terça-feira, 27 de março de 2012

Alimentar a utopia

Entre ontem e hoje, respectivamente 26 e 27 de Março de 2012, vi e li muitos fazerem um balanço do primeiro ano de gestão de Godinho Lopes à frente do Sporting Clube de Portugal. Fazer um balanço de alerta de uma gestão inusitada parece-me sempre um bom exercício, sejam quais forem as intenções do mesmo. Penso, no entanto, que a gestão danosa que tem sido feita pelo actual presidente, bem como por toda a estrutura tem sido tudo menos inusitada e esse facto faz-me questionar os balanços anuais que agora proliferam um pouco por toda a parte.
A campanha eleitoral de há 1 ano mostrou, pelo menos para mim, ao que vinha essencialmente a lista de Godinho Lopes: Tomar todas as providências para apagar os traços negros do passado para a culpa do estado caótico não ter rosto, esvaziar o poder dos sócios e preparar a venda o clube a quem mais der. Pareceu-me na altura tão evidente como se percebe hoje. Basta ter estado atento às promessas e ao seu não cumprimento para, num par de meses mesmo para os mais incautos, se perceber que a ideia não seria governar o Sporting de dentro para fora, mas governar interesses externos dentro do Sporting.
Nem sequer vou perder tempo a abordar, em jeito de balanço, o que foi prometido e não foi feito, porque já o fiz durante o ano passou. Fartei-me de fazer balanços de alerta, de questionar acções e posições e o que me interessa agora é o futuro, porque o passado mais ou menos recente não se pode desfazer.
E o futuro do Sporting depende do que os seus associados, bem como os seus adeptos, estiverem dispostos a fazer.
Andamos há anos a alimentar a utopia de que o Sporting não vence, não se organiza e não se revitaliza por culpa de terceiros e de situações alheias ao próprio clube. É aí, porém, que me parece residir o verdadeiro problema do Sporting. Não estou a dizer que não haja - que há - factores que dêem uma ampla contribuição nesse sentido, mas a forma como o Sporting, institucionalmente, tem encarado os problemas graves é, no mínimo, de gente bipolar ou com grave deficit cognitivo. Basta fazer um rápido flashback pelo ano que agora passa e perceber isso.
O Sporting não vence, não se organiza e não se revitaliza enquanto for palco para todas as negociatas e interesses externos de alcance duvidoso; Enquanto servir de trampolim vitae para pessoas que nada acrescentam e  que nada eram até chegarem ao Sporting; Enquanto tiver como standart dos seus dirigentes a incompetência e a falta de liderança e enquanto quem subir ao poder não tiver espírito de missão de servir o clube em vez de se servir dele.
E os sócios são os maiores culpados (culpa essa que obviamente partilho), porque na sua grande maioria negligenciam estes e outros valores que fizeram do Sporting um clube centenário, vencedor e respeitado em troca da vitória a cada Domingo, moral ou efectiva. Preocupam-se mais em assobiar e criticar os árbitros e outros agentes externos do que pedir explicações efectivas às direcções e tendem a focalizar os ódios em inimigos externos quando, não raras vezes, o grande inimigo do Sporting está dentro do próprio Sporting.
Posto isto, só há um caminho a seguir, que aliás, na minha humilde opinião, peca por tardio, até porque, desde o primeiro momento que questiono a própria legitimidade deste "governo": Convocar um AG extraordinária, votar uma moção de confiança/censura a esta direcção e, em caso dessa mesma moção ser negativa a esta direcção, destituí-la e convocar novas eleições, porque aquilo que esta direcção mostrou em apenas 1 ano de mandato é que o seu respeito pelo sócio comum e pela sua representatividade no universo Sporting é pouco ou nenhum.
Este seria sempre o primeiro passo a dar, mas não pensemos que os passos ficam por aqui, porque os sócios têm de se capacitar, de uma vez por todas, que pagar a quota é um orgulho, mas também uma responsabilidade. Ser sócio não deve servir apenas para ir "ver a bola". Ser sócio dever servir para isso, mas também para ser massa crítica efectiva (que tanta falta tem feito), fazendo sempre uma avaliação do trabalho de quem gere a nossa paixão, porque deve ser das poucas coisas na vida em que pagamos (e não é tão pouco quanto isso) e temos, invariavelmente, ficado calados.
Ser sócio é ser como um filho do Sporting Clube de Portugal. Partilhamos o mesmo sangue verde, o mesmo amor e a mesma paixão. Podemos discordar, mas no essencial concordamos. Só temos é que focalizar essa ideia e força nas grandes questões e penso que parte do problema fica resolvido.
Sócio, o Sporting precisa de ti!

