sábado, 2 de fevereiro de 2013

Porque se impõe (e exige) uma mudança?

Os últimos dias da vida do Sporting Clube Portugal ficarão indelevelmente marcados na memória dos sportinguistas. E não deixa de ser curioso que, quando se fala numa destituição desta direcção em sede de assembleia geral extraordinária, marcada para dia 9 de Fevereiro, o que quererá muito provavelmente dizer que serão os seus  últimos dias (esperamos todos que sim), haja uma recordação óbvia dos seus primeiros dias, com o culminar do mais vergonhoso acto eleitoral de que há memória em Portugal e, muito provavelmente, no mundo, só comparável a tempos em que se vivia em ditadura.
Quero eu com isto dizer que há um paralelismo claro nestas duas situações que marcam a entrada e a muito provável saída desta inenarrável direcção. Em ambas há um forçar claro da situação, atropelando quem se lhe vem ao caminho e usando todos os meios legítimos e ilegítimos para tentar desesperadamente legitimar uma farsa que se arrasta há praticamente dois anos.
Mas centremo-nos nos últimos dias, que não deixam de ser um espelho, em modo fast forward, daquilo que tem sido a (des) governação de Godinho Lopes.
O que aconteceu em pouco mais de 48 horas é o espelho de um Sporting que não conheço, que não me inspira confiança e que não tem futuro. É o espelho de gente rasteira, mesquinha, que mete os seus (ou de terceiros) interesses à frente dos da instituição e completamente incompetente. Seja na forma ou no conteúdo.

Depois da inenarrável ameaça do presidente em dizer que se demitia se fosse marcada a AGE, segue o não menos incompreesível chorrilho de parvoíces a que este presidente já nos habituou.
Disse que se demitia, mas quando foi marcada a AGE para 9 de Fevereiro, recuou e interpôs em tribunal uma providência cautelar, em conluio com alguns notáveis, a essa mesma AGE, alegando não haver justa causa e que a marcação da AGE está ferida de ilegalidade.
Pois bem, quanto a isso, já hoje, o tribunal vem indeferir o pedido para a providência cautelar, o que desde logo é uma boa notícia.
Entretanto será interposta um segunda que conhecerá decisão a breve trecho.
Tudo manobras para impedir que os sócios, bem mais precioso de qualquer agremiação desportiva, se exprimam em sede própria.
Já ontem, depois de marcada a referida reunião magna, a mesa da AG disponibilizou-se para qualquer esclarecimento relativo a essa matéria, em sessão marcada especificamente para esse efeito, no auditório Artur Agostinho. O que se passou a seguir é incompreensível, inenarrável e inconcebível, tanto num clube que se quer democrático, como num estado de direito.
Houve supostos sócios que interromperam ostensivamente a sessão, gritando impropérios e atirando ovos (???) aos responsáveis da direcção da mesa da AG.
A questão da premeditação nem se põe, pois eu não acredito que haja muita gente que saia de casa com ovos nos bolsos sem ter uma ideia específica do que fazer com eles.
Parece-me no entanto, ligando aquilo que é a posição da direcção antes e depois da marcação da AGE, que fica claro, para quem tenha dedos de testa, que é mais uma manobra patrocinada e mesmo encorajada (para não ir mais além em palavras) pela actual direcção.

Este incidente que é uma perfeita anormalidade, revela duas coisas:
1. Que a direcção, através dos seus braços armados tudo farão para continuarem o status quo de corrupção que grassa há décadas no Sporting a mando dos interesses da banca
2. Que os esqueletos que ainda povoam os armários de Alvalade podem comprometer muita gente, individual e colectiva, porque se assim não fosse, não creio que Godinho tivesse aguentado até hoje como presidente, principalmente face à enorme contestação de que é alvo por parte de todos os sectores, sem excepção, do clube.

Obviamente que o clube emitiu um comunicado onde refere repúdio por tais actos e apela à serenidade. Não fez mais do que a sua obrigação, porque defender actos destes é defender a banditagem e a corrupção. Isso, no Sporting, já foi chão que deu uvas, mas vai ter de acabar.
Não contente com este chorrilho de estupidez, patrocinado por ele e respectiva direcção, Godinho vem hoje dizer, em conferência de imprensa, que os falhanços dos últimos dias, nas contratações, bem como na entrada de dinheiro através de um putativo investidor que ninguém sabe quem é, se devem à instabilidade criada pela MAG.
Vai mais longe quando tenta explicar o inexplicável, sempre com o único intuito de culpabilizar a MAG que apenas fez o seu trabalho consagrado nos estatutos e que ele, claramente, desconhece.

