segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Antes pelo contrário

Como diria o saudoso Gabriel Alves, o Sporting não jogou nem bem nem mal, antes pelo contrário, mas ganhou. Pela margem mínima, é certo, mas ganhou. E as estatísticas não enganam. 4 jogos com Sá Pinto, 1 empate muito importante em Varsóvia e 3 vitórias consecutivas, numa altura, desportivamente, muito complicada. Mais: Não só deixou (até ver) de perder pontos para os 4 da frente, como até ganhou 5 pontos ao 1º. E em apenas 2 jornadas. Pode dizer-se que foi o 1º que perdeu pontos. Aceito, mas ao Sporting, apenas cabe fazer o seu papel, fazendo com essa elementar conduta, beneficiar dos deslizes alheios.
E tem ganho, a meu ver, não só os jogos, mas acima de tudo, uma equipa. Ainda é curto, tanto num caso como noutro, mas pelo menos é uma mudança que já se pode ver, para quem, obviamente, estiver disposto a isso.
Ontem notei mais um passinho (baby step) na evolução. A equipa conseguiu, durante um bom período, na primeira parte mostrar um futebol com alguma qualidade e que culminou na jogada (fantástica, diga-se) do golo de Izmailov. A intensidade aumentou e o Sporting (já) consegue imprimir uma pressão mais alta, mais à frente e durante mais tempo. A posse aumentou, assim como a qualidade da mesma, os remates também aumentaram e o Sporting já ganha muito mais primeiras e segundas bolas, na primeira fase de construção dos adversários, fruto dessa pressão sobre o portador que era negligenciada há bem pouco tempo. Tudo somado, quando ganhamos mais bolas e mais à frente, estamos sempre mais perto de, por um lado não sofrer golos e por outro ter mais chances de marcar.
Resolvendo então a questão dos últimos 30 metros, que não se avizinha fácil, porque muito dessa resolução depende da parte física, o Sporting resolve grande parte do seu jogo actual. Resolvidos que estão (aparentemente) os problemas da intensidade e agressividade competitivas.

Se desportivamente o Sporting recupera do coma induzido, estando já bem acordado, ainda que fortemente medicado, a nível da direcção este silêncio súbito causa-me estranheza e apreensão.
É minha convicção que a direcção do Sporting devia ter-se demitido aquando do despedimento de Domingos e por uma razão lógica: Domingos era um pilar fundamental de um projecto de 3 anos que, valha a verdade, poucos conheciam. Mais: Passa de fundamental a dispensável em apenas 24 horas, por suposta traição, que a Lusa (veiculou a informação em primeira mão) se encarregou de desmentir a fonte, ligada ao Sporting, em mais um episódio cardinalli. Mais ainda: O Acordo de rescisão contempla o pagamento de salário até Domingos arranjar clube, o que faz com que o Sporting, esteja neste preciso momento, a pagar a 3 equipas técnicas, o que demonstra que, num clube com grandes dificuldades financeiras, ainda há luxos que podem ser pagos.
Como se tudo isto (que já é assustador) não bastasse, há 9 meses de equívocos, de lesivas opções, de dezenas de promessas não cumpridas e de muitos outros tiros no pé e casos de polícia que, para além não terem qualquer explicação lógica (a não ser à luz da delapidação que é feita no clube há anos), não têm qualquer explicação por parte de quem tem contas a prestar aos sócios. Aliás, a rábula da auditoria externa, sem consequências, é bem o exemplo do desnorte a que esta direcção, desde o 1º dia, tem votado o clube.
O que se sabe é que depois  desse episódio circense (o despedimento relâmpago de Domingos), só ao alcance de artistas de circo consagrados, a direcção fechou-se em copas, não fazendo mais nenhuma declaração após a apresentação de Sá Pinto.
A medida nunca se estranharia num clube dito normal, mas olhando para o passado recente desta direcção, direi (com toda a certeza e propriedade) que estão a preparar alguma e em força. É um bocado como as crianças mexidas que, de um momento para o outro, deixam de se ouvir. Das duas uma: Ou aconteceu alguma coisa grave ou estão a preparar alguma que pode culminar em coisa grave. Nenhuma das duas é boa e por isso é que os sócios e adeptos têm que se manter vigilantes.
A recuperação da equipa era absolutamente imperiosa e está a fazer-se sobre a égide de Sá Pinto, nem que seja apenas para restaurar algum do orgulho perdido, mas essa evolução favorável não pode mascarar, de maneira alguma, os 9 meses de "desgoverno" de uma direcção medíocre, que a cada dia que passa (e agora com mais um balão de oxigénio chamado Sá Pinto) encosta mais o clube ao abismo.
Paulo Bento quando se demitiu do cargo de treinador, no seu jeito frontal, disse que cometeu um erro e que esteve, por isso mesmo, 4 meses a mais no Sporting. Godinho Lopes e "sus muchachos", digo-o eu, estão há 9 meses a mais no Sporting. E digo mais: Não sei como seria se o candidato em que votei ganhasse, porque não sou vidente, mas de uma coisa eu tive a certeza logo no momento: Godinho Lopes nunca faria parte da solução, mas sim do problema, como agora se constata.
É que com esta direcção a coisa está bem mais "preta" do que eu próprio perspectivava e eu até achei que estava a ser bastante pessimista, na altura.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

Vencer para mais tarde convencer

Sá Pinto disse-o no final e, no fundo, já se consegue ver isso na equipa. Pediu que a equipa pusesse em prática o lema Esforço, Dedicação, Devoção para atingir a Glória e o facto é que nos últimos jogos, mesmo sem, em termos futebolísticos, deslumbrar (muito longe disso), a verdade é que a equipa tem demonstrado uma capacidade competitiva que desconhecíamos e que só é abalada pela menor capacidade física que cada elemento empresta à equipa.
Nesse aspecto, o jogo de ontem, tal como o de Varsóvia, foi particularmente exigente. A equipa polaca tem uma disponibilidade física e uma noção de competição impressionantes, capazes de "fazer corar" a grande maioria das equipas da Europa, mas o que lhes sobra em disponibilidade física, falta-lhes em capacidade técnica.
O jogo foi uma autêntica guerra, no bom sentido. Cada lance, cada bola, cada espaço era disputado como se do último se tratasse e isso emprestou ao jogo um ritmo bastante alto, mas retirou clarividência às duas equipas, principalmente enquanto o "pulmão" aguentou, para esticarem o jogo e criarem perigo.
A um início muito intenso dos polacos, nos primeiros 10/15 minutos, que nos chegaram a empurrar perigosamente para trás, quase conseguindo marcar num erro de cálculo de Rodriguez, respondeu o Sporting, libertando-se da pressão inicial, com maior qualidade de posse. Enquanto os polacos jogavam muito directo, o Sporting preferia trocar mais atrás, tentando abrir as linhas polacas, e sair com certeza, até porque o resultado da 1ª mão assim o permitia. Porém, faltavam 20 metros ao Sporting. Só nos últimos 20 minutos da 1ª parte, quase sempre pela direita onde Carrillo e João Pereira dão andamento ao corredor, o Sporting foi capaz de começar a incomodar efectivamente a defesa contrária. Do lado contrário Izmailov bem se esforçava por dar largura, mas não tem ainda andamento físico e nunca será um extremo de raíz. Dos polacos, tirando o erro de Rodriguez, pouco mais se viu, em termos atacantes.
A 2º parte muda um pouco o cariz do jogo. O Sporting entra melhor, mais afoito, mas mesmo assim não consegue esticar o jogo até à área contrária. O jogo continua na mesma toada de "guerra", mas, à medida que o tempo vai passando e os polacos vão perdendo frescura física, o jogo começa a ser (melhor) jogado no meio campo polaco e, como consequência directa, o Sporting começa a acercar-se mais da área contrária. Os polacos recuam e tentam o jogo ainda mais directo.
Nesta fase e apesar de não haver praticamente lances de golo em ambas as balizas, o Sporting está por cima do jogo e da eliminatória e está relativamente confortável, mas, em pouco mais de 5 minutos, é obrigado a esgotar as substituições. Com tanto tempo para se jogar, Carrillo sai com fadiga muscular, Rodriguez sai com um problema no joelho e Izmailov, ainda sem o ritmo ideal, sai também com fadiga muscular. Para os seus lugares entram, respectivamente, Capel, Xandão e Pereirinha.
Com cerca de 20 minutos para se jogar, duas coisas ficaram certas naquele momento: Quem estava em campo, teria de aguentar até final, tivesse ou não problemas físicos e se a coisa corresse mal, não haveria mais que se pudesse fazer do banco, senão mudar a estratégia.
Apesar de melindrado pela própria situação de perder 3 jogadores em pouco mais de 5 minutos, o Sporting continuou a controlar o jogo com mais ou menos dificuldade, até que, ao minuto 83, num livre de Matías, depois de mais uma falta ganha por Capel (que entrou bastante bem na partida, dando a largura que aquele flanco não tinha tido até aí), chega ao golo que "arrumou" a eliminatória. Com pouco mais de 10 minutos para jogar não era expectável que os polacos fizessem 2 golos e o jogo acabou por chegar ao fim sem mais sobressaltos. A vitória é justa, num jogo bastante intenso, mas sem grande qualidade futebolística. Vão-se o anéis, mas ficam os dedos.
Nesta fase é mais importante vencer. Vencer para depois (acredito eu) convencer.

