terça-feira, 10 de abril de 2012

O paradoxo de crescer, recuando

Durante toda a semana ouvi comentários de supostos entendidos na matéria a dizer que, apesar de ser ser um teste difícil o Benfica tinha mais opções, mais isto, mais aquilo e que com mais ou menos dificuldade deveria vencer em Alvalade. Alguns houve que até foram mais longe reforçando ou, pelo menos, dando a entender, que o Benfica, pela sua qualidade, faria uma espécie de passeio em Alvalade.
Como sportinguista, mas acima de tudo, como amante do desporto e seja em que modalidade ou clube for, fico estupefacto quando a mediocridade profissional e soberba clubística roçam a falta de respeito por instituições como a do Sporting que, tem feito mais do que qualquer outro clube (não é opinião, é facto) pelo desporto português.
Quem jogou à bola ou praticou qualquer outro desporto colectivo sabe que  por o serem, as melhores equipas, com melhor plantel, com mais opções, antes de vencerem os jogos e os títulos têm de os disputar e que, de uma forma muito redutora, acabam por ser 11 contra 11. Nem mais, nem menos. O ser melhor, em teoria e estatística não é condição "sine qua non" para vencer o que quer que seja. Se assim fosse a própria competição nem faria sentido.
E ontem foi isso que aconteceu e só não é mais estrondoso o resultado porque, em vez de São Patrício, como era antevisto quase pela generalidade da imprensa "especializada", houve Santo Artur. E muito.

O Sporting percebeu, para este jogo, duas coisas fundamentais, na minha opinião. A primeira prende-se com o facto de que era ao Benfica quem cabia pegar no jogo e a segunda prende-se com o facto de, jogando mais compacto e agressivo, para além de retirar espaço de progressão ao Benfica, entregaria a iniciativa do jogo a jogadores que não têm essa função, esvaziando a capacidade de construção rápida da equipa encarnada. No fundo, dando um falso passo atrás, obrigando o Benfica a expor-se mais, cresceria e em contra-ataque, saindo ora por Capel, ora por Izmailov, ora por Matías podia decidir o jogo, nunca necessitando de perder organização.
A bem dizer foi esta lição de humildade que, deixando a grandeza (que é nossa por direito) e a soberba de jogar em casa, adoptando uma posição mais pragmática e realista, começou a desenhar a vitória.
O Sporting faz apenas 1 golo, de grande penalidade, mas podia, principalmente na segunda parte, com o jogo mais partido e tendo um avançado mais "batido" (O Liedson teria chamado ao jogo de ontem um figo), ter feito um resultado pornograficamente histórico, se atendermos ao que foi vendido durante a semana e à qualidade teórica das duas equipas. Apenas Artur, em noite inspiradissíma (em contraste com Wolfswinkel) e a trave permitiram ao Benfica, ontem, sair de Alvalade com uma derrota apenas lisonjeira.

Uma palavra para Sá Pinto e com toda a justiça: O final de época que o Sporting está a fazer, longe de ser fantástico, tem sido à imagem do próprio enquanto atleta: pragmático e alicerçado em muita humildade, muito trabalho e abnegação. A equipa é solidária, não tem medo de trabalhar colectivamente e assume a discussão de qualquer contenda como missão. Para além disso, a sagacidade e a capacidade de análise do ainda jovem treinador do Sporting, tem valido, por si só, maior confiança da equipa nas conquistas.
Ontem, assim a brincar, o "há apenas dois meses e meio treinador principal" deu um banho táctico ao decano treinador encarnado, auto-intitulado mestre da táctica.

Apenas uma nota para Jorge Jesus e no seguimento da ideia veiculada em relação a alguma imprensa: Quando não se sabe ganhar, denegrindo todos os outros nas vitórias, muito dificilmente se sabe perder. Ontem, depois da palhaçada da "se a minha avó tivesse colhões, muito provavelmente seria o meu avô", relativamente a um suposto penálti ao minuto 1, ainda diz, minutos depois, que a melhor oportunidade da 2ª parte acaba por ser do Benfica. Nem vou comentar e apenas faço minhas as palavras do Manuel Machado: " um vintém é um vintém e um cretino é um cretino".
Tirem as ilações que entenderem.

1 comentário:

  1. Relativamente aos quatro primeiros parágrafos, mais uma vez, parece que combinámos :)
    Quando à análise que fazes, quer do jogo, quer de ambos os treinadores, devo dizer que também subscrevo.
    Não há dúvida de que num espectáculo que até não correu mal, fora e dentro de campo, o única a fazer figura de urso acabou por ser o gajo com mau perder. Refiro-me, claro está ao “Jasus”.
    "Um vintém é um vintém e um cretino é um cretino".

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