A saber:
Sobre a putativa venda de Wolfswinkel, Godinho diz que o Dínamo de Kiev iria pagar uma quantia generosa e ainda emprestar dois jogadores, mas que devido à turbulência (sessão de esclarecimento da MAG), o Dínamo ficou com dúvidas e recuou porque pensou que o Sporting podia estar numa situação financeira difícil.
Analisando esta afirmação, só pode ter sido proferida por um atrasado mental.
Pergunto: Então não é o Dínamo que quer comprar o Wolf? Fazendo fé nessa intenção, não seria o Dínamo a pagar e ainda emprestar dois jogadores a custo zero?
Se realmente o Dínamo estivesse interessado, estar-se-ia bem a cagar para os problemas financeiros do Sporting ou se há ou não turbulência. Melhor para eles que até conseguiriam, com jeitinho, baixar o preço do jogador.
Mas este cabrão é louco?

Sobre a questão do Niculae a coisa ainda toma contornos mais inacreditáveis.
Diz ele que, por haver dúvidas em relação àquilo que pode ser considerado - ou não - início oficial de cada época, poderia criar-se um processo longo e complexo. Como não sabe se será ele a ficar com o processo em mãos e resolvê-lo à posteriori, preferiu abortar o negócio.
Para já, se o problema é complexo ou não, se será ele a tratar ou não, não lhe diz respeito, porque ele não trabalha para ele próprio. Supostamente serve (ou deveria servir) os interesses do Sporting desde o dia em que entrou até ao dia em que sair.
Parece-me no entanto que o abortar do negócio com inúmeros riscos até foi um decisão sensata e lógica, mas assumir que ele ou quem o assessoria foi incompetente a tentar contratar à última da hora um jogador que já tinha representado 2 clubes na presente época, quando a FIFA diz que não pode representar 3, está quieto. A culpa é da MAG, que ofuscou os monitores onde estes néscios que tomaram o poder à força, acedem à web...

Para finalizar há questão do Kléber, que é tão ou mais rocambolesca do que as anteriores.
Diz Godinho que o atleta já estava a caminho do aeroporto, quando recebeu uma chamada do BMG (Banco de Minas Gerais), detentor de 20% do passe do brasileiro, a pedir o aval pessoal à contratação e por isso abortou o negócio.
Em primeiro lugar, sobre esta matéria e a ser verdade, para quê comprar o Kléber? Porque não negociar a vinda por empréstimo até ao final de época e depois decidir o que fazer? É estranho que nesta altura, ainda por cima no último dia de mercado, quando clubes com poder financeiro tentam empréstimos, o Sporting, que não tem "cheta", tente a aquisição definitiva.
Ainda por cima de um jogador que -valha a verdade -, pouco ou nada mostrou.
Depois a história do aval pessoal de uma entidade que apenas detém 20% é -desculpem-me -uma anormalidade em toda a linha. Acho que nem uma criança em idade pré-escolar engolia esta desculpa de tão má que é.
E depois anda há a questão da comunicação social. Nestas coisas os jornais costumam estar bem informados e desde o princípio que se começou a falar em Kléber, em todos os meios de Comunicação Social, era dado o negócio como empréstimo e apenas se falou em empréstimo do Porto.
Nesse particular, parece-me ser óbvio que foi o Porto a criar problemas de última hora para gozar o prato ainda mais e Godinho não quer admitir que deu 20 tiros nos pés, tanto ao fazer esta "aliança" de gente parva (Sporting) com ratos velhos (Porto), como nas trocas que já efectuou com o rival.

Já nem vou falar da questão do Ínsua e a tentativa mentecapta de explicar, tentando capitalizar simpatias na base da rivalidade, a transferência do lateral. Para Godinho o importante não é ter vendido um dos melhores laterais a jogar na Europa a preço de saldo, delapidando a equipa. Não. O importante para este inepto, é ter conseguido desviar o negócio do rival da segunda circular.
Simplesmente não colhe e até se dá à morte só de falar nisso, fazendo o Benfica entrar na discussão, acusando-o de mentiroso, porque já toda a gente tinha esquecido o assunto, com tantos novos episódios de comédia.

