fartei-me de fazer balanços de alerta, de questionar acções e posições e o que me interessa agora é o futuro, porque o passado mais ou menos recente não se pode desfazer.
E o futuro do Sporting depende do que os seus associados, bem como os seus adeptos, estiverem dispostos a fazer.
Andamos há anos a alimentar a utopia de que o Sporting não vence, não se organiza e não se revitaliza por culpa de terceiros e de situações alheias ao próprio clube. É aí, porém, que me parece residir o verdadeiro problema do Sporting. Não estou a dizer que não haja - que há - factores que dêem uma ampla contribuição nesse sentido, mas a forma como o Sporting, institucionalmente, tem encarado os problemas graves é, no mínimo, de gente bipolar ou com grave deficit cognitivo. Basta fazer um rápido flashback pelo ano que agora passa e perceber isso.
O Sporting não vence, não se organiza e não se revitaliza enquanto for palco para todas as negociatas e interesses externos de alcance duvidoso; Enquanto servir de trampolim vitae para pessoas que nada acrescentam e  que nada eram até chegarem ao Sporting; Enquanto tiver como standart dos seus dirigentes a incompetência e a falta de liderança e enquanto quem subir ao poder não tiver espírito de missão de servir o clube em vez de se servir dele.
E os sócios são os maiores culpados (culpa essa que obviamente partilho), porque na sua grande maioria negligenciam estes e outros valores que fizeram do Sporting um clube centenário, vencedor e respeitado em troca da vitória a cada Domingo, moral ou efectiva. Preocupam-se mais em assobiar e criticar os árbitros e outros agentes externos do que pedir explicações efectivas às direcções e tendem a focalizar os ódios em inimigos externos quando, não raras vezes, o grande inimigo do Sporting está dentro do próprio Sporting.
Posto isto, só há um caminho a seguir, que aliás, na minha humilde opinião, peca por tardio, até porque, desde o primeiro momento que questiono a própria legitimidade deste "governo": Convocar um AG extraordinária, votar uma moção de confiança/censura a esta direcção e, em caso dessa mesma moção ser negativa a esta direcção, destituí-la e convocar novas eleições, porque aquilo que esta direcção mostrou em apenas 1 ano de mandato é que o seu respeito pelo sócio comum e pela sua representatividade no universo Sporting é pouco ou nenhum.
Este seria sempre o primeiro passo a dar, mas não pensemos que os passos ficam por aqui, porque os sócios têm de se capacitar, de uma vez por todas, que pagar a quota é um orgulho, mas também uma responsabilidade. Ser sócio não deve servir apenas para ir "ver a bola". Ser sócio dever servir para isso, mas também para ser massa crítica efectiva (que tanta falta tem feito), fazendo sempre uma avaliação do trabalho de quem gere a nossa paixão, porque deve ser das poucas coisas na vida em que pagamos (e não é tão pouco quanto isso) e temos, invariavelmente, ficado calados.
Ser sócio é ser como um filho do Sporting Clube de Portugal. Partilhamos o mesmo sangue verde, o mesmo amor e a mesma paixão. Podemos discordar, mas no essencial concordamos. Só temos é que focalizar essa ideia e força nas grandes questões e penso que parte do problema fica resolvido.
Sócio, o Sporting precisa de ti!

1 comentário:

  1. Já falámos nisto tantas vezes e como sabemos que estamos completamente de acordo nesta matéria, vou apenas pegar no final.
    A subscrição para a convocatória de uma AG extraordinária teria sido bem feita, como eu sempre defendi, insisti e voltei a insistir, assim que os prazos legais o permitissem, imediatamente a seguir às eleições de 26 de Março de 2010 e encabeçada por quem se sentiu mais lesado com os resultados trazidos a público. Refiro-me a Bruno de Carvalho e ao grupo de sócios que nele votaram e no qual eu me incluo.
    Se existiram “afinações” ou não, ficará, certamente, por provar, no entanto o candidato mais votado não ganhou.
    É certo que pelos diferentes números de votos que cada sócio tem direito, fruto de diferentes anos como associado, sempre se soube que um dia isto podia acontecer e que fazia parte das regras do jogo previamente conhecidas por todos os candidatos. Por um voto se perde, por um voto se ganha, no entanto, se o mínimo de decoro imperasse, a actual direcção nunca se poderia sentir verdadeiramente legitimada para tomar posse, principalmente num momento tão difícil da vida do clube. Apenas o fez porque já vinha com um plano traçado, plano esse onde consta de tudo menos a preocupação de ajudar a salvar o clube e voltar a fazer do mesmo um clube dos sócios e para os sócios.
    Não me querendo também alongar nessa matéria, já por demais comentada entre nós, é fácil perceber do que falo, já que o Sporting Clube de Portugal dos sócios, graças à actual direcção, acabou.
    Continuo a ouvir muitas críticas, umas avulsas, outras em jeito de balanço, nenhuma delas trazendo nada de novo e algumas efemérides idiotas à mistura mas aquilo que interessa, que é passar à acção, continua sem acontecer.
    É sabido que as AGs são sempre muito pouco concorridas devido ao total alheamento dos, maioritariamente, desinteressados sócios do clube e, quando assim é, algo está mal, porque se luta por quem não merece, mas adiante.
    Qualquer acção, seja ela qual for, peca por tardia mas como só para a morte é que não há remédio nada está definitivamente perdido.
    Quando aparecer Bruno de Carvalho, provando ainda ter um projecto exequível à data e investidores, porque seriedade e vontade de servir o clube em vez de dele se servir, eu sei que tem, como primeiro signatário de um pedido de uma AG extraordinária, como já fiz questão de lhe dizer, faço questão de ser o segundo a assinar.
    Não que ele seja mais sócio do que qualquer outro, que não o é, mas porque tem a visibilidade que outros não têm, podendo assim simplificar e acelerar o processo e porque, verdade seja dita, tendo aspirações a vir a ser Presidente do clube, tem também essa obrigação, aproveitando para poder aferir se ainda tem apoio suficiente para seguir em frente. Acredito que sim, embora ouça muitos dos que nele votaram a acusarem-no de “muita parra e pouca uva”, talvez fruto de se sentirem um pouco traídos por ainda não se ter “chegado à frente”.
    Votei nele e não em moços de recados. Em “circos” de garotada a recolher assinaturas nas filas dos hambúrgueres do Alvaláxia ou nas escadinhas da Praça Centenário, não alinho.
    Já dei, ingenuamente, para esse “peditório” há um ano atrás e sei bem no que resultou.

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