terça-feira, 20 de março de 2012

Setúbal repetido

O jogo de Setúbal foi mau, mau para o Sporting, mau para a arbitragem e só se aproveitou, desse jogo e para o Setúbal, o resultado. Ontem não foi muito diferente, apesar das evidentes diferenças.
O Sporting mostrou, nos primeiros minutos, incapacidade confragedora para assentar o seu futebol e, de repente, sem que o Gil Vicente tivesse contribuído muito para o facto, já que pouco ou nenhum perigo tinha criado, de um excelente remate do meio da rua, apanha-se a vencer. Se a estratégia bem montada de Paulo Alves era de contenção, essa estratégia redobrou com a vantagem.
A verdade é que o Sporting, a partir dos 20/25 minutos finalmente conseguiu impor o seu futebol e até final da 1ª parte encostou o Gil à sua área, sem no entanto conseguir fazer o golo do empate.
Na segunda parte, Sá Pinto, faz aquilo que lhe compete: Dá mais tracção na frente, no intuito de continuar o assalto à baliza gilista, mas depois "apareceu" Bruno Paixão.
O lance de Schaars prova mais uma vez que é muito fácil enterrar o Sporting, por ser tão fácil marcar o que quer que seja contra o clube. Num lance em que claramente a bola lhe vai à mão, fora da área, o Paixão que é - e sempre foi incompetente - extrapolou um penálti e respectivo amarelo. O lance é defendido por Patrício e no seguimento do lance, João Pereira - parece-me - mete mesmo mão à bola. A questão pertinente é que se não fosse marcado o primeiro, não existia o segundo, pelo que o erro crasso parece-me demasiado evidente.
O Sporting acusou o golpe mas lançou-se na discussão, sem grande discernimento, é verdade, mas ainda assim, com muita alma.
Já o Sporting fazia por se levantar e o Paixão decide, de novo, intervir decisivamente no jogo, praticamente gorando as possibilidades leoninas. Schaars, que fora mal amarelado naquele pseudo-penálti, volta a ser mal amarelado num lance em que faz falta, mas de todo a mesma é merecedora de amarelo. A entrada é imprudente, mas é um contacto de corpo com algum espalhafato. Mais grave foi a entrada assassina à perna de Xandão, ainda na primeira parte, que não mereceu sequer a marcação da respectiva falta, por parte deste pseudo-árbitro. Falta essa que, na minha óptica, seria merecedora de vermelho directo.
Há, portanto, "lances" a mais num jogo que até foi bem disputado e "rasgadinho". Ao Gil foram perdoadas duas expulsões e ao Sporting foram debitadas sem que houvesse qualquer razão, uma expulsão e um pseudo-penálti que dá origem ao verdadeiro e ao respectivo golo do Gil.
No fundo, falar deste jogo e não perceber que a influência do Paixão no mesmo foi decisiva para o desfecho, é premiar a estupidez, mas por outro lado, o Sporting também tem culpa - e muita! - no cartório, pela abordagem negligente que fez ao jogo e pela falta de, nos primeiros minutos, de postura competitiva coadonante com os seus pergaminhos e até com o que vinha fazendo.
Aquilo que eu acho fantástico é agora vir-se criticar o Bruno Paixão, pedindo inclusive a sua irradiação quando na altura de apoiar A, B ou C para o órgão A, B ou C o Sporting, institucionalmente, apoiou a lista do sr. Vítor Pereira, que tanto mal tem feito à instituição e já depois do boicote de início de época, por parte dos árbitros, ao Sporting, com o conluio e anuência de Vítor Pereira, então na Liga.
O Bruno Paixão é mau porque é incompetente com laivos de assoberbada estupidez, mas sempre o foi. E esta ordem de pensamento aplica-se também a Duarte Gomes, a João Ferreira, a Lucílio Baptista e a muitos outros. Árbitros que, claramente, devem ter algum problema com a instituição Sporting e que normalmente, por negligência, por incapacidade ou mesmo por vontade própria, nos prejudicam sem apelo nem agravo.