Mas voltando à culpa que a MAG pode ter no cartório, este senhor só pode estar a gozar. O que é que uma sessão de esclarecimento com vista a AGE de 9 de Fevereiro têm a ver com a parte das contratações. Que eu saiba os jogadores vêm para jogar no Sporting e não para concorrer a um cargo nos órgãos sociais. Os próprios clubes que os vendem ou emprestam estão a borrifar-se para o Sporting e os seus problemas internos.
O que Godinho não disse é que o Sporting, em relação ao ponta-de-lança, se lançou tarde na busca. Nem disse porquê.
O que Godinho não disse é que nos 4 nomes que foram falados, nenhum teve o trabalho de casa feito. É o jeito que dá ter a pasta do futebol nas mãos de Godinho Lopes e Paulo Farinha Alves. Os dois, a esse nível, para além de não fazerem um, são predestinados na incompetência.

Importa perguntar em relação a estes últimos dias de mercado:
Se o Sporting tem direito de opção (traduza-se isso no que se traduzir) pelo Ghilas, do Moreirense, porque não o accionou?
Se o Sporting queria contratar o Paulo Henrique, do Trabzonspor, porque é que não apresentou uma proposta concreta à empresa que detém os direitos do jogador?
Se o Sporting queria ver o Niculae voltar ao Sporting, porque é que, antes mesmo de fazer o jogador viajar, não pesquisou e não se informou das possíveis complicações, evitando todo este circo do anuncia/"desanuncia reforço?
Se o Sporting, em desespero de causa, queria o Kléber, porque é que não forçou o benefício da aliança que Godinho fez questão de promover com o Porto?
E mais importante. Porque é que o Sporting, na figura da sua direcção, a precisar de um ponta-de-lança há, pelo menos, dois anos, deixou o mercado chegar aos últimos dias para tentar a contratação ou o empréstimo de um?
Esta é que é a questão fundamental. Mais do que nomes é necessário perceber porque é que o Sporting esperou 29 dias para resolver a questão do ponta-de-lança, se  é que realmente tinha a intenção de a resolver.

Para quem segue o futebol com alguma cadência, percebe que com os inúmeros emprestados que o Sporting tem, o clube precisa de fazer zero investimento. Principalmente numa altura em que os objectivos são curtos e o plantel quer-se igualmente curto.
Dois jogadores que ainda há pouco tempo podiam ter sido opções baratas (eram atletas do clube) para um segunda linha e foram despachados. O Wilson Eduardo foi emprestado mais uma vez e faz golos em todos os clubes por onde passa (5 no Beira Mar, 7 no Olhnense e 3 na Académica) e o Amido Baldé foi vendido (?) ao Guimarães. Na semana passada, eu como muitos sportinguistas, perceberam que um jogador como o Baldé, pode não ser um portento, mas faz falta a qualquer equipa. Serve para o Guimarães empatar em Alvalade mas não serve para o Sporting, de onde aliás já era.

Não contente com todo este furação de parvoíces, Godinho diz hoje ainda, que a AGE é má para o Sporting.
Mais uma vez ou o homem está senil ou então é mesmo parvo. Pela parte que me toca já investi tempo e dinheiro na segunda tese.
Mas em que galáxia é que a palavra dos sócios é má?  Eu percebo que para gente como Godinho Lopes, que palmilhou a vida pela sombra, a democracia, seja uma maçada, mas se há uma coisa que ele se esquece, é que se não houvesse democracia, não havia sócios e muito provavelmente, o clube não existia da maneira como o conhecemos. Mas aí também ele não seria presidente, pois os Ricciardis e outros que tais, não deixariam que um inepto destes gerisse os destinos deles.
O que é realmente mau para o Sporting é o clube, através dos seus sócios, ter aguentado esta inépcia pessoal que Godinho nunca disfarçou, durante dois anos. Isso é que é tremendamente trágico.
Não houve uma medida, uma ideia, uma parte de um projecto maior que este presidente tivesse, por algum momento de lucidez, conseguido passar durante este tempo todo, que realmente deixasse perceber o rumo.
5 treinadores, 25 jogadores, 1 empréstimo obrigacionista para pagar um já existente, mais 200 milhões de passivo a juntar ao que já existia, o pior arranque de sempre na liga, a pior época de sempre em perspectiva, falta de carácter, falta de carisma, falta de liderança e falta de competência do próprio e de quem escolheu, fazem de Godinho Lopes o pior presidente de sempre com toda a naturalidade.

Se dúvidas houvesse sobre o que é preciso mudar, para os mais incautos, os dois anos mais negros da história centenária do Sporting Clube de Portugal, podem dar uma pista.

Como dizia o Octávio Machado n'A Bola TV: " Já mudou de treinador, de jogadores, de dirigentes, de médicos, de massagistas e de roupeiros. Se calhar o que falta mudar é o lugar que ele pensa que está bem."

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