O QUE EU GOSTEI
- Da atitude e do empenho da equipa do Sporting: Já dizia o Szabo que o futebol é 1% de inspiração e 99% de transpiração. Apesar de, em termos futebolísticos, o Sporting ainda estar a um nível baixo, mostrando apenas a espaços alguns pormenores, desde a entrada de Sá Pinto que se nota que a equipa ganhou nova alma e nova mentalidade competitiva.
- Da aplicação efectiva do trabalho de casa: As bolas paradas, toda a gente sabe, são uma mais-valia quando resultam, porque muitas vezes podem "desatar" o nó de um jogo que está complicado. Mas, para isso acontecer, tem de haver trabalho por trás, durante a semana. Desde que Sá Pinto entrou que o Sporting melhorou bastante esse capítulo (que já não era especialmente mau com Domingos, mas que funcionava muito à base da individualidade). Coincidência ou não, nos 3 jogos de Sá Pinto, outros tantos golos de livre e verdade seja dita que Carriço tem estado em bom nível, nesse aspecto, seja a marcar, como em Varsóvia, seja a estorvar, como em casa com o Paços, ou seja a simular, como ontem com o Légia.
Da melhoria que o banco representa: Na era Sá Pinto, as opções que saltam do banco acrescentam, de facto, alguma coisa ao jogo e o Sporting é quem mais ganha com isso. Mesmo aquelas opções que os sócios e adeptos normalmente torcem o nariz têm sido mais-valias.

O QUE EU NÃO GOSTEI
- Da exibição: Embora reconheça que é preciso algum tempo até a equipa assimilar os novos métodos de trabalho e apesar de já ter notado algumas mudanças relativamente ao futebol de Domingos, nomeadamente a exploração do jogo interior nos corredores, o próprio posicionamento de alguns elementos e a disponibilidade competitiva, o facto é que o futebol do Sporting é (ainda, espero eu) muito pobre. A equipa tem qualidade inegável, mas não consegue transpor isso para o jogo colectivo a não ser a espaços muito esporádicos. Acredito que, com aquisição da nova identidade e a mudança do paradigma descendente a que estava votada, assim como com os últimos resultados positivos alcançados, paulatinamente, as exibições mudarão.
- Do estado físico da equipa: Apesar da grande disponibilidade competitiva que, principalmente estes 2 jogos europeus, tem mostrado, a equipa está exausta (já estava há largos meses) e dá a nítida sensação que foi mal trabalhada nesse aspecto pela anterior equipa técnica. Melhorou-se bastante em termos anímicos, mas em termos físicos, terá de ser com trabalho de fundo que exige algum tempo.
- Das inúmeras lesões que todos os jogos acontecem: Com o Paços Onyewu e Rinuado, ontem Carrillo, Rodriguez e Izmailov. 5 lesões em dois jogos não augura nada de bom e só vem provar que, ou a equipa estava mal trabalhada, potenciando as lesões, ou o Departamento médico não dá conta do recado satisfatoriamente. Ou ambas. São casos a mais, em menos de um ano, para que se possa falar em azar. O mais assustador disto tudo é que a maioria dos lesionados é crónica, o que nos faz elevar os olhos para a direcção desportiva e questionarmo-nos em que condições foram adquiridos alguns jogadores e porque é que o Dr. Gomes Pereira foi, efectivamente, afastado. Dos 19 que chegaram este ano, se não me falha a memória, só Carrillo, Ínsua e Elias (dos que jogam com regularidade) ainda não estiveram lesionados. Tanto Rinaudo, Onyewu, Schaars, Wolfswinkel, Capel e Jeffrén, já deram entrada no "estaleiro" e alguns são "clientes" habituais.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Dar tempo a quem merece e tirá-lo a quem já o esgotou

Ainda é cedo para tirar conclusões e o Sporting ainda apresenta défices em alguns momentos do jogo, mas ontem fizemos o mais importante que era conseguir a vitória, porque só as vitórias trazem estabilidade e confiança.
O jogo de ontem foi mau em termos exibicionais, mas a verdade é que notam-se já algumas mudanças. Pequenas, é certo, mas já se notam. Por outro lado há coisas que parecem demasiado enraízadas.

O QUE MUDOU (ou parece ter mudado)
Já tinha notado no jogo em Varsóvia e ontem voltei a notar que a equipa, mesmo praticando um futebol muito previsível e de ritmo lento, que invariavelmente impacienta a maioria dos sócios (e a mim também) está mais solidária, com mais vontade de fazer as coisas bem e já se notam pormenores que fazem alguma diferença para o antecessor: As bolas paradas, algum jogo interior, melhor aproveitamento das opções e, ontem, a maior posse e maior número de remates, em relação aos últimos jogos.
Nas bolas paradas os números não enganam. 2 golos em outros tantos jogos não me parecem ser obra do acaso, até porque nestes dois jogos o Sporting tem criado mais perigo nesses lances do que normalmente conseguia.
O jogo interior melhorou e bastante. Ontem (em Varsóvia com o estado daquele relvado era praticamente impossível jogar de outra forma que não fosse o pontapé para a frente) já se viu bastantes vezes, quer no centro, quer nas linhas, as tabelas rápidas nos últimos metros, libertando jogadores e linhas de passe nas imediações da área. Ainda não resulta muito, mas já se vê uma tentativa.
O Sporting tem feito, nestes dois últimos jogos, um maior e melhor aproveitamento das opções que tem no banco. Coincidência ou não, o facto é que, quem tem entrado tem "emprestado" mais-valia directa e a equipa, invariavelmente, tem melhorado. Foi assim com Carriço, André Santos e Pereirinha em Varsóvia e foi assim ontem com Pereirinha, André Santos e Carriço. Curiosamente, destes 3 apenas 1 contava para Domingos.
A posse de bola aumentou exponencialmente. De 50 e poucos por cento dos últimos jogos de Domingos para quase 65% no jogo de ontem. Ainda é uma posse distante daquilo que é exigível, porque os jogadores, sem confiança, tem alguma dificuldade em explorar fora das zonas de conforto, mas é uma prova de que a equipa perde menos bolas e recupera a bola mais rápido. Ainda é curto porque é feita muito atrás, mas é um indício de que se quer ganhar confiança em ter bola. E isso é importante.
O número de remates aumentou também. Ontem foram 16 ao todo e apesar de pouco acerto se notar nesse capítulo, há, pelo menos, a mudança em relação ao Domingos (que insistia muito no jogo pelos corredores) de os jogadores parecerem ter mais liberdade, sempre que têm uma "aberta", de explorar os remates de longe.

O QUE SE MANTÉM
Mantém-se a estrutura da equipa e as exibições cinzentas, mantêm-se os erros defensivos e mantém-se o lote de lesionados que limita as opções do treinador e que tem sido uma constante em toda a época.
A estrutura da equipa e as exibições cinzentas parecem-me normais (nesta altura), na medida em que, por demasiado tempo o treinador Domingos "alimentou" as duas coisas com a sua teimosia em alguns pontos. Não será em menos de uma semana que iremos conseguir ver grandes mudanças a esse nível (ou a nenhum nível que seja estrutural e estruturante). Tem que se dar tempo para que o novo técnico consiga imprimir as suas ideias e acreditar que ao imprimi-las dará ao conjunto uma melhor dinâmica, melhorando as exibições.
O Sporting comete alguns erros defensivos graves desde o início da época e eles mantêm-se. Não é fácil para o novo treinador mudar hábitos de meses em dias e porque o mais importante neste momento é passar tranquilidade à equipa para que ela possa, paulatinamente, readquirir níveis de confiança altos. Espero que com a implementação de um cunho pessoal, Sá Pinto consiga melhorar também esse aspecto.
Veremos se o lote de lesionados diminui com outros métodos de treino. Tirando os lesionados crónicos, que ainda são alguns, penso que a grande onda de lesionados que assolou o Sporting em toda a época se prendia com métodos de treino desadequados.

Ainda na parte do que se mantém, mas extrapolando um pouco a equipa e o futebol é inacreditável que o presidente do Sporting ainda não se tenha demitido, partindo, ainda para mais, das suas palavras quando afirmava firmemente que Domingos era pilar essencial no seu projecto. Projecto esse que nunca ninguém lhe meteu a vista em cima.
Ora, isto é um perfeito silogismo. Se Domingos era peça fundamental do projecto e Domingos sai, logo o projecto (que nunca existiu) deixa de existir, levanto à exoneração daqueles que o defendem.
Mais: Godinho Lopes afirmou categoricamente, entre muitas outras mentiras, que o "projecto" era para o triénio, mas afinal ficou-se por um semestre.
Pergunto: Depois de ter a legitimidade que teve nas urnas, depois de mentir aos sócios com os dentes todos e várias vezes, depois de avanços e recuos em relação às questões mais importantes e, depois de defender um projecto de triénio (no qual nunca acreditei) que passava pelo treinador como pilar essencial, que está Godinho Lopes a fazer ainda no Sporting? Com que cara de pau, esta gente poderá alguma vez encarar os sócios?
Godinho Lopes - sempre o disse - nunca devia ter reentrado no Sporting. E os porquês, mesmo para os mais crédulos, estão à vista. Desde Março que este senhor (e os outros) tem sido uma autêntica farsa e só não vê quem não quer.
Por muito menos, o Presidente do Guimarães foi "convidado" a demitir-se.
Os sócios do Sporting tem de se habituar a ser mais interventivos e exigentes. Há que dar tempo a quem demonstra merecê-lo e tirá-lo a quem nunca o teve ou já o esgotou. Normalmente, para mal dos nosso pecados, tira-se tempo a quem o merece e dá-se tempo a quem nunca devia ter tido nenhum.

