Sinceramente não pensei reactivar o Kracken, pois achei que
o Sporting tinha encontrado o seu rumo, finalmente. Tal, hoje, é totalmente
posto em causa pelos recentes acontecimentos que, poucos conseguem perceber na
totalidade. Há precisamente (mais dia menos dia) 2 anos tinha aqui escrito um artigo com um nome similar, fazendo referência a uma das obras-primas de mestre Oliveira e que rezava o seguinte. Falava - pasme-se - basicamente do mesmo, porém com outros protagonistas e noutro lugar da história e que só estes tristes acontecimentos nos fazem desenterrar.
Para que fique claro, votei Bruno de Carvalho, pelo projecto apresentado.
Pareceu-me totalmente coerente e alinhado com o que eu próprio, como sócio ou
adepto, pensava. Se nos primeiros tempos de mandato, o saldo foi francamente
extraordinário, com o mais premente a ser resolvido com distinção,
principalmente na parte financeira e burocrática (renegociação da dívida,
início da reestruturação financeira e posta em marcha a auditoria financeira e
posteriormente de gestão), aliado a um desempenho desportivo muito acima das
expectativas, sem esquecer as inúmeras frentes de batalha abertas aos poderes instituídos (Fundos, agentes, sistema, etc), os últimos meses têm sido, tanto a nível de comunicação
(desastrosa) como de organização do edifício Sporting (sofrível), um autêntico
desastre. Principalmente de dentro para dentro...
Desde a comunicação, via facebook (?), após a derrota em Guimarães, que parece o presidente do Sporting têm mantido o tom errático nas suas comunicações pessoais e institucionais, o que tem gerado (não me espanta), tanto internamente como externamente, uma surpresa quase geral. A própria imagem de BdC tornou-se mais opaca, pois desconhecem-se as motivações para algumas das intervenções que parecem redundar em nada mais do que auto-flagelação institucional.
É de todo imperceptível como é que um Presidente que teve
como uma das suas bandeiras a transparência é, ele próprio, nesta questão, quem
mais a enevoa. Primeiro porque não é, nem quer ser claro, com referências
abstractas à assunção de responsabilidades quando elas são inerentes a cada
cargo e depois, porque deixa um assunto interno, desenvolver-se perigosamente
na praça pública. Parece não haver gabinetes tanto em Alcochete como em Alvalade e até parecem presidente e treinador de clubes diferentes.
Eu só percebo que o Sporting institucionalmente ainda não
tenha repudiado veementemente as declarações e o artigo do José Eduardo (JE),
se, como parece, tenha sido o Sporting a encomendá-lo. E só não percebe isto
quem é burro.
Porque das duas uma: Ou o Marco Silva (MS) é o diabo que JE
fala e o Sporting e o seu presidente ficam mal na fotografia por deixarem
sequer MS entrar nas instalações do clube ou MS foi vilipendiado no seu
carácter e no seu profissionalismo (embora muito menos) cobarde e abominavelmente
e o Sporting tem a obrigação institucional de ser o primeiro a defender um
investimento de 4 anos.
Em qualquer um dos casos, já toda a gente percebeu que,
institucionalmente o Sporting não pode estar em posse de todas as suas
capacidades. Este é claramente um assunto em que ou é branco ou é preto, pois não há
nenhuma "grey area" nem a possibilidade de um "politicamente correcto" perante acusações tão graves.
Mais: Quem lê o artigo percebe desde logo que não há uma só
prova que o sustente, daí o artigo centrar a sua quase totalidade na avaliação
negativa do carácter de MS e isso é tão rasteiro que só está ao alcance de
vermes e de verbos de encher. Se fosse um lampião ou um tripeiro a fazê-lo,
caía-lhe tudo em cima. Como é o JE, para a direcção, parece fazer parte da
cartilha e a pergunta que se impõe é: Quem é JE e quais são os seus interesses
para fazer um ataque sem precedentes a um profissional do Sporting? Importa
perguntar, porque se percebe, porque é que sai um artigo deste tipo (com um
alvo claramente definido internamente) numa altura em que institucionalmente o
Sporting vivia (vive) um período de Blackout?
E deixem-me dar-vos um testemunho de competência. Ninguém,
sem trabalho de qualidade e competência, pega numa equipa a meio da época nos
últimos lugares e leva-a a ser campeã da 2ª liga. Mais, depois disso, já na 1ª,
leva a sua equipa dois anos seguidos às provas europeias.
Não sei o que as pessoas chamam a isto, mas eu costumo chamar de competência e qualidade de trabalho.
Não sei o que as pessoas chamam a isto, mas eu costumo chamar de competência e qualidade de trabalho.
A competência não é (nem pode ser), pois, o motivo de toda
esta celeuma. Celeuma essa que foi criada internamente sabe-se lá com que
absurdo objectivo.
Se formos ver a realidade que a vitória seguríssima, com
momentos de grande brilhantismo, obtida hoje em Alvalade sobre o Estoril, só
vem confirmar, percebe-se que a época não estando, de todo, a ser
brilhante,ainda não acabou. E não acabou pelas razões óbvias de só terminar em
Maio e das menos óbvias de o Sporting estar ainda (é o único dos grandes) nas 4
frentes com grande probabilidade de ganhar qualquer uma delas, ainda que o
campeonato seja muito mais complicado.
De facto, na Liga, estamos a 10 pontos do 1º (hoje 7) e a apenas 4 pontos do 2º. Repito, não sendo brilhante, nada está perdido de forma categórica.
De facto, na Liga, estamos a 10 pontos do 1º (hoje 7) e a apenas 4 pontos do 2º. Repito, não sendo brilhante, nada está perdido de forma categórica.
