sexta-feira, 12 de abril de 2013

Recuperação da soberania e independência institucional

Em 17 anos perdi a conta ao número de reestruturações financeiras, com este ou qualquer outro nome, feitas supostamente por gente que era, à partida, considerada guru da finança e em quem a banca reconhecia competência e credibilidade. Em todas elas o Sporting ficava sempre pior depois da sua implementação, cada vez mais cativo e dependente da banca e apenas por duas razões que, perante este "novo começo" (passo a espécie de pleonasmo) são cada vez mais óbvias: negligência e premeditação ou ambas. A própria base da negociação, completamente minada em garantias, mostra bem que o que foi, programaticamente, a Era Roquette.

Foi preciso chegar a presidente um suposto garoto, que vibra com os golos do Sporting e que aparentemente não tem credibilidade junto da banca para fazer valer a sua inexperiência, a sua garotice e o seu sportinguismo.

A verdade sincera é que o actual presidente do Sporting partiu de dois pressupostos simples - que deviam ter balizado todos os outros antecessores, ainda para mais com a credibilidade que gozavam junto da banca e os conhecimentos económico-financeiros que detinham - Soberania e independência institucional.

Esses dois pressupostos que se interligam quase organicamente é que permitem que numa negociação que se avizinhava bastante dura, face ao próprio momento que o país e o clube atravessam, o Sporting tivesse algum poder negocial. De outro modo, como os últimos 17 anos mostraram de forma tão eloquente, a banca não negoceia, impõe. E a imposição, por parte de terceiros, numa instituição independente é inaceitável, mesmo que esses terceiros achem que, como credores, têm de ter uma palavra a dizer.

Como já o disse no passado por diversas vezes, era exactamente o mesmo que o banco onde tenho a hipoteca da minha casa, nomear uma pessoa para gerir as minhas contas e decidir como e onde gasto o dinheiro. Inaceitável.

Nem sempre estive de acordo com Bruno de Carvalho nos anos que intermediaram as duas eleições, porque achava que devia ter feito de outra maneira e mantenho a ideia, mas se há coisas que critico e critiquei no passado, por uma questão de coerência, tenho que lhe tirar o chapéu neste particular, e elogiá-lo (a ele e à sua equipa) de forma estridente como também o fiz no passado.

É motivo de orgulho para mim, como o deve ser para todos os sportinguistas, que o agora presidente tenha sabido usar o nome e o peso social do Sporting Clube de Portugal em proveito do próprio clube, pela primeira vez em quase duas décadas.

Espero apenas que esta seja uma das muitas batalhas que este "executivo" trava para ganhar e não para fazer número de circo e aparecer. Confesso que tinha algumas dúvidas - e era perfeitamente legítimo - que ele fosse bem sucedido onde todos os outros falharam, mesmo que por razões diversas. Para já porque era muito complicado à partida e porque não dependia apenas de uma das partes, como não depende nenhuma negociação, mas a forma como se chegou a acordo, defendendo os interesses superiores do clube e do próprio projecto - embora não saiba ainda os traços concretos do mesmo - deixa-me muito esperançado num futuro cada vez mais risonho. Espero sinceramente que assim seja.

Afinal e como sempre soube, na vida como em tudo, é apenas uma questão de querer, de intransigência nas questões fundamentais e de fibra.

PS: Reforço que ainda não conheço os traços concretos do acordo, apenas fazendo fé na ideia passada na comunicação social de que o acordo é muito bom para o Sporting, desde logo porque permite a implementação do projecto destes órgãos sociais, coisa que sem acordo, tornava-se impossível.

PS1: A malta que está no governo (e já agora na oposição) devia pôr os olhos nisto e perceber, de uma vez por todas, que por serem credores, os credores, não têm que impôr o que quer que seja a um estado soberano.

PS2: O reboques a esta hora já enfiou a viola no saco, pediu para cagar e mandou-se. É o que dá ser atrasado mental e falar sem conhecimento de causa, que é o que, esse senhor, faz amiúde.

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