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Acendeu-se uma centelha no frio de Varsóvia

Na estreia de Sá Pinto no banco, o Sporting foi abnegado e acreditou até ao fim, como o próprio tinha declarado no dia anterior e conseguiu um resultado que, perante todas as incidências do jogo e alicerçado no facto da competição se jogar a duas mãos, acaba por ser bastante positivo.
Pontos prévios:
1. Um "relvado" daqueles num jogo das competições europeias devia ser proibido. Não só não ajuda ao espectáculo futebolístico, fazendo com que as equipas optem pelo "pontapé para a frente", como pode originar lesões graves. Até o de Alvalade, mesmo sendo muito mau, é claramente superior ao encontrado ontem pelo Sporting.
2. Não querendo desculpar-me por isso, o senhor do apito, talvez toldado pelo ambiente, teve momentos de largos minutos em que tudo fez para inclinar o campo para a baliza de Patrício. Desde a gritante dualidade de critérios disciplinares (Houve um jogador do Legia, por exemplo, que fez mais de 10 faltas, 3 ou 4 para amarelo e foi substituído, já perto do final, sem sequer ver nenhum), ao 2º golo do visitados em que o avançado está em fora-de-jogo, passando pelo penálti não assinalado por mão na bola, na área polaca.

O Sporting entrou bem, personalizado e teve os primeiros 10/15 minutos de bom nível e depois vai desaparecendo lentamente, dando "jogo" ao futebol directo e ao maior poderio físico dos polacos. Sem dominar avassaladoramente, os polacos empurram o Sporting para a sua área e o Sporting tem muita dificuldade, nesta fase, em ligar o jogo. É com naturalidade e perante tanta cerimónia dentro da área que os polacos chegam ao golo, já depois de ameaçarem 1 ou 2 vezes. O resultado, ao intervalo era, por isso, justo.
Na segunda parte, Sá Pinto mete Pereirinha e Carriço, junta linhas e invertem-se os papéis. Desta feita é o Legia a entrar melhor e a ter uma oportunidade soberana para aumentar a vantagem, mas mais uma vez Rui Patrício, à imagem daquilo que tinha feito na 1º parte, volta a negar o golo no 1 contra 1.
O Sporting concetra-se, cresce e vai conseguindo acercar-se cada vez e com mais perigo da área adversária até que, de um livre lateral, chega ao empate por Carriço. O jogo estabiliza e o Sporting cresce ainda mais, mesmo sem jogar um grande futebol - coisa que o "relvado" nunca deixou -, é, nesta fase, quem consegue criar mais perigo e ter mais bola.
Contra a corrente do jogo e com um empurrãozinho do assistente (não estava claramente, mas estava fora-de-jogo), o Legia chega ao 2-1, já depois de, minutos antes, o árbitro não ter visto uma mãozinha marota de um polaco a jogar a bola dentro da sua própria área. O Sporting abana, mas não cai e depois de alguns minutos à nora, recompõe-se e volta a tentar ficar por cima do jogo. Vai-se acercando cada vez mais do ultimo reduto polaco até que, de uma jogada de insistência e já perto do final, André Santos, que tinha entrado já nos últimos 15 minutos, "saca" uma trivela para o 2º golo. Até final pouco mais houve de relevo e o empate acaba por ter alguma justiça, embora não me custe reconhecer a má primeira parte (a partir do minuto 15) do Sporting
Num campo muito difícil para se "jogar" futebol, o Sporting teve, fundamentalmente, o mérito de não deitar a toalha ao chão, de lutar até final e - pasme-se - recuperar de duas desvantagens, perante uma equipa muito poderosa fisicamente e que jogou sempre um futebol directo, de acordo - aliás - com as suas características e o estado do "relvado". Isto tudo numa altura em que a equipa apresenta, claramente, índices físicos e anímicos deficitários.

Nota a reter:
Sá Pinto dá, de facto, outra alma ao banco e à equipa. Muito participativo e exigente teve a sorte ou o engenho (daqui a mais uns tempos tirar-se-á essa conclusão com maior propriedade) de, nas mexidas que fez, melhorar substancialmente o rendimento colectivo e corrigir alguns posicionamentos deficitários. Coincidência ou não, os golos são marcados por dois suplentes e de lances que o Sporting não fazia uso há algum tempo com sucesso: Um livre e um remate à entrada da área.
Posso mesmo dizer que, em 3 dias, as mudanças operadas, fundamentalmente em termos de abordagem ao jogo, superaram claramente as expectativas. Não quero com isto dizer que o trabalho está feito, longe disso, mas a centelha, finalmente, parece ter-se acendido.

PS: A forma como Sá Pinto, Nélson e o Paulinho se abraçam e festejam o 2º golo do Sporting pode, para muitos não ser mais do que um fait divers, mas para mim é importantíssimo, porque é  a partir de gestos simples e de puro sentimento, que se formam, muitas vezes, o carácter das equipas. E o exemplo tem de vir de onde veio: Do banco!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Et voilá!

"Para nós, todos os jogos são os jogos da nossa vida. Não abdicamos de nenhum ponto, de nenhum resultado, iremos lutar arduamente do primeiro ao último minuto e vamos acreditar que vamos ganhar qualquer jogo. É o único pensamento que existe dentro de mim e da equipa"
Há muitos anos que não ouvia (ou lia), no meu clube, este tipo de discurso. E das vezes que ouvi ou li algo parecido no passado, o discurso não casava com a identidade e a maneira de ser de quem o proferia, redundando, normalmente, em teoria sem aplicação prática.
Neste caso concreto o discurso casa claramente com o seu interlocutor. Sá Pinto, como jogador, sempre habituou os sportinguistas a uma postura, enquanto profissional, de grande garra e abnegação, de grande intensidade e vontade de vencer. Se assim foi como jogador, não me parece que deixe de ter a sua identidade, muito similar, enquanto treinador. Para além disso, e apesar dos dois episódios de pugilato na sua carreira (uma como jogador e outra como dirigente), mas também por isso, Sá Pinto defende aquilo em que acredita até ao fim, seja qual for esse fim. E isso, para mim, é de louvar num homem, mesmo que muitas vezes possa discordar dos meios.
Por isso mesmo, sei que dará à equipa a identidade, o rumo e a exigência de que ela necessita para enfrentar os desafios que se avizinham. Tem a mais-valia de conhecer, como poucos, os cantos à casa (foi jogador, director desportivo, treinador dos juniores e, agora, treinador principal), "saber" o que representa o Sporting para todos nós (que tem vastos pergaminhos e tem a obrigação moral e histórica de, pelo menos, honrá-los) e ter a noção clara e concisa do que os sócios e adeptos esperam que a equipa apresente em campo. Para além de tudo isso, sente aquele símbolo e não gosta de perder.
Se vai ou não ser bem sucedido, isso já é outra história e tem que ver com uma série de factores que dependem dele, obviamente, mas que dependem também de terceiros, nomeadamente de toda a estrutura do clube, onde, na minha opinião, pode residir o primeiro obstáculo ao sucesso, como tantas vezes tem acontecido.
Como escrevi aqui num "artigo" anterior, para o sucesso do Sá Pinto enquanto treinador do Sporting, só há uma solução: Fazer a estrutura mudar com ele, mudando o paradigma do futebol do Sporting, porque se sentir a ser engolido pela estrutura, é "menino" para bater com a porta.
Amanhã ainda é cedo para ver mudanças drásticas, mas quando a "novidade" passar, para os jogadores e para nós, sócios e adeptos, tiraremos conclusões mais efectivas desta aposta.

PS: Tenho pena, pelo que atrás escrevi, que Sá Pinto tenha sido "chamado" a treinador principal numa altura tão má, a tantos níveis, no clube que amo. Mais: Tenho pena que Sá Pinto tenha servido de balão de oxigénio a uma direcção (não por sua directa vontade) que não tem ponta por onde se lhe pegue, com 9 meses de gestão a roçar o ruinoso, mas é nestas alturas que por vezes, os santos da casa fazem pequenos milagres. Por ele, pela equipa do Sporting e por todos nós (sportinguistas), espero que sim.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Já deixámos de ter Domingos... Há anos!

