domingo, 7 de outubro de 2012

A salvação começa em nós. Sempre!

Em Fevereiro deste ano, escrevi aqui um artigo intitulado "Sporting e a maior encruzilhada da sua história" que podem consultar aqui, onde fazia uma análise do momento que se vivia então no Sporting, tanto desportivamente como directivamente.
Passados que estão 9 meses, sensivelmente, deparo-me com o arrastar solidário da mesma situação com uma enorme diversidade de protagonistas.
A situação directiva mantém-se e, em alguns casos concretos, piorou substancialmente. A total inépcia que esta direcção tem é confrangedora, por um lado e assustadora, por outro. É confrangedora no sentido em que nada do que esta direcção se meta tem retorno desportivo ou financeiro e assustadora porque começo a achar que é daqueles casos em que os visados têm pouca ou nenhuma noção do mal que vão fazendo. Pior dos que fazem mal com maldade são os que fazem mal pensando estar a distribuir o bem. E esta direcção, parece-me, já entrou nesse processo há algum tempo.

O triénio (como tanto gosta o actual presidente de se referir ao mandato) carece urgentemente de um projecto. Um projecto sólido que definisse rumos e objectivos claros e concisos e que toda a gente, desde o presidente, passando por toda a estrutura (outra coisa que falta na sustentação de qualquer projecto), até chegar ao sócio ou ao adepto, se identificasse com. Mas mais importante do que haver um projecto é haver competência. E essa é a virtude que falta. Há empenho, há vontade, há "carolice", mas falta competência e sem ela não há ideia que tenha sucesso de implementação. Pior, além da incompetência inerente ao pináculo directivo, o mesmo vai mostrando mais incompetência ao rodear-se de pessoas de ocasião, sem qualquer critério para além de ganhar votos/silêncios nos vários sectores palacianos do clube.

O Sporting Clube de Portugal - e já o disse - é uma cópia, em ponto pequeno, do país e do sistema político-partidário que temos. O paralelismo, se assim se quiser entender, chega a ser assustador, senão vejamos:
O Passos Coelho do Sporting é o Godinho Lopes e o Governo é a direcção. Neste contexto percebemos que tanto o Passos como o Godinho percebem zero da poda, por um lado por serem idiossincraticamente incompetentes e, por outro, por não terem experiência nenhuma para um cargo para o qual foram "eleitos".
Pior, os seus governos, têm zero experiência de governação e isso vê-se nas diversas aparições institucionais.

O Governo
Tal como Passos, Godinho "venceu" com cerca de 33% dos votos que não legitimam ninguém, mentiu descaradamente na campanha, nunca cumpriu uma promessa que fez e acha que não está fragilizado.
Sobre o Governo, ainda em paralelismo, torna-se claro que o Relvas era o PPC, o Gaspar é o Nobre Guedes/Ricciardi, o Portas é o Barroso e a Cristas é o Rui Paulo Figueiredo.
PPC, o Relvas do Sporting, também era o braço direito do Godinho, está metido até aos dentes em processos de coacção, esquemas diversos e é daquelas pessoas que dá mau nome a qualquer instituição porque nada parece ser transparente.
Nobre Guedes/Ricciardi, fazendo o paralelismo com Gaspar, são aqueles que, como lapas, se mantém há vários governos com o único intuito de delapidar e perpetuar o saque que é feito no clube há cerca de 15 anos. Por um lado apagam as provas de qualquer má gestão ou gestão danosa e por outro continuam a vender o que resta e a fazerem project finance atrás de project finance, sem que se veja fim à vista do serviço da dívida.
O Barroso, está contra algumas medidas da actual direcção, mas por uma questão de solidariedade institucional (o que é estranho vir de um adversário eleitoral, sendo eleito para a mesa da AG que é o órgão que defende os sócios) e tal como Portas, assina sempre de cruz os sucessivos "orçamentos de estado".
Por fim a Cristas do Sporting, Rui Paulo Figueiredo é um pau para toda a obra. Já mudou 567 vezes de cargo desde que tomou posse, mas tal como Cristas, não há nada que se possa ligar ao seu trabalho, porque em boa verdade não se sabe nunca o que este senhor faz, a não ser que, fora do clube, é deputado e membro daquela instituição dos aventais abichanados que tem muita saída junto dos corredores do poder de ambas as instituições de que ele faz parte (AR e SCP).

A Oposição
Bruno de Carvalho parece ser uma espécie de José António Seguro do Sporting e tal como o actual líder do PS, dá-me a sensação de esperar que o poder lhe caia de podre no colo. Para isso, manda umas bocas, faz umas declarações, aparece, mas tal como o Seguro, apesar de ser contra e ele próprio o diz(seja em que for), abstém-se sempre de se chegar à frente.
Numa altura em que uma oposição mais "musculada" já teria trazido outros resultados (pelo menos é essa a minha ideia), Bruno de Carvalho tenta, delegar nos sócios (????) o ónus da marcação de uma AGE que faça uma espécie de moção de censura ao actual "governo", quando, claramente, a capacidade de mobilização de um sócio ou de um grupo de sócios comuns, é inferior à sua própria capacidade de mobilização. Quanto mais não seja pelo capital de confiança angariado durante as últimas eleições.
Tal como Seguro, Bruno de Carvalho parece sempre esperar não ficar mal junto dos eleitores numa próxima votação, porque de outra maneira, já se teria chegado à frente. Pelo menos era o que eu faria no lugar dele.