Mudando de assunto: O antigo jogador José Eduardo, ladeado por Ângelo Correia e por Virgílio Lopes, deu ontem uma conferência sobre o Sporting, presente e futuro, alertando para o estado calamitoso e apresentando algumas alternativas. É justo e é aquilo que muitos sócios fariam com toda a certeza se tivessem a visibilidade e disponibilidade de José Eduardo.
Ainda não li o manifesto, mas daquilo que li da notícia, José Eduardo afirma que houve muitas coisas bem feitas pela actual direcção. Aqui, penso que José Eduardo foi politicamente correcto, porque se analisarmos friamente os números, percebemos claramente, que esta direcção, em consciência, se pode orgulhar muito pouco do 1º ano de mandato.
Praticamente tudo aquilo que foi prometido aos sócios, não foi cumprido com todas as consequências que isso trouxe, como são o aumento do passivo, da dívida, etc. Desde o não recurso à banca; aos empréstimos obrigacionistas; à auditoria que serve apenas para limpar o rabo, tal a abundância de papel sem qualquer fim; às chorudas comissões pagas por transferências de jogadores de qualidade muito duvidosa e que pouco ou nada têm acrescentado (Rodríguez, Bojinov, Luis Aguiar); entre muitas outras.
Já para não falar nas centenas de episódios trágico-cómicos que têm acontecido sobre a égide desta direcção, como a dos corredores de acesso aos balneários ou das notícias "plantadas" pela Cunha Vaz e desmentidas pela própria Lusa, entre muitas outras.
Na minha óptica e só para dar um exemplo, a direcção, se defendeu Domingos como pilar essencial de um projecto de três anos, e o despediu ao fim de 9 meses, tinha que se demitir também, mesmo que isso criasse um vazio directivo, porque desta negligência, bipolaridade e incompetência estou eu farto.

sexta-feira, 16 de março de 2012

O "milagre" de Manchester ou talvez não

Nota prévia: Estive ausente da escrita durante 3 jogos (City, Guimarães e City) por imperativos profissionais e tentarei, por isso mesmo e sucintamente, abordar o "bolo" dos 3 jogos.