Confesso que não me surpreende a notícia da saída do Domingos, antes surpreendido fiquei quando começou a ser ventilado para preencher a vaga de treinador, porque nunca fui adepto do retranqueirismo primário do técnico nortenho e em boa medida todas as boas prestações que teve, tanto em Coimbra com em Braga foram, na minha opinião, sobrevalorizadas. Em Braga, por exemplo, "herdou" uma estrutura sólida e uma equipa construída. Apenas a retocou e nunca - mesmo na Liga Europa, competição que chega à final - me conseguiu encher as medidas, com aquele futebol de transições, de tracção traseira. Não quero com isto dizer que não tem o seu valor, que acho que o tem, mas não para um clube com as idiossincracias do Sporting e, principalmente, no momento periclitante que atravessa na sua já longa história.
Pondo de parte o meu gosto, ainda que fundamentado, e focando apenas a prestação de Domingos, posso dizer que é vítima de uma lastimável história recente, da falta de liderança, da falta de identidade, da falta de um projecto sólido que confira estabilidade, da falta de solidariedade, etc. Mas é culpado em tantas outras e, na sua maioria, da sua vigência. Ficámos a saber, pelas suas declarações recentes que, ao que tudo indica, se deixou ultrapassar nas contratações, nunca conseguiu impor a sua primeira ideia de jogo, havia clara falta de comunicação e quiçá de liderança e - pasme-se -, a fazer fé nas declarações de Wolfswinkel a um jornal do seu país, os treinos eram apenas de descompressão e massagens.
Como se não bastasse isso, Domingos mostrava em alguns jogos não ter, por um lado, feito o trabalho de casa, sendo não raras vezes apanhado de surpresa pelo adversário, como não ter mão para mudar o que quer que fosse, visto que normalmente mexia mal nos jogos, com os resultados que hoje se conhecem.
Não posso contudo deixar de, como sportinguista, agradecer o empenho do mesmo enquanto treinador e desejar-lhe, como é óbvio todo, o sucesso, mas não era o treinador que o Sporting precisava.
Deixámos de ter Domingos, ontem, mas os Domingos de futebol, já deixámos de os ter há anos, porque o problema do Sporting é muito mais profundo do que uma ou outra mudança de treinador. Problema(s) esse(s) que tenho esmiuçado ao longo dos últimos meses.
O senhor que se segue, ou melhor, o balão de oxigénio que se segue a esta direcção é Sá Pinto e eu até acredito que o antigo capitão do Sporting tem qualidades inegáveis para dar a volta à situação desportiva, mas entra numa altura em que o verdadeiro e incapacitante problema do Sporting continua: Uma direcção sem rumo, sem projecto, que vive essencialmente de expedientes de ocasião, inócuos e sem critério e que vai "comprando" tempo com populismos bacocos. Ao promover Sá Pinto, acalmam-se a hostes e ganha-se tempo para destruir o resto.
Sá Pinto tem raça, é exigente, não gosta de perder nem a feijões e sente o clube como poucos. Tem ainda uma das coisas a que dou mais valor: pode ser meio amalucado na forma como trata alguns assuntos, mas defende aquilo que acredita até ao fim e espinha dorsal não lhe falta. Vai, no entanto, ter pela frente um enorme desafio que só pode ter dois desfechos. Ou Sá Pinto se impõe à estrutura, obrigando-a a mudar com ele, ou é engolido pela fogueira das vaidades que orbitam o Sporting e bate com a porta daqui a uns meses.
A cadeira é de sonho, mas é claramente um presente envenenado, tal como o era para o Paulo Bento e só recuperando os Domingos perdidos, o "Coração de Leão" poderá ser bem sucedido.

PS: Sempre disse que Domingos teria a sua verdadeira cadeira de sonho no Dragão. É certo e sabido e nem é preciso um grande esforço mental para perceber isso. Disse inclusive que Domingos parecia, principalmente a partir do início do ano, estar com a cabeça noutro lado, mas os rumores que correram sobre as conversas entre o Porto e Domingos e que isso estaria na base de qualquer rescisão, parecem-me mais um sacudir água do capote por parte da direcção do que uma realidade. O que se devia de facto e claramente questionar é porque é que no domingo, Godinho Lopes, defende acerrimamente Domingos e "fá-lo" parte integrante e estruturante do projecto que, em boa verdade, poucos conhecem e 24 horas depois, despede-o por resultados insuficientes. Os resultados eram mais suficientes no Domingo do que na Segunda, houve algum jogo nessas 24 horas que os sportinguistas desconhecem ou o projecto deixou de necessitar de um pilar essencial?

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A falência (já anunciada) de um "projecto"

A derrota do Sporting, ontem, nos Barreiros já só espanta quem, das duas uma, ou ainda acredita em pais natais ou acabou de estacionar a nave num qualquer sítio do país depois de 5 décadas de ausência.
Foi tão limpinha (a vitória do Marítimo) como assustadora e é tão facilmente explicável: Uma primeira parte inexistente e um segunda sofrível, muito bem jogada mas apenas nas zonas onde nada se decide.
Nem vou perder muito tempo a falar do jogo, porque a análise está praticamente feita no parágrafo anterior e apenas quero acrescentar o óbvio. Quem quer ganhar o jogo não mete o Pereirinha, nem utiliza dois centrais altos e naturalmente lentos, ainda por cima com o bloco subido, perante um dos ataques mais rápidos da liga Mais: Quem quer ganhar mete os melhores, numa altura em que não se pode perder mais pontos (embora, para isso o nosso mister, arranje sempre solução, porque a velocidade como que os temos perdido é assustadora), mesmo que só "durem" 45 minutos . Se o Domingos  não percebe estes elementares factos, duvido que perceba coisas mais complexas, no que à bola diz respeito. E volto a repetir: Treinar a Académica ou o Braga nada tem a ver com treinar o Sporting. E nem vou explicar o óbvio.
Muitos dirão que a culpa é do Patrício, imediatamente criticando e cruxificando um dos que tem sido inexcedível, no que à defesa do clube diz respeito. É ele que, no limite e nas últimas épocas, tem dado mais pontos ao Sporting e vai disfarçando, muitas vezes, aquilo que defensivamente o Sporting é incapaz de mostrar. Apesar de eu achar que o Carrillo interfere decisivamente, fazendo-se à bola a um metro do Patrício, não lhe tocando, contribuindo bastante para a forma como se faz à bola, não posso deixar de dizer que, ainda assim, podia ter feito melhor, tento também com isto o azar de a bola, caprichosamente, ressaltar para dentro da baliza.
Não vejo, por exemplo, a mesma celeridade de críticas quando o Wolfswinkel, isolado e em boa posição, não consegue acertar na bola, ou quando o Capel não consegue arrancar um centro em condições durante vários jogos consecutivos, por exemplo. É de uma injustiça tremenda, mas também só acontece porque o Sporting se expõe a esse fado, porque se jogasse a sério e para ganhar, garanto, com mais ou menos precisão que, 90% dos jogos, mesmo que houvesse um ou outro erro da defesa e/ou do guarda-redes, seriam ganhos.
O problema é que este "projecto" está falido, ou melhor, já foi idealizado em pré-falência e agora apenas confirma aquilo que muitos de nós temos vindo a dizer. Quando um projecto não é feito de ideias, de objectivos, de exigências e, ao invés, é alicerçado em pessoas, na sua grande maioria de competência e credibilidade duvidosas, muitos deles ligados ao pior que o passado recente do Sporting teve, não podemos, como sócios e adeptos, estar à espera de melhor. Mais: Tínhamos o dever de evitar a todo o custo a continuidade de políticas de assassínio de um entidade centenária.
É com tristeza que percebo que, ao Sporting Clube de Portugal, resta muito pouco tempo e, como em todas estas coisas, têm de se alinhar uma serie de factores, mais ou menos prováveis, para que a salvação ainda seja possível. No fundo, o que Sporting precisava mesmo, era que lhe saísse a sorte grande. Não, não estou a falar do Árabe, estou a falar de haver eleições no imediato e ganhar uma lista que tenha pessoas que amem o clube, feita de pessoas competentes, com um projecto sólido, com ideias muito concretas de como dar a volta à situação, não só financeira, mas também desportiva, que queiram incluir os sócios (como deveria ter sido sempre) nas decisões estruturadas e estruturantes do clube e que saibam, pela verdade, cativar os sócios que foram perdidos ao longo dos anos.
O "projecto" Roquette faliu muito rapidamente e sem que déssemos por isso, mas este pseudo-projecto de Godinho Lopes, faliu muito antes de começar. Basta olhar (com olhos de ver) para o que se passou no dia 26 de Março, juntar todas as peças que, desde esse dia, se nos apresentaram, para tirar uma conclusão óbvia:
Este passaporte não nos leva à redenção. Este passaporte (como taça ou sem taça) leva-nos à extinção.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Suor, água benta e alguma "Proença"

Apesar das inúmeras dificuldades que se apresentavam, estamos no Jamor e isso - convenhamos - é o mais importante. Não obstante disso, importa perceber que esta vitória teve tanto de suada e complicada (em muitos momentos por culpa própria), como de arbitrária.
O Sporting voltou a entrar mal no jogo. Continuo sem perceber o que, realmente, se apresenta por detrás disso, mas foi um facto evidente. Uma perda de bola perigosa e um mau alívio para a trave por parte de João Pereira,  bem como um amarelo, por excesso de zelo, a Xandão conferiram aos primeiros minutos, jogados em excelente ritmo - diga-se -, pressão acrescida ao Sporting.
Passados os primeiros 10/15 minutos, o Sporting estabilizou e equilibrou o jogo, sem nunca conseguir verdadeiramente criar lances de perigo até ao momento do 1º golo, pleno de oportunidade. Carrillo quis complicar em frente à área e Rinaudo, vindo de trás, aplicou um forte pontapé com a direcção do golo. Sem ter feito nada que justificasse a vantagem o Sporting fica por cima do jogo e da eliminatória e o golo muda completamente o cariz do jogo. Os minutos que se seguiram coincidiram com o melhor período do Sporting, o Nacional foi obrigado a esticar mais o jogo e criou espaços importantes entre linhas para Matías aparecer, e nesse período sucederam-se as oportunidades. Primeiro num centro demasiado comprido de Capel para Matías, depois num passe de génio de Matías a isolar Carrillo, na melhor jogada colectiva do encontro, que o auxiliar anulou (mal) por fora-de-jogo e que daria golo de Capel e depois em mais um fora-de-jogo mal tirado a Ínsua que rematou ao poste (já com o jogo parado). Pelo meio e até ao fim da 1ª parte, algum azar para o Nacional que é obrigado a substituir Moreno e Vladan, por lesão.
Na segunda parte o Sporting volta a entrar displicente, letárgico e o Nacional cresce. Aos 55', Rondon já com um amarelo, depois de agarrar Carrillo vai atrás de Rinaudo e derruba o argentino (pareceu-me ser um lance normal e não me parece motivo para amarelo, ainda para mais um segundo). Pedro Proença entendeu que seria passível de 2º amarelo e expulsa o venezuelano. Mesmo reduzido a dez, minutos depois, o Nacional acaba por chegar ao empate num lance inacreditável. Bola bombeada da linha do meio-campo e Polga, completamente desconcentrado, deixa o avançado madeirense ganhar-lhe a frente e fazer um excelente golo. O Sporting tremeu e tremeu bem, mas 10 minutos depois, cai-lhe mais uma prenda do céu, sem que tivesse justificado: Ínsua ganha a linha ao seu opositor, trava e volta para trás e, no entender do árbitro (este é daqueles lances em que o argentino dourou tanto a pílula que o árbitro, em condições normais não marcaria. Há, de facto, um empurrão, mas não é preciso aquela fita toda), é derrubado. Penálti convertido por Wolfswinkel, 1-2 no marcador e tudo favorável ao Sporting. Mas não se pense que foi um passeio até final, antes pelo contrário. O Sporting estabilizou e recuou e foi, nesse período, o Nacional (a jogar com 10) a criar as melhores oportunidades, salvas ou por São Patrício ou por alguma fortuna vinda do nada. O Sporting ainda esboçou algumas jogadas de perigo, mas preocupou-se mais em controlar o tempo e o resultado do que dar a machadada final no jogo, que apenas viria nos descontos, através de uma brilhante jogada individual de João Pereira que resulta no 1-3 final.

