domingo, 12 de maio de 2013

Bater no fundo

Há demasiado tempo que o digo e hoje, perante a constatação clara e inequívoca da realidade, digo-o com mais veemência: O Sporting tem de olhar para dentro, reorganizar-se e crescer sustentadamente. Leve o tempo que levar. Andarmos a enganar-nos a dizer que podemos chegar e fazer, sem lançar as bases daquilo que é realmente importante, é brincar com o futuro de uma instituição única e centenária.

A verdade é que este bater no fundo que hoje se efectivou (a pior época de sempre que culminou com a não ida à Europa) é um wake up call que, na minha óptica, levou demasiado tempo para acontecer. Temos ficado demasiado tempo a demasiados pontos do primeiro lugar - o que devia, por si só, funcionar como alerta -, para alguém no seu perfeito juízo, vir dizer que este desfecho não era previsível. O desfecho acaba por ser o culminar de quase duas décadas de roquetismo que levaram o clube à ruína financeira e à quase ruína desportiva, da qual o clube se tem safado, nos últimos anos, in extemis. Até hoje.

Obviamente que os sportinguistas se sentem tristes pela não ida à Europa, não só porque isso é um tão necessário encaixe financeiro, tão grande quanto for o desempenho, mas acima de tudo pelo prestígio que confere a quem enverga a camisola listada verde e branca.

No entanto, na minha humilde opinião, a não ida à Europa tem os seus lados positivos, por muito que nos custe admiti-lo.
Desde logo porque o Sporting precisa, com urgência, de se reinventar, a partir da formação, que é uma ideia que eu considero muito boa. Ainda por cima com escola (entretanto abandonada sabe-se lá a que propósito) no próprio clube, mas que precisa de ser trabalhada em qualidade e exigência, para num futuro próximo poder cumprir os seus reais desígnios: Fornecer a matéria-prima para a 1ª equipa, sempre.
Depois porque o clube pode viver um ano de maior rigor desportivo e financeiro e lançar, a esse nível, as bases de um futuro.
Convenhamos que será mais fácil começar a aplicar um modelo assente na formação quando o prestígio ou o "financiamento" europeus não correm o risco de ser postos em causa e quando os objectivos são apenas de consumo interno.

Na próxima época o Sporting tem a hipótese clara de lançar as próximas décadas douradas.
Basta que consiga aproveitar um verdadeiro "ano zero" para fazer as reformas e mudar aquilo que tem de ser mudado. Com calma e preseverança, com exigência e profissionalismo, com competência e vontade, o fundo onde batemos hoje, pode ser o trampolim de amanhã. E o primeiro passo já foi dado a 26 de Março.

1 comentário:

  1. Completamente de acordo, no entanto, temo que a seguir ao referido primeiro passo dado a 26 de Março e para o qual eu dei a minha contribuição, surja já o primeiro tropeção no tão ansiado “reset”. É óbvio e público que Jesualdo Ferreira não fica por não querer prestar contas a Inácio e quanto a mim, bem. Aproveitando o facto de estarmos fora das campanhas europeias, quem, neste momento, poderia ser melhor que Jesualdo para pegar nos miúdos e trabalhar uma equipa para um futuro mais risonho?
    Deixar cair Jesualdo em detrimento do regresso de Inácio, poderá muito bem ser o primeiro tiro no pé. Sinceramente, a confirmar-se, não consigo descortinar neste acto de gestão a defesa dos superiores interesses do Sporting Clube de Portugal.
    Vou até mais longe. Inácio, facilitando a vida a Bruno de Carvalho, deveria abdicar do seu regresso mas, lá está, a par de Manéis, Betos e outros, são todos grandes Sportinguistas desde que vá pingando algum.

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