O Sporting passou à fase seguinte da Liga Europa com distinção, porque conseguiu o verdadeiro "milagre" de transformar a negação do próprio embate, que muitos previam, em força motriz do sonho que hoje se realizou.
Sá Pinto não mudou tudo, mas mudou o essencial. Fez recuar a equipa, defendendo em bloco, soltanto os criativos e os extremos para aquilo que devem fazer - criar. Parece paradoxal, mas não é. A todos exigiu crença, combatividade e abnegação e passou-lhes a crença de que dando em excesso estes ingredientes, o talento natural de muitos dos jogadores do plantel, faria o resto. Como disse numa conferência de imprensa - ideia que subscrevo na íntegra - a alta competição é feita de 90% de trabalho e 10% de inspiração e o resultado, ou melhor, os resultados estão à vista.
Durante os primeiros jogos da sua "era", Sá Pinto não quis mudar o figurino deixado por Domingos. O 4-3-3, porém, exigia demasiado dos jogadores, já no limite físico e anímico e deixava, tanto o meio campo como a própria defesa mais expostos, sendo que os resultados, tirando Setúbal foram satisfatórios, mas as exibições deixavam a desejar. Notava-se, no entanto, maior entrega e alguns pormenores que, por si só, não faziam diferença, mas que noutra organização, poderiam começar a fazer.
O City vem a Alvalade e Sá Pinto, por força da própria equipa não render o esperado e, mais importante, pela valia do adversário, muda completamente o figurino. Faz recuar a equipa, povoa melhor o meio-campo e solta Matías atrás de Wolfsvinkel e o resultado da mudança não poderia ter sido melhor. O 4-2-3-1 tem o condão de juntar as linhas defensivas e de meio-campo, protegendo a verdadeira lacuna da equipa (a zona central da defesa) e fazendo com que a equipa ganhe mais bolas, endossando-a  rapidamente aos criativos Matías, Izmailov e Capel, nunca perdendo, mesmo quando ataca, o sentido posicional defensivo.
Em Alvalade, com o City, o Sporting fez um jogo inteligente e beneficiou muito da forma sobranceira como os ingleses abordaram o jogo. O resultado, por isso, não espanta. O 1-0 para além de justo era amplamente apoiado nesta nova ideia de jogo que parece agora florescer.
Passado esse fantástico jogo, o Sporting recebe o Guimarães e põe em prática, com algumas nuances, a mesma receita: equipa compacta, lutadora, soltando Matías e Izmailov para, cada um no seu posto, emprestar qualidade de posse e de passe e Capel para atormentar o lado direito das defesas contrárias, ganhando com isso, os últimos 30 metros que tanta falta têm feito nos últimos meses. Pé ante pé e com toda a justiça, o Sporting foi avolumando o resultado que se cifrou em 5-0.
Mas o verdadeiro teste tinha a data de hoje (ontem), depois de dois jogos em que o Sporting foi claramente superior, mas que, tanto num como noutro, o adversário cometeu erros de palmatória (não tiro o mérito ao Sporting por isso, muito pelo contrário, porque muitos dos erros de que falo foram potenciados pelo espírito de conquista da equipa). A visita a Manchester estava rodeada de expectativa, tanto de um lado como de outro, mas a verdade é que o Sporting superou o teste com distinção.
Uma primeira parte, a todos os níveis, excepcional, não oferecendo ao City a mínima hipótese de criar perigo real e, por outro lado, fazendo as despesas do jogo ao ritmo que interessava, culminaram com o resultado de 2-0, totalmente merecido, porque foi a equipa mais capaz, nunca perdeu a postura e juntou a isso enorme concentração defensiva e ofensiva. A segunda parte, porém, seria de grande sofrimento.
O Sporting até entrou bem, remetendo o jogo para a baliza contrária nos primeiros minutos, mas depois foi perdendo gás, à medida que Matías perdia o seu.
O City faz o primeiro golo aos 15' e o Sporting, ainda assim, não pareceu acusar muito o golo, respondendo bem, mas quando o City faz o segundo, ao 75' a partir de um penálti muito duvidoso, a equipa tremeu.
Tremeu e recuou, talvez em demasia, ficando à mercê, demasiado tempo, do sufoco inglês e o City acabou por, aos 82', fazer o terceiro golo, deixando a eliminatória num limbo perigoso.
O Sporting cerrou fileiras, juntou mais gente na "guerra" e abdicou completamente de uma coisa que parecia impensável fazer: Atacar. A equipa dava claros sinais de cansaço e optou, com muitos riscos, mas em meu entender bem (embora discorde da forma), tentar defender aquilo que tinha e que lhe dava a passagem à fase seguinte. Nos últimos minutos (de grande sufoco, diga-se), houve de facto muito jogo na área do Sporting, mas só no último lance da partida é que o City conseguiu criar, de facto, perigo, num cabeceamento do Guarda-redes (??) Hart, a que Patrício se opõe fantasticamente. A seguir o árbitro apita para o final e o Sporting vence a eliminatória com toda a justiça e mérito.
Apesar da excelente prestação do Sporting, nesta eliminatória, em 135/150 minutos mais descontos, a verdade é que os 30 minutos que faltam nesta equação podiam ter deitado todo o trabalho anterior para o lixo.
Uma equipa como o Sporting não pode duas coisas:
1ª- Desperdiçar 3 golos de vantagem. Nenhuma equipa do mundo consegue ganhar o que quer que seja a desperdiçar vantagem confortáveis destas. Ainda por cima com equipas com as soluções que o City possui.
2ª- Recuar tanto. Uma equipa como o Sporting, principalmente depois de ter banalizado o City em cerca de 150 minutos, não pode, em 30 minutos sonegar a sua própria identidade e começar a desconfiar de si própria. O jogo pedia, claramente, que o Sporting não tivesse medo de jogar em posse e mantivesse a bola em seu poder, até para enervar, como tão bem fez na primeira parte de Manchester, o adversário. Dar bola ao adversário, fez-nos recuar perigosamente e podia ter dado mau resultado.
Os últimos minutos mostraram que, a todos adjectivos que a equipa tem ganho nos últimos jogos, o Sporting juntou mais um: Capacidade de sofrimento "à séria". Já tínhamos visto algo parecido no jogo da Polónia, mas hoje foi sofrer a bom sofrer. Mas valeu a pena e se o Sporting tem ficado pelo caminho seria profundamente injusto, porque a esta eliminatória se aplica muito bem a história da formiga e da cigarra.
A minha palavra de apreço para jogadores, que foram inexcedíveis e para Sá Pinto (e toda a equipa técnica, naturalmente) que ilustra as minha palavras tão bem: Quem sente aquilo como poucos, não precisa de muito para ser feliz. O futebol, ao contrário do que muitos pensam, está todo inventado e não tem muitos segredos. O esforço, a dedicação e a devoção, com mais ou menos dificuldade, levarão sempre à glória. Imediata ou mais remota.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Cumprir a obrigação