Notas a reter:
Domingos: Não inventou ao escolher o onze, mas isso, por si só não fez o Sporting jogar melhor. Continua a achar que trocar os extremos de posição lhe confere alguma coisa. A substituição do Capel pelo Evaldo é assustadora, tal como é assustador deixar uma equipa em desvantagem numérica discutir o jogo. Há opções e mecanismos, no jogo do Sporting, que me custam entender.
Patrício: Jogo brilhante do guarda-redes do Sporting. Só não chegou para a encomenda do golo madeirense, no qual poucas hipóteses teria (a bola entra ao ângulo). De resto defendeu tudo o que havia e transmitiu segurança. Um valor efectivo.
João Pereira: Jogo esquisito do Lateral, esteve no melhor e no pior. Displicente na perda de duas bolas fáceis, bem como no ataque à bola que acabou por ir à trave de Patrício, mas depois arranca para a jogada do 3-1 daquela forma.
Polga: Irreconhecível. O Central brasileiro meteu férias ontem na Choupana. Não acertou em quase nenhum lance em que participou, principalmente na 2ª parte.
Xandão: Bela surpresa. Para quem vinha rotulado de "perna-de-pau" pelos próprios adeptos do antigo clube (São Paulo), teve uma estreia muito simpática. Não complicou e é, de facto uma mais-valia, nas bolas aéreas, não só defensivamente como ofensivamente. Nota-se que o entrosamento ainda não é o melhor, mas claramente é central a rever.
Ínsua: Oscilou entre o bom e o mau. Mal a defender nos primeiros minutos, dando demasiado espaço a Candeias, estabilizou e foi mais valia até entrar Evaldo. Quando subiu para extremo, voltou à estaca zero e teve que se readaptar. Claramente dourou a pílula no lance do penálti e ainda teve uma ou outra boa iniciativa.
Rinaudo: O regresso que fez toda a diferença. Antigamente havia um Liedson que disfarçava sozinho, as carências da equipa. Hoje em dia, claramente, Rinaudo assume esse papel. Enquanto esteve bem no jogo (coisa que não aconteceu sempre por falta de ritmo. Há 3 meses que não competia) o Sporting foi melhor, mais comprido e mais sagaz. Saiu com queixas num tornozelo.
Elias: Mesmo quando não lhe sai bem o jogo, há muito trabalho no jogo do brasileiro. E ontem foi mais um jogo desses. Corre quilómetros.
Matias: O Melhor Sporting coincide com a sua maior ou menor intervenção no jogo. Devidamente apoiado e municiado e jogando na sua posição, encontra espaços onde eles, muitas vezes não existem.
Carrillo: Displicente. O miúdo não faz por mal, mas ainda é muito verde. Com a bola controlada é um perigo à solta, mas sem bola e/ou a defender, acrescenta muito pouco.
Capel: O espanhol já conheceu melhores dias. É indubitavelmente um excelente jogador, mas atravessa uma fase em que as coisas não lhe estão a correr bem. A juntar a isso, não consegue fazer um centro em condições (porque não olha), facto que agrava a situação.
Wolfswinkel: Muito perdido na frente de ataque. Leva muita porrada e anda, na maior parte do tempo, muito longe da sua área de acção. Como tal e juntando a isso o facto de a bola não lhe chegar em condições, como é que se pode esperar que ele (e outro qualquer) façam golos. Mais um golinho da ordem num penálti caído do céu.
Evaldo: Cumpriu. A substituição é que se estranha.
Ribas: Entrou para ganhar as primeiras bolas de cabeça na frente e, como é normal, ganhou a maioria, mas tal como o Ricky, não consegue fazer golos porque a bola não lhe chega...
Carriço: Entrou para estabilizar o meio campo defensivo e cumpriu a preceito. Numa altura que o Sporting, praticamente, já tinha o jogo ganho.

Nota final: Continuo a achar inacreditável que o Sporting passe jogos inteiros sem fazer um cruzamento com conta, peso e medida e sem fazer remates durante largos períodos. O Rinaudo ontem mostrou que, se não se remata, por exemplo, é impossível fazer golos.
Por outro lado, Pedro Proença foi "amigo" ontem e percebe-se porquê. A expulsão e o penálti, não fosse estar em causa uma final da Taça com todas as problemáticas financeiras envolvidas, duvido que fossem marcados. Mais penálti do que o de ontem e sobre o mesmo jogador foi o de Coimbra e esse não foi marcado, só para dar um exemplo.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Domingos, tens a palavra!

Esquecendo por breves horas o passado muito recente da gestão do Sporting, bem como a auditoria e seus resultados que, todos os ímpios abutres que orbitam o universo verde e branco têm afirmado, categoricamente, não determinar gestões danosas, hoje é o dia mais importante do futuro imediato do clube. É dia de taça de Portugal e um dia que se espera (e se exige) que seja de confirmação de uma passagem à final do Jamor onde - convenhamos - o Sporting tem a obrigação moral e histórica de marcar presença.
O Sporting parte para esta 2ª mão em desvantagem, por aquilo que não fez (e devia ter feito) na 1ª mão. Sofrer 2 golos em casa com o Nacional e apenas conseguir, a muito custo e após uma expulsão, chegar ao empate não devia ser permitido, por lei, em Alvalade. Mas foi isso que aconteceu e é com isso, que hoje, temos de lidar. E se na maioria dos casos a desvantagem, ainda que mínima, é má (e é sempre má), na forma como temos abordado os últimos jogos, essa mesma desvantagem é uma boa notícia, na medida em que obriga a equipa a assumir o jogo de forma clara, se o quiser ganhar. Não há, portanto, qualquer subterfúgio possível para uma equipa que joga a época neste jogo. Ou entra claramente para ganhar ou, percebe-se imediatamente, se entrarem na expectativa, que o Domingos e a equipa têm mais medo de perder do que vontade de ganhar, como tem acontecido nos últimos 8 jogos.
Outro dado, que vale o que vale, mas que costuma contribuir, na caso do Sporting, em muito boa medida é a estatística. E a estatística diz-nos que, desde que o Nacional subiu à 1ª divisão e por cá ficou em 2002, que o Sporting só venceu por 1 vez na Choupana (em 2006). Já o havia feito, na sua primeira passagem de 3 anos, por 2 vezes (em 88/89 e em 90/91). Quer isto dizer que, nos últimos 9 confrontos na Choupana, houve 3 vitórias para o Nacional, 5 empates e apenas a vitória de 2006, para o Sporting, com um golaço do Nani.
A Choupana sempre foi um estádio difícil, mas daquilo que me lembro, foi-o mais por culpa própria do que por culpa do adversário ou das condições adversas do estádio. É um recinto onde o Sporting, invariavelmente, não joga o necessário e por esse motivo, o registo histórico é bastante desfavorável.
O próprio momento anímico não é o ideal. Pondo de parte as inúmeras lesões e castigos, que depenam ainda mais o frango, o Sporting tem sido uma sombra do que era suposto ser. Não tem fio de jogo, não tem capacidade física e mental para encarar os jogos com a grandeza que se lhe impõe e isso pode redundar em mais um, dos muitos problemas, que esta meia-final nos apresenta.
Apesar deste lançamento bem negro de um jogo que decide a época, creio que o Sporting tem a faca e o queijo na mão - como aliás sempre teve - e é a abordagem que fizer ao jogo, adjuvado à concentração e espírito de conquista que vão decidir a contenda. Porque hoje não há recuperação possível. Ou se mata e se avança, ou se morre na praia.
Domingos, tens a palavra!

