quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Com um ponta-de-lança, depois falamos

Na minha primeira presença em Alvalade esta época vi o Sporting perder em casa, com o Rio Ave. Foi decepcionante, mas à falta de melhor análise e apesar do péssimo resultado, gostei de algumas coisas.
Para dizer a verdade gostei de quase tudo o que foi feito até à zona de decisão. Achei mesmo que o Sporting jogou o suficiente para vencer o jogo.
Bem sei que a malta analisa a coisa sempre apoiada no resultado e mais facilmente se gosta de uma merda de exibição com vitória do que uma exibição normal com derrota. São perspectivas.
Para mim o problema do Sporting neste jogo e já extrapolando para o resto da época (até 31 de Agosto pode haver mudança e com a cedência de Wilson Eduardo à Académica, essa mudança ganha força) é apenas um: Falta de concorrência, digna desse nome, na frente.
Wolfswinkel é um puto novo, com características e escola de ponta-de-lança, mas sem "nervo" para ser única opção de ataque num clube que se propõe - quanto mais não seja - a lutar por títulos. Mais: Na sua posição, raramente se consegue enquadrar ou receber em condições privilegiadas e quando o faz, atrapalha-se ou atrapalha terceiros, o que invariavelmente o faz fugir para fora da sua zona de acção, deixando o centro do ataque completamente órfão.
É inadmissível que o ponta-de-lança do Sporting apenas consiga fazer um remate, digno desse nome, nos descontos da 2ª parte.
É inadmissível que não consiga, em 90 minutos fazer mais do que correr atrás da bola, porque sempre que a bola lhe é endossada, deixa-se antecipar ou bater.
É inadmissível que raramente consiga fazer um passe ou uma tabela em condições (o golo do Rio Ave nasce de um dos passes transviados de Wolfswinkel, ainda por cima curto).
E atenção que eu não quero crucificar o rapaz, mas parece-me óbvio que Wolfswinkel não tem "estaleca" para ser, neste momento, primeira opção.
Para mim é tão simples quanto isto: Ou até 31 de Agosto o Sporting compra, pede emprestado ou vai roubar um ponta-de-lança que faça golos à séria (nem me importo que venha um velho em final de carreira, desde que faça e saiba realmente fazer golos), ou a este ritmo à 10ª jornada estamos a lutar para descer.
E nem é tanto por falta de jogo ou de oportunidades. O Sporting cria jogo, cria oportunidades, mas sem quem faça golos, nem o Real Madrid ganha o que quer que seja.
Posto isto, comprem lá um ponta-de-lança e depois falamos.
Desculpem lá, mas à 2ª jornada, não crucifico ninguém que não mereça ser crucificado e este Sporting, para além de não o merecer, não merece a nulidade* que tem como ponta-de-lança.

* Nulidade neste momento. Continuo a achar que bem trabalhado e com "estaleca" de futebol português que claramente não tem, pode fazer-se um ponta-de lança de topo. Disse o ano passado para quem me ouviu, sobre Wolfswinkel: Tem boas características e sabe movimentar-se, mas marcar golos na Holanda não é a mesma coisa que marcar em Portugal e só durante um pequeno período fiz por ser enganado. De resto, parece-me óbvio hoje como me pareceu o ano passado que o caminho de adaptação é longo.

PS: Vi ontem o programa Prolongamento da TVI que, este ano, tem um comentador do Braga (ainda não percebi porquê, já que nem o Boavista, quando chegou ao título, teve direito a um). Vi os 6 minutos de pura loucura verbal em que o comentador afecto ao Braga diz alarvidades como "milhões de Bracarenses" e " os 3 grandes já vão à frente", já para não falar no tom de chacota a que esse senhor votou toda a sua análise ao jogo do Sporting. Não consigo comentar a desonestidade intelectual inerente às afirmações, porque a mesma é inqualificável e porque me recuso a comentar afirmações de pessoas que falam sob o efeito de álcool ou de estupefacientes ou de pessoas com um qualquer distúrbio mental declarado.
O meu clube (institucionalmente) devia tomar uma posição sobre isso e não deixar o Eduardo Barroso fazê-lo (sabe-se lé em que qualidade), que não tem moral para isso.

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Começa a época...

...Começa a discussão.
Não me pronunciei sobre a pré-época do Sporting porque não a segui com grande atenção. Vejo agora que as contratações me parecem acertadas em lugares que eram de reforço imperativo, mas a avaliar pelo que vi ontem (globalmente gostei), a malta continua a esquecer-se de reforçar na posição que nos pode garantir mais pontos: A de ponta-de-lança!
O jogo de ontem foi típico de início de estação: Muita vontade em fazer bem, muita entrega, muita táctica, mas muito pouca objectividade. É natural, sendo o primeiro jogo oficial.
Gostei da ideia de jogo, mas os últimos 20 metros continuam a ser uma pobreza franciscana e se não forem os extremos ou os laterais a dar a sapatada no jogo (grande jogo do Cédric), o nosso ponta de lança é figura de corpo presente. Pior: Além de não vislumbrar alternativa (Viola, ao que parece, além de ser miúdo, não é um 9 puro), o Wolfs marca muito golos mas de bola parada, porque de bola corrida, é praticamente nulo.
É verdade que a bola pouco ou nada lhe chega, mas quando lhe chega ou está fora-de-jogo, ou não acerta na entrada à bola, falhando redondamente. Ontem fez "só" zero remates.
Até 31 de Agosto há possibilidade de reforço de uma posição tão nevrálgica como a de ponta-de-lança. E não me importo que venha um trintão tipo Acosta, desde que faça golos, porque já se viu que em jogos em que os últimos 20 metros têm 2 autocarros, como ontem, não será o Wolfs a resolver a não ser se o Carrillo ou o Capel caírem na área...

Outro assunto a respeito disto que queria abordar é o novel elogio da loucura. A doutrina tem já um par de anos, mas não deixa de me fazer confusão. Então o Guimarães, para os comentadores, mereceu o empate porque defendeu bem? O Vitória que - em especial na 2ª parte - esteve largos períodos sem sair do seu meio-campo? Que apenas criou perigo através de bolas paradas (com excepção a um remate aos 19')? Que apenas se limitou a povoar o meio-campo e a destruir jogo?
Realmente eu acho que anda tudo maluco. Eu posso dizer que ainda sou do tempo em que o "autocarro" à frente da baliza era mal visto. Hoje é "organização defensiva".
Eu ainda sou do tempo que o destruir jogo gratuitamente e sem vontade nenhuma de atacar, nem que fosse em contra-ataque era considerado jogar para o pontinho (Sim, eu sou do tempo do Beira-Mar do Vítor Urbano, com 3 centrais, dois laterais, 2 trincos, o Punisic e o Dino). Hoje é considerado estratégia.
Qualquer dia a falta de comparência deixa de ser estúpido e passa a ser parte de uma estratégia maior.