Não me considero uma pessoa pessimista e por isso mesmo acredito que hoje (e sempre que joga) o Sporting conseguirá cerrar os dentes e fazer um jogo coadonante com a sua história, deixando-nos a todos orgulhosos, mas confesso que o adversário de hoje e, principalmente, o momento que o Sporting atravessa, desportiva e organizacionalmente, não abrem boas perspectivas para o embate.
Não é uma questão de pessimismo, antes de realismo e sejamos claros em relação a isto. O Sporting não tem jogado o suficiente para alimentar o sonho e tem falhado nesse particular com adversários menos cotados. É verdade que se vêem algumas diferenças, nomeadamente na disponibilidade e abnegação dos atletas, embora em Setúbal, apenas na 2ª parte, mas só isso - percebemos - não chegará, até porque o Sporting não consegue resolver o problema dos últimos 20 metros, neste momento, inexistentes.
O City, em contraponto, é uma equipa adulta, de alta rotação e com muitas e boas soluções que, por isso mesmo e com o mérito que se lhe reconhece, lidera a liga inglesa.
E o melhor Sporting pode não chegar para o pior (ou menos bom) City, mas é tácito que o inverso (se o melhor City jogar contra o pior Sporting) resultará, concerteza, em atropelo, ressuscitando fantasmas antigos.
Para vencer este jogo o Sporting tem de ser perfeito em todas as vertentes do jogo e esperar que o City tenha um dia menos bom. A juntar à perfeição, tem de haver muito esforço, dedicação e devoção e, mesmo assim, a glória não estará garantida. Mas mais importante do que vencer (que também seria simpático) seria o Sporting, finalmente, desabrochar da letargia exibicional que tem vivido. Nesse ponto este jogo será um bom ponto de partida para isso porque o favoritismo está todo do lado dos ingleses, libertando-nos da pressão dos pontos e da modéstia dos adversários.
No meu modesto entender, desde que o Sporting cumpra a sua obrigação histórica, honrando, cada atleta, a camisola que enverga, a situação será sempre de ganho, porque na verdade, o Sporting tem muito pouco a perder nesta eliminatória. Mas que isso não sirva para lascismos, porque do sonho ao pesadelo, a distância é curta e pesada.

PS: A rábula dos bilhetes para este jogo que se realiza a uma 5ª feira às 18 horas, é mais um (na ordem das centenas) dos episódios que mostram a incompetência desta direcção. Há sócios que não pagam, outros que pagam muito e outros ainda que podem beneficiar, de última hora, de uma promoção à la carte baseada na previsão de pouca afluência.
Como o Sporting tem jogado, juntando a isso a hora, sendo um dia de trabalho, a afluência nunca seria muita. Por outro lado com os preços praticados muitos dos sócios que, numa situação normal iriam, dando na SIC, preferem ver na comodidade do lar.
Gostava de saber quem é o "engenheiro" das obras feitas que tem estas ideias peregrinas. É mais outro escolhido a dedo.