Olhemos então para a outra parte da realidade. A equipa base do Sporting é a do
ano passado, pelo que se conclui facilmente, e isso parece-me tácito, é que
nenhum dos “reforços”, tirando o Nani (é de outro nível), o Jonathan (entra
facilmente na equipa sem perdermos qualidade) e o Paulo Oliveira (claramente o
melhor central que temos), entra de caras nesta equipa sem que se perca,
factualmente, qualidade. O que quer dizer que, perante as dificuldades
financeiras, comprou-se muito e acertou-se muito pouco. Se a equipa o ano
passado ia tentar lutar pelo título, o que conseguiu até onde deixaram, a mesma
equipa um ano depois, não pode ter como objectivo ser campeã do Mundo
(figurativamente). Simplesmente não faz sentido. E é aqui que penso, na
dicotomia entre definição de objectivos versus meios postos à disposição, que a
coisa se complicou.
Há hoje mesmo uma nova declaração do Presidente Bruno de
Carvalho a pôr uma pedra no assunto sem nunca, categoricamente, repudiar as
declarações de JE, o que continua a levantar demasiadas questões. As mesmas levantadas por este suposto travão
às 4 rodas e respectiva marcha-atrás em
2 rodas numa posição assumida há pouco menos de um mês e na narrativa desde
então demonstrada.
A questão parece-me, no entanto, muito bem num ponto que é deveras importante que é o da assunção do erro. A humildade com que o Presidente deu a cara é de salutar. A questão que se levanta é se será essa humildade demonstada conjectural ou estrutural. Se for estrutural, percebeu de uma vez por todas que, nem ele, está acima do Sporting e nem o bom trabalho prestado ao clube o salva de, numa má decisão, ser arrastado pela mesma. Se for conjectural a história não acaba aqui, infelizmente, e a qualquer momento dentro de uma abstracção gratuita e inexplicável que dominou o último mês do clube, este tipo de episódios repetir-se-ão e esta assunção de erro não passou de uma cobardia perante a evidência (apoio massivo a MS neste diferendo) de o chão lhe estar a fugir.
Para bem do clube, porque continuo a achar que ele pode ser "o" Presidente se se souber demarcar da lógica errática que todos conseguimos identificar nos últimos meses, concentrar-se no seu papel institucional e deixar que quem ele próprio contratou possa, de facto, fazer o seu trabalho, dentro da paz que as situações exigem.
A questão parece-me, no entanto, muito bem num ponto que é deveras importante que é o da assunção do erro. A humildade com que o Presidente deu a cara é de salutar. A questão que se levanta é se será essa humildade demonstada conjectural ou estrutural. Se for estrutural, percebeu de uma vez por todas que, nem ele, está acima do Sporting e nem o bom trabalho prestado ao clube o salva de, numa má decisão, ser arrastado pela mesma. Se for conjectural a história não acaba aqui, infelizmente, e a qualquer momento dentro de uma abstracção gratuita e inexplicável que dominou o último mês do clube, este tipo de episódios repetir-se-ão e esta assunção de erro não passou de uma cobardia perante a evidência (apoio massivo a MS neste diferendo) de o chão lhe estar a fugir.
Para bem do clube, porque continuo a achar que ele pode ser "o" Presidente se se souber demarcar da lógica errática que todos conseguimos identificar nos últimos meses, concentrar-se no seu papel institucional e deixar que quem ele próprio contratou possa, de facto, fazer o seu trabalho, dentro da paz que as situações exigem.
O Presidente do Sporting, para concluir, tem de perceber
três coisas:
1. Ser uma solução para o clube, que todos achamos ser a melhor, não faz dele “a” única solução. A ideia do “eu ou o caos” não colhe e nem sequer devia fazer parte do léxico deste novo Sporting e põe naturalmente em causa tudo o que de bom foi feito até aqui. Não devia, de facto, mas a gravidade de uma pessoa achar-se mais do que o clube é inadmissível, principalmente vindo de quem tinha a negação dessa ideia como bandeira.
1. Ser uma solução para o clube, que todos achamos ser a melhor, não faz dele “a” única solução. A ideia do “eu ou o caos” não colhe e nem sequer devia fazer parte do léxico deste novo Sporting e põe naturalmente em causa tudo o que de bom foi feito até aqui. Não devia, de facto, mas a gravidade de uma pessoa achar-se mais do que o clube é inadmissível, principalmente vindo de quem tinha a negação dessa ideia como bandeira.
2. Gerir não é mandar abstractamente . É, acima de tudo, escolher competência e
delegar em quem nos pode ajudar a vencer. Tendo sempre a ideia de dar todos os
meios possíveis a cada elemento para poder fazer o seu trabalho com a
competência que lhes é reconhecida. Mais, o sentido crítico ou um pensamento
que diverge do nosso, é uma mais-valia em qualquer instituição. Só um líder
rasteiro é que quer Yes Men perto dele. Os Yes Men podem ajudar ao ego de um
líder, mas não ajudam o líder, nem a liderar, muito menos a melhorar.
3. Despedir MS, configura uma falha na mesma linha dos
despedimentos de Bobby Robson e Malcom Allison. Treinadores com provas firmadas
que foram postos à margem do clube por situações muito pouco claras e/ou sustentadas. Cometer
um erro destes depois de duas situações similares que correram mal com tudo
aquilo que trouxe de negativo ao clube, nomeadamente na seca que se seguiu a
ambas entra naquela ideia do Einstein que dizia que, e passo a citar, “
insanidade é fazer a mesma coisa e esperar resultados diferentes”.