domingo, 29 de abril de 2012

Glória para consumo interno

Confirmou-se. A semana europeia verde e branca foi um desastre. 3 meias-finais em futebol, futsal e andebol redundaram em iguais afastamentos das respectivas finais. A aliar a isso, uma aprovação massiva, em assembleia geral, de 2 empréstimos no valor de 120 milhões para uma fusão que deixará os sócios sem opinião e a SAD com a faca e o queijo na mão em relação ao clube.
Começando e focando apenas o futebol, porque não vi nem o futsal nem o andebol e nem me vou pronunciar sobre a AG, posso dizer em primeiro lugar que gostei da atitude da equipa. É justo dizer que o Sporting chegou onde poucos pensavam ser possível, mesmo após a subida de Sá Pinto à primeira equipa.
A equipa dedicou-se até à exaustão, lutou e foi completamente solidária,  mas isso, por si só, não vence jogos. Ajuda, mas não os vence e esta eliminatória foi prova disso mesmo.
Houve nesta eliminatória 3 situações, na minha opinião, que precipitaram o triste desfecho. A primeira e talvez mais importante, foi o Sporting não ter sido eficaz em Alvalade, o que fez com que, ao não aproveitar as inúmeras oportunidades que teve para "matar" a eliminatória, tivesse seguido para o país basco com apenas 1 golo de diferença, permitindo inclusive, contra a corrente de todo o jogo, o golo que "apurou" os bascos.
A segunda prende-se com o primeiro golo dos bascos em San Mamés, porque é claramente precedido de falta grave o que permite que os bascos marquem cedo e ganhem balanço, ainda que o Sporting tivesse respondido muito bem a esse golo.
E a terceira, talvez mais definidora da 2ª mão foi, depois do Sporting a 2 minutos do fim da primeira parte ter empatado, consente o empate de uma forma displicente na jogada seguinte, ainda antes do intervalo. Penso que aí esteve a chave da vitória dos bascos na 2ª mão e consequente passagem à final.
Voltando ao princípio, o Sporting deu tudo o que tinha, que neste momento apesar de ser muito, é pouco, porque a equipa está mal trabalhada fisicamente e o treinador recém-chegado não tem condições para mudar isso esta época. A segunda parte foi disso prova. Assim que o Sporting teve necessidade de recuar, com os bascos a jogar com 12 (11 + público) e mais 3 ingleses - minha opinião -, nunca mais teve capacidade para esticar o jogo, de ter bola e, consequentemente, de discutir o jogo.
No fundo, o Sporting foi decaindo em toda a segunda parte, física e animicamente. Se em termos físicos se percebe, à luz de ter jogado muitos jogos seguidos nos limites, animicamente não se percebe tão bem, embora pela forma como decorreu o jogo em San Mamés se possa ter um pequena (enorme) pista. Correr 90 minutos num campo muito complicado, é extremamente difícil. Com este inclinado, manda abaixo qualquer um, por mais abnegado que se seja e aí o "óscar" vai para... Martin Atkinson. Desde o primeiro minuto que tudo permitiu aos bascos e nada permitiu aos lisboetas. As entradas dos bascos foram sempre a roçar a violência (como a que redunda no primeiro golo) e amarelos nem vê-los. Aliás, só para se ter uma noção da qualidade do árbitro que, ainda o fim-de-semana passado validou um golo-fantasma na premier league, todo o meio-campo basco estava em risco para a final e irão todos jogar a final, mesmo após faltas grosseiras. Sintomático.
Por outro lado, à primeira falta dos leões de Lisboa, amarelo. Foi assim com Wolkswinkel e foi assim com Carriço, por exemplo. A falta de critério foi tal que na segunda parte, há largos períodos em que qualquer disputa de bola no meio campo basco redunda em falta, sendo ou não efectivamente. Assim que o Sporting passava o meio-campo, falta!
Pode mesmo dizer-se, apesar da vitória em Alvalade, que a eliminatória esteve inquinada desde início, pois só para dar um exemplo, o atleta basco que fez o golo em Lisboa, é o mesmo que minutos antes e já com 1 amarelo, tem entrada duríssima sobre Capel.
O ostracizado basco fica em campo, quando devia ter sido expulso. Se o fosse, com toda a certeza já não faria o golo. Já em San Mamés, se o árbitro tivesse marcado aquela falta, como devia ter feito, os bascos nunca fariam o 1º golo naquela jogada. Já estamos, portanto e muito redutoramente a falar de 2 golos irregulares, cada 1 à sua maneira.
Para além disso o Sporting é clube sem grande estrelinha. Mesmo quando se empenha e dá tudo, nas grandes decisões as coisas tem uma tendência assustadora para correr mal. Convenhamos, sofrer 2 golos nos descontos, um da 1ª e outro da 2ª parte é obra só ao alcance do Sporting, seja por culpa própria ou alheia.
No entanto, essa falta de estrelinha dá à glória o verdadeiro brilho, porque é com grande esforço, enorme dedicação e uma devoção a toda a prova que as vitrines do museu estão repletas de provas tangíveis.
Em Bucareste, dia 9 de Maio, devia estar o Sporting, porque no conjunto dos dois jogos foi claramente superior (em Lisboa foi na totalidade do jogo e no país basco, repartiu a primeira parte e "deu" a segunda), mas foi traído pela inexperiência de alguns miúdos e pela inépcia de alguns graúdos, mas a glória moral fica connosco e connosco permanecerá sempre, porque amanhã o mundo não se vai lembrar que caímos de pé.

PS: Relembro, a todos os invejosos que durante os dias seguintes têm brincado com a nossa derrota, o seguinte: Para perder como para ganhar seja em que eliminatória for, é preciso, em 1º lugar, lá chegar e esse mérito é inalienável. Ter 3 modalidades a disputar as meias-finais das respectivas competições europeias, só está ao alcance da maior potência desportiva nacional que ainda por cima vive uma das maiores crises financeiras e de identidade da sua história centenária.

1 comentário:

  1. Tirando o facto de apontares um pouco mais do que eu, as baterias ao árbitro, penso que, mais coisa, menos coisa, estamos de acordo.
    O problema é que por culpa de A, B ou C, o Sporting continua igual a si próprio. Morremos demasiadas vezes na praia, somos como o puto do Danoninho, falta-nos sempre “um bocadinho assim”.
    Só esta semana foram três finais para o “lixo”.
    Se mesmo com tanta malapata temos no nosso museu um número de troféus conquistados nas mais díspares modalidades, sem igual em todo o mundo, imagina se conseguíssemos o impossível, ou seja, ganhar sempre.
    Quanto aos invejosos, nem lhes passo cartão e é como tu dizes. Para perder é preciso primeiro lá estar. Será preciso lembrar aos invejosos que para além do futebol, onde nada têm ganho, a única coisa que perderam foi as bicicletas porque apareceram os donos?

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