A JuveLeo representa claramente o CDS, porque estão sempre do lado do poder. Tal como o CDS, tiveram a necessidade institucional de, e abertamente, se ligar à direcção porque é ela que garante a manutenção do status quo. Tal como o CDS, mandam zero (embora tenham ideia do contrário), mas em todo o caso, ficam bem na foto ao lado do poder. No dia em que o poder mudar e tal como o CDS, mudam o chip e viram para o outro lado.

A Torcida e o Directivo são o Bloco e o PCP do Sporting. Estão claramente contra a direcção (não sei se institucionalmente), mas tal como os dois partidos na AR a apresentar moções que sairão sempre chumbadas, as duas claques fazem as moções de censura possíveis através de tarjas e palavras de ordem que se perdem nos 90 minutos de cada jogo. Nada mais do que isso.

Por fim e mais importantes, os sócios. Nós, sócios, somos o povo do Sporting. Somos quem paga as quotas, quem sofre com as vitórias e as derrotas. Quem se esfalfa para andar às centenas de quilómetros, quem faz contas para meter na equação o Sporting. Por isso, é a nós a quem é pedida a palavra, porque é a nossa palavra que realmente interessa. Os Godinhos, as direcções, a influência institucional das claques e a puta que os pariu a todos passam como se fossem comichão nos tomates, mas enquanto houver sócios que gostem a sério deste clube centenário, o Sporting nunca morrerá.

Já todos percebemos (ou pelo menos alguns) que com estes intervenientes, vai mudar-se para ficar tudo exactamente na mesma. Por isso, não há salvação possível, nem D. Sebastião (alegoria a um messias qualquer que apareça e do nada resolva todos os problemas a que ninguém se deu ao trabalho sequer de pensar) que nos valha se, individualmente e/ou colectivamente, não quisermos ser salvos.

Ao pensar que podemos ter direitos sem os deveres inerentes somos negligentes connosco e com tudo aquilo em que acreditamos deixando essa responsabilidade para terceiros. A salvação começa e acaba em nós. Sempre!

1 comentário:

  1. Excelente texto. Subscrevo na íntegra deixando apenas uma nota relativamente ao Bruno. Ainda a época passada não tinha terminado e já eu lhe dizia – e já disse mais do que uma vez - que no dia em que ele fosse o primeiro a subscrever uma proposta para a convocação de uma AGE eu faria questão de ser o segundo a assinar mas que enquanto andassem anónimos peões de brega pelas escadas do Alvaláxia e afins, a fazer figuras tristes enquanto solicitavam assinaturas em folhas avulso nunca conseguindo mais do que uma ou duas dúzias de subscrições e onde invariavelmente até a maioria dos números de sócios ficavam sempre por preencher ou a carecer de prova por ausência de cópia dos documentos, eu nunca assinaria, nem vou assinar, nada.
    Sabemos do que falamos porque participámos a quente numa dessas acções, dois ou três dias após a vergonha que foi o último processo eleitoral do Sporting Clube de Portugal e rapidamente se percebeu que estávamos a chorar sobre o leite derramado.
    A razão?
    Simples. A tal falta de capacidade de mobilização de simples sócios anónimos, rapidamente perceptível para alguém com dois dedos de testa, comparada com a eventual capacidade de mobilização de alguém que tinha acabado de ser candidato à presidência do clube e que tinha sido quem mais sócios teve a votar nele. Um sócio como eu ou tu, é certo, mas com muito mais visibilidade fruto dessa recente candidatura.
    Não querendo fazer juízo de valores relativamente à ideia de que ele está ou não com receio de se "queimar" para uma eventual recandidatura ou se está à espera que o poder lhe caia de podre nas mãos tenho no entanto de referir – nada que também não lhe tenha dito já – que já se deveria, há muito, ter chegado à frente nesse sentido. Não o quer fazer, é um direito que lhe assiste embora nesse ponto já lhe tenha dito que estou em desacordo com ele mas isso também será para o lado em que ele dorme melhor.
    Sei que luta em sede própria (AGs) pelas ideias que defende, nós também lá vamos, vimos e lutamos com ele mas sabemos que não chega. Não chega pelo simples facto de que num clube com cerca de trinta mil sócios (à miséria que isto chegou) com poder de voto, apenas duzentos ou trezentos se apresentam nas AGs, sendo que a maioria são os zombies algaliados que a direcção faz transportar até ao local como se de um comício do PC se tratasse.
    O Bruno foi o único candidato que para além de apresentar um projecto digno desse nome, tentou mudar o triste paradigma deste clube, teve a maioria dos sócios a votar nele. O clube está a bater no fundo, sinceramente não sei porque espera até porque se está a arriscar a ter de meter a viola no saco de uma vez por todas. Ele lá saberá.
    Os amigos criticam-se em privado e elogiam-se em público, se ele não se importar que eu me considere amigo dele, mas tenho de dizer publicamente o que já lhe disse em privado, até porque pode ser que mais alguém apareça a dizer-lhe o mesmo. Oh Bruno, ou arrepias caminho, o que até já deverias ter feito há mais de um ano, ou assim não te safas.
    Saudações Leoninas!

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