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

O Sporting e a maior encruzilhada da sua história

O Sporting vive tempos dramáticos, que a auditoria veio apenas confirmar, porque não os vive de agora. O drama tem, pelo menos 10 anos, no que à gestão corrente diz respeito e, pelo menos 20, na paulatina perda de uma identidade enquanto clube e que redunda na perda de associados, cansados de tanta incompetência e lascismo (Em 86 o Sporting tinha 132.000 pagantes e hoje não chega aos 40.000 pagantes).
A negligência e afastamento de sócios e, consequentemente, de massa crítica construtiva fez-nos chegar a um momento em que o clube está praticamente ingovernável. Não há nada para alienar, gerando mais-valias directas, porque tudo já foi alienado ao preço da uva mijona, com altos conflitos de interesse (como no caso da compra, por parte da MDC, de terrenos e que depois um dos dirigentes do Sporting que conduziu o processo, aparece como administrador da MDC, meses depois), redundando, invariavelmente, sempre em prejuízo do Sporting. As próprias mais valias que se tentou criar com direitos televisivos, receitas de bilheteira e fundos de jogadores, já estão "alienados", também eles, em despesas correntes, fazendo o Sporting viver o seu dia-a-dia com grandes e inenarráveis dificuldades.
Não contente com todo este embróglio, temos um presidente não legitimado (33% dos sócios votantes não o deviam legitimar, porque em condições normais não legitimam ninguém), que não quer fazer uma caça às bruxas, nem o desenterrar de cadáveres. Ele que está intimamente envolvido na construção do Estádio e da Academia, construções com amplas e inacreditáveis derrapagens e que contribuíram, e muito, para os aumentos de passivo e de perda de capitais próprios.
Este senhor que tanto apelou à credibilidade, "alardando" a sua aos sete ventos, prometeu 100 milhões ao clube; prometeu não recorrer à banca e, consequentemente, não aumentar ainda mais o passivo e o definhar do clube; prometeu uma auditoria e - pensava-se - levar essa mesma auditoria às últimas consequências (de outro modo de que serve uma auditoria, senão para isso?); prometeu uma mudança no paradigma do clube, no que à sua gestão diz respeito e muitas outras coisas. No fundo prometeu tudo e mais alguma coisa apenas com o intuito de chegar ao poder, através daqueles que têm sido os verdadeiros municiadores de granadas de morteiro de rebentamento interno: Os velhos incautos - os dos 10 a 20 votos - que acreditam em qualquer coisa que se lhes venda. Prometeu e nada cumpriu.
O cenário está pronto para a "inevitabilidade" de um investidor estrangeiro. Foi preparado a preceito e com grande premeditação, tentando retirar aos sócios qualquer capacidade de defesa do clube, para perpetuar o saque, enquanto for possível.
Não só esta direcção sabia que tinha que ganhar a qualquer custo as eleições (daí se percebe a discrepância, decorrente da afinação dos números, tal como o "erro" rotundo nas sondagens à boca da urna, quando em milhares que se fazem a margem de erro é mínima), para esconder e eliminar as bruxas e os cadáveres nos vários armários de Alvalade, protegendo com isso, os interesses que irão, a continuar assim e a breve trecho, selar a tijolo as portas do clube para sempre, com também sabiam - e o investimento é feito nesse sentido - que se a equipa ganhasse, todas as jogadas de bastidores passariam incólumes, porque os detractores teriam muito pouco espaço para criticar.
O problema é que, até para enganar e/ou delapidar a este nível, é preciso um projecto, coisa que claramente esta gente não tem. Por isso e apesar daquela onda que se criou na melhor série da época, havia sempre muitos sinais de alarme, até para os mais influenciáveis:
Desde logo as altas comissões na aquisição de jogadores de qualidade duvidosa e em condições físicas deploráveis;
Depois a pressa em fazer mais um empréstimo obrigacionista que visou, exclusivamente, pagar o anterior e em condições muito pouco vantajosas para o clube;
Depois as inúmeras lesões e o afastamento, logo no raiar da época, do responsável médico. Muito provavelmente porque não compactuou com a compra de jogadores que não cumpriam os requisitos mínimos físicos e, ao insurgir-se, foi afastado, tal como tinha sido - coincidência das coincidências - o seu antecessor  e pelo mesmo dirigente da SAD: Luis Duque;
Depois a opção em Domingos revelou-se um tiro no pé, como sempre escrevi. O técnico já mostrou qualidades mas, claramente, não é treinador para o Sporting,  principalmente no momento que o clube atravessa. Tem cometido erros atrás de erros e direcciona, invariavelmente, as suas críticas no sentido errado, quando a culpa normalmente está nas suas opções. Também já se percebeu que o técnico do Sporting tem disparado (o propósito não é totalmente claro, a não ser sacudir a água do capote), assim que a coisa começou a correr mal, em todas as direcções. Primeiro disparou aos críticos internos, depois ao presidente, depois à estrutura clínica e agora à estrutura técnica;
E depois a forma como o Sporting se posiciona interna e externamente perante os episódios trágico-cómicos que se multiplicam. A questão dos malmequeres e girassóis, tal como o apoio a Fernando Gomes para a FPF, que tinha (e tem) Vítor Pereira na sua lista, e tem sido um dos (muitos) coveiros do Sporting, são apenas dois exemplos do desnorte que o clube vive internamente, em que todos falam, mandam e ninguém assume a responsabilidade verdadeira sobre o que quer que seja. Aliás, esta semana Carlos Barbosa demitiu-se por motivos profissionais. Desde logo os motivos só podem ser brincadeira e depois ainda recebe um louvor da direcção, em comunicado por, supostamente ter reorganizado a área comercial, num dos anos mais pobres nessa mesma área. O próprio "timing" é suspeito. No dia seguinte a conhecer-se o resultado da auditoria, um dos vice-presidentes bate com a porta? No mínimo é estranho. Costuma-se dizer que os ratos são sempre os primeiros a abandonar o navio e quando o navio já tem pouca ou nenhuma salvação. Pode ser este o caso.

Este é o momento em que os sócios têm que se chegar à frente e arranjar as soluções necessárias para que, com algumas ideias e/ou alguma criatividade, se possa recuperar o clube. O tempo urge e é imperativo devolver, em primeiro lugar, a identidade ao clube. Sem ela, qualquer projecto futuro terá o mesmo destino, por muito bem intencionado que seja.
Não podemos continuar a olhar para fora, sem primeiro arrumar a casa. Procurar consensos, ideias comuns que tornem o clube como um organismo uno e indivisível, através dos sócios e para os sócios. Está na hora de sermos nós, sócios, a falar e a mandar.
Este modelo de clube está tão ou mais falido do que o próprio clube.

PS: Sobre a derrota de Sábado, para a Taça da Liga, frente ao Gil Vicente:
Não deixa de ser triste que numa competição com um dos grupos menos exigentes (Moreirense, Rio Ave e Gil Vicente), o Sporting em 3 jogos, 2 deles em casa, não vença nenhum. Pior: É triste que no jogo de Sábado, depois de mais uma inenarrável exibição, onde a equipa, para além de não mostrar fio de jogo, faz 2 ou 3 remates com perigo em todo o jogo, o público presente (mais de 23.000) tivesse preferido assobiar a equipa de arbitragem em vez de mostrar o descontentamento veemente à equipa do Sporting. Mais: É triste - e mostra que o Sporting, como clube, está profundamente doente e sem identidade - o facto de, desde que o ano começou (e mesmo no final do ano transacto), o Sporting ainda não tenha apresentado futebol consonante com os pergaminhos do clube, conseguindo apenas 1 vitória em 8 jogos. Vitória essa,  num jogo (Beira-Mar) em que claramente não produziu futebol suficiente para vencer.
Mais ainda: Domingos continua a equivocar-se a um ritmo alucinante e torna-se assustador quando declara que o jogo é muito importante. Dos jogos "muito importantes" não ganhou nenhum, porque as suas opções, invariavelmente, mostram que está mais preocupado em não perder do que em ganhar. É simplesmente inacreditável que, num jogo em que precisava vencer e que mesmo vencendo poderia não chegar, Domingos utilize Evaldo e Wolfswinkel (este último ainda sem ritmo). Mais inacreditável é, depois de estar a perder e com menos um, tirar André Santos e meter Carriço; tirar, minutos depois, o João Pereira para meter o Rubio, que se perdeu completamente no jogo e tirar o Carrillo (apesar de ser muito mole, era o que estava a romper melhor na defesa contrária) para meter o Izmailov.
Resultado: acrescentaram zero.
Por fim, nota-se que a equipa está, não só a milhas de ter um fio de jogo, como está a milhas do ideal em termos físicos. Ao início da 2ª parte dá a sensação que os jogadores estão no limite físico e isso é inaceitável em alta competição e devia sê-lo no Sporting, mas parece-me que, desde há muito, tudo e todos são aceitáveis no Sporting. Uma verdadeira ode à incompetência que já nem para comédia serve.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Um "modelo" de Sporting - Adenda

No calor do momento da escrita esqueci-me do 10º item, tão ou mais importante do que todos os outros e que abaixo reproduzo. Devia ser característica sine qua non para quem se candidata e só demonstraria idoneidade e credibilidade, porque a palavra é (ainda) uma das coisas mais importantes entre homens honestos.