domingo, 4 de março de 2012

Pouco Sporting, algum galo e muita gralha

Mais uma vez, com um interregno de 4 jogos, o Sporting volta a claudicar, desta feita em Setúbal. Não porque o Setúbal tenha feito um grande jogo - que não fez -, como a maior parte da comunicação social quer fazer crer, mas por culpa própria, com algum galo e com muita gralha, própria e alheia.
O Sporting entrou mal, deixou-se pressionar por uma entrada a todo o gás do Setúbal e nos primeiros 15 minutos foi completamente manietado. Nesse período o Setúbal chega à vantagem com um golo esquisito (a mim parece-me que, de facto, a bola está dentro, mas nunca saberemos ao certo), já depois de ter enviado uma bola ao poste, minutos antes. E aos 20 minutos, o jogo (digno desse nome) do Setúbal chega ao fim. Remeteu-se para a sua defesa, em vantagem, e defendeu como pôde essa mesma vantagem.
O Sporting, por seu turno, depois de uma entrada em jogo péssima, foi paulatinamente tomando conta dos acontecimentos, sem nunca, no que à primeira parte diz respeito, incomodar Diego. 2 remates desenquadrados, é francamente mau.
Na segunda parte tudo mudou, embora sem resultados práticos. O Sporting foi mais assertivo na circulação, nas jogadas pelos corredores e começou a encostar o Setúbal às cordas, que se limitava a destruir. Foi assim do minuto 46 até ao 94º. Pelo meio, muito jogo até aos últimos 20 metros, mas poucas oportunidades e, na minha opinião por dois motivos: O primeiro prende-se com o facto do adversário jogar praticamente com 10 jogadores dentro ou nas imediações da área, tapando todos os caminhos, à vez, para a baliza e o segundo, intimamente interligado com o primeiro, prende-se com o facto de ao ponta-de-lança (ou à zona de decisão) chegarem pouquíssimas bolas em condições. Juntar a primeira e a segunda é juntar a fome à vontade de comer, no que à equipa do Sporting diz respeito. Pelo menos tem sido.
A juntar a tudo isto, que já não é pouco, houve muito galo, na forma como, em algumas situações (não muitas) a bola não entra e houve ainda muita Gralha.
Não querendo desculpar uma exibição onde o Sporting tinha de fazer muito mais, é, para mim, tácito referir que há muitos anos que não via uma arbitragem tão má e com tanto prejuízo para o Sporting. Foram 94 minutos de decisões erradas, dualidade de critérios, excesso de zelo para uns e libertinagem total para outros.
Pode tentar mascarar-se esse facto com o que se quiser, mas que ela existiu, existiu! E se não tem influência no resultado, tem influência clara no jogo. A dualidade de critérios do sr. Gralha - que fez claramente jus ao nome - foi gritante, porque durante todo o jogo assistimos a entradas, muitas delas repetidas pelo mesmo jogador, sem que o árbitro tivesse uma posição de defesa do espectáculo. No lado oposto, a cada falta que marcava ao Sporting, invariavelmente, amarelava o jogador em causa.
O exemplo mais gritante disto e que atesta, clara e concisamente, o que acabo de escrever é a situação do lateral direito Peter Suswam, que é substituído placidamente aos 65, depois de fazer, pelo menos, 5 faltas passivas de amarelo (algumas até alaranjado). Aos 14 tem uma entrada duríssima sobre Capel e vê o primeiro amarelo; Aos 33 faz outra entrada duríssima sobre Capel e fica em campo;  Aos 39 empurra Capel dentro da área (seria penálti e expulsão) e o sr. Gralha poupa-o de novo ao considerar que Capel simulou a falta quando se vê perfeitamente o empurrão e poucos minutos antes de sair, faz mais uma entrada dura, desta feita sobre Matías, a que o árbitro, mais uma vez, fez vista grossa, não à falta que a marcou, mas ao amarelo. Tudo isto a juntar ao cândido e constante recurso às faltas por parte deste jogador. Se Peter Suswam acabou a primeira parte, muito se deve ao sr. Gralha.
Mas há outros lances que merecem a minha análise neste contexto. Para ironia das ironias, o penálti que o sr. Gralha marcou a favor do Sporting é exactamente aquele que não o é. Brincadeira ou consciência pesada do "xôr" Gralha? Fugiu-lhe a consciência para a compensação que é mais um atestado que os árbitros dão da premeditação que trazem.
Alguns minutos antes, há um penálti claro sobre Matías (é abalroado por Bruno Amaro), que o sr. Gralha, mais uma vez e placidamente, manda seguir, assim como a entrada assassina sobre o Capel, já nos descontos, feita pelo Bruno Severino, são apenas alguns lances de exemplo de uma arbitragem que devia figurar nos compêndios de "Exemplos de como inclinar um campo".
Não há desculpa para a paupérrima exibição do Sporting, principalmente na 1ª parte, mas houve demasiada "mão" do sr. Gralha para aferir que, se a arbitragem tem sido normal (quando digo normal é no limite do razoável), o Sporting perderia este jogo em Setúbal. Eu tenho dúvidas.
Agora, não me digam é que 2 penálties e 1 expulsão perdoadas à mesma equipa, não têm influência num jogo, porque isso é falacioso.

PS: Não ouvi ninguém por parte do Sporting (até à hora em que comecei a escrever este artigo) insurgir-se contra esta arbitragem, o que é profundamente estranho, visto que houve melhores  arbitragens (bem melhores), no passado, que foram alvo de crítica violenta o que me leva a pensar aquilo que penso desde que este "governo" assumiu funções: "O Sporting está entregue ao bichos".

PS1: É inacreditável que o Sporting não consiga efectuar um jogo sem que se lesione ou se indisponibilize, pelo menos, um jogador. Hoje foi a vez com Wolfswinkel, à custa de uma gastroenterite.
Nós sócios já não confiamos na direcção, temos muitas dúvidas em relação ao Dep. Médico. Não nos façam desconfiar também do cozinheiro...