10. A verdade e nada mais do que a verdade
É imperativo que qualquer direcção fale aos sócios a verdade, sem omissões e sem subterfúgios, por muito que essa verdade seja, no momento, complicada de enquadrar e aceitar. Não vale a pena prometer epifanias e milagres de Fátima quando temos consciência do nosso ateísmo.
Estou mesmo em crer que, falando objectivamente a verdade, enquadrando-o num projecto sustentado, os sócios, mais tarde ou mais cedo, e até pelo envolvimento que terão, perceberão que, apesar das dificuldades, o clube evoluirá e juntar-se-ão ao projecto.
O que não pode continuar a acontecer é o constante "dourar da pílula" de ideias e "projectos" sem sustentação ou sustentados em promessas. Promessas essas que nunca se teve a intenção de cumprir e apenas serviram o propósito populista e demagogo de vencer eleições, calar os sócios ou desviar atenções.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Um "modelo" de Sporting

Saiu ontem o resultado da auditoria aos últimos 13 anos da vida do Sporting e, como se esperava, o mesmo não é mau, é péssimo. O epíteto de falência técnica já não assusta, porque todos os clubes do mundo estão, estiveram ou estarão nessa situação, o que verdadeiramente assusta é que em 13 anos passámos de 11 milhões positivos de capitais próprios para 193 milhões negativos. Bem sei que houve grandes investimentos, como sejam o estádio ou a academia, também eles com grandes derrapagens, mas ainda assim é assustador perceber que, mesmo com inúmeras mais-valias extraordinárias o passivo aumentou exponencialmente e a uma velocidade nunca vista. No fundo, foi tudo à grande e com claro prejuízo do Sporting.
Perante estes factos há já os que se apressam em falar do capital estrangeiro como uma inevitabilidade. A breve trecho e sem querer, realmente, pensar num modelo poder-se-á pensar que é a única solução. Eu penso o contrário e como já, por diversas vezes o disse ou escrevi, o Sporting tem de trilhar o seu próprio caminho e não estar (sempre) dependente de terceiros.
Apesar de não ser economista, ROC ou TOC, nem de em algum momento ter essa pretensão, deixo aqui uma ideia "modelo" de clube que, sem fazer contas e sem grande rigor, pode apresentar uma solução para os anos vindouros no Sporting. É, em alguns pontos uma adaptação de alguns projectos nos quais me revi no passado, mas em todo o caso é este o modelo ou ideia que defendo há já uns anos para o clube. Obviamente com estudos sérios de viabilidade.

1. Sócios
O clube vive dos sócios e portanto tem de fazer os esforços necessários para aumentar o seu número. Parece-me evidente que tem que haver uma real mais-valia em ser sócio. Pagar por pagar nunca foi chão que deu uvas e não será em tempo de crise que dará.
Todos os sócios tem direito a voto, no núcleo respeitante à região de residência.
Todos os sócios têm possibilidade, mesmo aqueles que vivem muito longe, de assistir a alguns, senão a todos os jogos em Alvalade, nem que para isso se crie uma oferta especial para sócios que vivam a mais de 150 km de Lisboa (ex: dar opção de escolher 5 jogos a 5 euros) e outro para as ilhas...

2. Núcleos, filiais e delegações
Os Núcleos, filiais e delegações são a alma do Sporting espalhada pelo globo. Sendo o Sporting o maior beneficiário desse esforço, muitas vezes, individual, não faz sentido o Sporting não ajudar e participar activamente nos mesmos.
Fazer um levantamento sério das necessidades de cada núcleo/região e tentar supri-las, fornecendo os meios necessários para, não só modernizar e prepará-los como extensão do próprio clube (que é, na verdade, o que deviam ser e não apenas cafés e snacks-bar), como cativar mais sócios e adeptos ou como ser um pólo activo de sportiguismo em cada região, com actividades, jantares, convívios, etc (Sempre que o Sporting fosse jogar à região, seja em que modalidade, uma comitiva deslocar-se-ia aos núcleos e filiais ou delegações da região).
Cada região é convidada de honra de um ou mais jogos em Alvalade. Para os sócios do Sporting o bilhete é o valor médio por jogo de uma gamebox sócio e para adeptos o bilhete custaria o dobro. A viagem seria costeada pelo núcleo e pelo Sporting em metades iguais.
Para os núcleos fora do país o formato é o mesmo, mas adaptado. O Sporting organizaria a viagem (e a estadia se fosse necessário), mediante os pedidos feitos através do núcleo em questão e dividiria os custos com o núcleo.

3. Futebol
É o futebol o "core business" do clube e por isso o investimento feito no mesmo terá, ou não, as repercussões necessários ao crescimento.
3.1 Uniformização do modelo
A implementação de um modelo de jogo, comum a todos os escalões, é imperativo. Não faz sentido que o Sporting, sendo um clube formador, não siga as boas práticas de outros grandes clubes formadores como são Barcelona e Ajax e que usam esse método com resultados muito satisfatórios.
3.2 Plantel/equipa
O Sporting não tem dinheiro para investir fortemente todos os anos, nem isso faz algum sentido, porque já investe fortemente nas camadas jovens. Como tal, o Investimento passa por ser feito de 4 em 4 ou de 5 em 5 anos, tendo como orçamento médio 30 milhões de euros, com o intuito de criar uma equipa forte que possa ir, nos anos seguintes, acomodando os jovens que saem da academia ou já tenham rodado, emprestados, 1 ou 2 anos na 1ª divisão. Todos os anos e não obstante o investimento dos 30 milhões, pode (e deve) o plantel ser ajustado no caso de uma mais-valias (vendas) ou caso surja um bom negócio que vise suprir uma falha no plantel.
O plantel base precisaria apenas de 20 jogadores (ao invés dos 26 ou 27), sendo que, posições de 3ª escolha, como sejam 3º guarda-redes, 3º lateral ou 5º central, podem ser perfeitamente supridas, em caso de necessidade por júniores de último ano.
3.3 Treinador/equipa técnica
O Perfil do treinador tem que encaixar no modelo do clube e não o contrário. É dos investimentos mais importantes, não só a nível financeiro como a nível desportivo e teria de estar acoplado ao projecto durante 4 ou 5 anos, dependendo do tempo definido para reinvestir. A escolha recairá naquele que reunir as melhores condições de adaptação ao modelo de jogo do clube, à prática efectiva de bom futebol e ao trabalho e potenciação de jovens (ex: Arsene Wenger).
3.4 Departamento médico
O Departamento médico de um clube que se quer de alto rendimento tem que ser, como todos os outros departamentos, altamente profissional. Não faz sentido não se investir fortemente naquilo que é realmente importante como sejam o bem-estar físico e mental dos atletas, porque são eles que, no limite e directamente, trazem retorno ao clube. Está provado que - e o Milan é exemplo disso - um investimento sério em profissionais altamente competentes na parte médica desportiva faz com que toda a equipa renda mais e por mais tempo.
3.5 Olheiros/Prospecção
A criação de uma rede de olheiros um pouco por todo o mundo não é novidade, mas há que investir na profissionalização orientada para os resultados da mesma. A definição de um perfil  para cada posição e formação para observadores na academia seriam apostas que criariam uma maior identificação do prospector/olheiro com o clube.

4. Canal Sporting
Pode parecer uma idiotice, mas penso que um investimento sério num canal temático Sporting seria mais uma adjuvante à captação e manutenção de associados, bem como uma forte mais-valia em termos negociais, com parceiros, sponsors e outros.
E seria importante, desde logo, porque permite chegar a todos quantos não têm hipótese de assistir "in loco" ou pelos canais Sporttv aos jogos do clube e depois porque todas modalidades, que a maioria até gostava de acompanhar, mas que não têm essa possibilidade, estariam cobertas. Outra das muitas mais-valias, seria a re-activação da história (e consequente marca) do Sporting que, hoje em dia, só através das visitas ao museu ou em alguns livros, os sócios e adeptos podem conhecer/recordar.

5. Pavilhão
Urge ter um pavilhão, mas um pavilhão que cumpra todos os requisitos de todas as modalidades Sporting. E urge não só pelo óbvio, que consiste em ter as modalidades todas nos mesmo sítio e, com isso, deixar de pagar várias rendas, bem como andar com a casa às costas. Esse investimento seria também uma mais valia na relação com o sócio porque faz concentrar os sócios num só sítio em vez de os dispersar por vários.

6. Modalidades
O modelo usado para o futebol seria implementado nas "amadoras". Cria-se uma equipa base e, nos anos seguintes, acoplar-se-á os "descendentes" das camadas jovens. Os mesmos métodos usados na equipa principal seriam transmitidos para as camadas jovens , afim de potenciar as qualidades dos atletas sem necessidade de adaptação a posições e/ou métodos novos.
Cada modalidade teria de se auto-sustentar, mas o Sporting tem de dar uma ajuda crucial que consiste em negociar esses contratos, fazendo jús ao poder negocial que tem.

7. SAD
O Sporting terá sempre que deter a maioria da SAD, para que os sócios tenham poder de veto e de voto no "core business". Só aumentando a capacidade de intervenção e envolvimento na vida do clube por parte dos associados é possível reaver os sócios perdidos (cerca de 90.000) em  25 anos.
Todos os orgãos da SAD teriam de ser, também eles, eleitos. Ao acabar com as cooptações, acabam as dinastias e compadrios.

8. Estrutura Directiva e Outras
A extinção do conselho leonino e transferindo esse poder consultivo para todos os sócios é fundamental no emagrecimento da estrutura e na manutenção e captação de novos associados.
A estrutura directiva é muito pesada e andam demasiadas pessoas a comer à conta sem que dêem o mínimo retorno ao clube. Uma revisão na quantidade de elementos que compõem cada orgão e na forma como os órgãos são eleitos seria importante, porque hoje não se elege a competência, mas uma espécie de compadrio e de amizade de circunstância. Tão importante quanto o número de sócio, para o cargo a que se candidata, seria importante apresentar currículo.

9. Estádio e Academia
É imperativo resolver, de uma vez por todas, a questão do relvado, porque me parece ser um dos principais "handicaps" dos espectáculos realizados em Alvalade. Optar por uma solução intermédia (semi-sintético), seria provavelmente o melhor, sendo que foi nesse mesmo "esquema" o melhor período que o relvado teve desde que o Estádio foi construído.
Abrir a Academia a outros "estágios" pode ser uma importante fonte de receitas. Não faz sentido termos uma infraestrutura com condições excepcionais como a Academia, sem a potenciarmos numa altura de grave crise financeira. Mesmo que para isso, em alguns momentos, a equipa mudasse os treinos para Alvalade. Ganhava o Sporting e por duas vezes: Rendia a academia e rendia o estádio com a proximidade dos sócios.
Criar, uma "ligação directa" entre Alvalade e Alcochete. Um "bus"que parta de Alvalade para a Academia, todos os dias, 3 ou 4 vezes por dia e que permita que os sócios que não tenham viatura, não possam ou não queiram levar a sua, possam, ainda assim e sem custos, acompanhar a vida da equipa "in loco".

Este é o meu "modelo". Não sei se é caro ou barato, se resulta na plenitude ou em parte. Mas uma coisa sei e é isso que me faz, como sócio, ter ideias e querer partilhá-las: O modelo actual não funciona. Não funciona nem desportivamente nem financeiramente. O modelo actual está falido tal como o Sporting e é uma atoarda de gente supostamente competente, por isso não me custa pôr a cabeça a mexer e reinventar o Sporting, mesmo que isso só me dê de retorno, o sonho de ter um clube melhor.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Ensaio sobre identidade e soberania

O problema de fundo do Sporting não consiste em não ter resultados desportivos, económico-financeiros ou de gestão. Esses apenas se apresentam como um dano colateral do verdadeiro problema que é a falta de identidade e, por consequência, de soberania.
A falta de identidade e de soberania consubstancia, em si, as medidas que as diversas gestões danosas dos últimos 15 anos nos habituaram: Medidas avulsas, ausência total de projecto financeiro e deportivo e consequente crónica vivência numa realidade paralela.
E o que é que a falta de identidade traz? Desde logo a confusão. Posições enfraquecidas nas negociações, na comunicação, na disputa, com os outros grandes, de posições em questões estruturais e tratamento diferenciado, só para dar alguns exemplos.
Para mim, começa tudo na legitimidade.
Que identidade e soberania pode uma direcção transmitir, se não é legitimada pela maioria dos sócios (33% dos votos não legitimam ninguém)? 
Se não tem projecto claro e objectivo (mandar para o ar que vamos ganhar no triénio não é um projecto)?
Se as próprias pessoas que compõem a mesma, defendem "damas" diferentes (como se viu na questão FPF, em que o clube e a Sad defendiam damas diferentes)?
Se cada um fala por si, ao seu ritmo e assinando opiniões, muitas vezes, antagónicas (basta lembrar as declarações de vários indivíduos com responsabilidade)?
Nenhuma! O que transmite é a sensação de estarmos perante um clube esquizofrénico. E a esquizofrenia é um problema.
Devido a isso, não seja pois de estranhar, as centenas de episódios trágico-cómicos que nos limitam à chacota nacional constante.
O Sporting, para voltar a ser grande no plano futebolístico - visto que nas "amadoras" continua a ser a maior potência nacional e uma das maiores do mundo, embora o "core business", pelo dinheiro e massa adepta que movimenta, seja o futebol -  tem que mudar:
- a forma como se vê e como é visto perante os outros.
- a forma como comunica e como vende a marca Sporting.
- a forma como exige aos atletas e restantes assalariados e como paga o mérito de cada um. 
E tem que envolver os sócios, com seriedade, nas grandes questões.
Sem uma identidade e uma exigência fortes, da parte de todos e para todos, o clube nunca sairá desta espiral negativa em que se encontra.

A forma como se vê e é visto pelos outros
Uma coisa leva a outra. O Sporting precisa de uma introspecção do género "de onde venho e para onde vou ou para onde quero ir".
Não vale a pena continuarmos a dizer que somos grandes quando, depois, isso não se verifica, nem na forma como (não) nos impomos, nem na forma como negociamos, nem na forma como comunicamos ou tratamos das grandes questões. O Sporting hoje, vive à sombra do passado, das glórias e feitos passados, mas nunca investiu, de facto e para ganhar, no presente e  no futuro, porque nunca mudou o paradigma dos últimos 30 anos. Em 3 décadas ganhámos 3 campeonatos, 5 taças e 7 supertaças. Em 3 décadas, tirando os 3 títulos quantos anos mais lutámos nós (a sério) pelo título? 6 ou 7 em 30 não fazem de nós crónicos candidatos.
Enquanto os sócios acharem que continuamos grandes à custa dos pergaminhos, mesmo vencendo apenas 2 campeonatos neste século, nunca mais acordam. E como é importante os sócios acordarem.
O Sporting venceu 5 campeonatos na década de 40, 5 na década de 50, 2 na década de 60, 2 na década de 70, 2 na década de 80 e 2 a partir de 2000. Na década de 90 não venceu nenhum.

A forma como comunica e como vende a marca Sporting
A comunicação de uma instituição ou de uma empresa é das coisas mais importantes e não sou especialista na matéria. É a forma de dar a conhecer os projectos, decisões, posições e rumos da mesma, assim como as repercussões que essas mesmas decisões terão na vida da instituição.
Uma boa política de comunicação dá-nos, aos olhos alheios, uma maior ou menor grandeza, uma maior ou menor fragilidade.
O Sporting não pode continuar a tratar esta matéria com leviandade e amadorismo. Tem que definir, de uma vez por todas, uma política de comunicação, assim como os seus interlocutores. Não faz sentido não haver uma comunicação concertada, como hoje não há em Alvalade.
Já em relação à marca Sporting, ela é "sustentada" pelos muitos milhões de Sportinguistas espalhados pelo globo e essa é uma mais-valia inalienável para qualquer negociação. Seja com parceiros, com sponsors ou em questões como os direitos televisivos, por exemplo.
Tendo isso como mais-valia, porque é que não negociamos melhor? Porque é que o resultado das negociações nos parecem, aos sócios, sempre mal feitas? Muito provavelmente porque quem negoceia não tem essa capacidade ou então, fá-lo desonestamente e em detrimento dos interesses do Sporting. Das duas uma.

A forma como exige aos atletas e restantes assalariados e como paga o mérito de cada um
Há já uns anos que me parece que a exigência aos atletas e restantes assalariados é pouca ou nula. O Sporting, como entidade patronal, tem que se dar ao respeito, exigindo a excelência a atletas e outros assalariados, que são privilegiados na função que exercem e no clube que representam.Menos do que a excelência não serve os interesses do Sporting. Seja um presidente ou um roupeiro.
Falta meritocracia à estrutura verde e branca. Ou, pelo menos é isso que passa.
Dar mérito a quem o tem e tirá-lo a quem não o tem. Quem não trabalha de acordo com a exigência e pergaminhos de um clube como o Sporting não merece ser recompensado, como tantas vezes acontece e tem acontecido.
Fazendo um exercício simples, para os jogadores do Sporting , bem como para a estrutura técnica defino, a título de exemplo, um mapa rigoroso de prémio/pagamento com regras muito simples:


A incidência do prémio seria ordenado de cada atleta/técnico. Por exemplo, se um jogador ganha 12.000 euros, a incidência seria 12.000 euros. Num mês em que (para ser mais fácil) houvesse 4 jogos, por exemplo, com Benfica em casa, Braga fora, Feirense em casa e Académica fora e que o Sporting tivesse o registo de 4 vitórias calcular-se-ia da seguinte maneira:
12.000 + (10%) 1.200 + (5%) 600 + (0%) 0 + (0%) 0 = 13.800 euros
Se o Sporting tivesse 4 derrotas calcular-se-ia da seguinte maneira:
12.000 - (0%) 0 - (-10) 1.200 - (-20%) 2.400 - (-20%) 2.400 = 5.000 euros

Envolver os sócios, com seriedade, nas grandes questões
Os sócios de qualquer agremiação são a sua sustentação moral e física. Por isso quanto mais os sócios se sentirem envolvidos nas grandes questões e decisões, mais retorno dão. É tácito.
Um projecto sólido, claro e objectivo, trará sempre muitos sócios consigo de forma efectiva, assim como uma direcção que seja proactiva e verdadeira, que genuinamente veja os sócios como uma mais-valia ao invés de os ver como potenciais números que entram nas contas.
Os resultados desportivos, como se tem visto, são sempre circunstanciais e podem, em momentos específicos, trazer mais sócios, mas nunca o farão por si só de forma efectiva. Se não houver sustentação desses mesmos resultados na política do clube ou se esta não existir, os sócios, paulatinamente abandonarão o clube como o têm, invariavelmente, feito.
Não é à toa que na dobragem da década de 70 para a de 80 o Sporting era o clube em Portugal que mais sócios pagantes tinha (132.000) e hoje, passados 30 anos, se tiver 40.000 é muito.
Por aqui se percebe que o abandono teve como génese a perda de identidade, a falta de projectos vencedores e, consequentemente, a entrada numa espiral negativa, que tem estado presente nas últimas décadas e que, tem sido tapada pela peneira de um ou outro título exporádico.

Conclusão
O Sporting está doente porque não se consegue enquadrar nos novos desafios. Porque não tem uma identidade forte como ponto de partida e nunca definiu um rumo de chegada.
Há quem diga que o Sporting, para se equiparar aos outros grandes, tem de investir tanto ou mais do que eles. Eu acho que não. Acho que o que o Sporting tem de fazer é investir melhor, negociar melhor, batalhar melhor. No fundo, ser melhor e exigir excelência e sportinguismo desde a base até ao topo da pirâmide.
Primeiro há que arrumar a casa, legitimar o "governo", seja ele qual for, e definir um rumo e um projecto, cativando os sócios e partir para as conquistas. Só assim, alguma vez, será possível voltar a vencer.
A nossa identidade como clube está no lema Esforço, Dedicação, Devoção e Glória. E o que tem faltado para atingir a glória é mesmo o esforço de todos quantos são pagos para isso e não se esforçam; a dedicação daqueles que se dizem competentes e não acrescentam mais-valias e a devoção dos que se dizem sportinguistas mas servem-se do Clube. É assim agora, como é há 30 anos...