quarta-feira, 24 de abril de 2013

Estender Passadeiras...

Posso dizer que tive o infortúnio de ver o dérbi pela televisão. E digo infortúnio, porque chego à conclusão de ter visto um jogo que poucas ou nenhumas pessoas viram.
Bem sei que a clubite, principalmente com o título ali tão perto, desculpa o indesculpável , para além do facto de os últimos títulos do Benfica já nos terem habituado a estes fenómenos do entroncamento.

Mais, tem havido por via desses fenómenos, uma tentativa muito forte por parte de toda a comunicação social em branquear aquilo que eu considero uma das mais óbvias demonstrações da corrupção que grassa no futebol cá do burgo há décadas e que vai mudando de mão consoante os momentos.

Dizer, como eu ouvi dizer em vários órgãos de comunicação social, que 2 penálties e 1 expulsão nos primeiros 25(?) minutos não têm influência no resultado é, no mínimo, desonesto.
Dizer que se concorda que alguns lances seriam passíveis de falta grosseira dentro da área, mas defender que o Benfica mereceu vencer, recorrendo desonestamente a um lance de génio é, no mínimo, paradoxal, porque o jogo não tem 10 minutos na 1ª parte e os que interessarem na 2ª.

Aliás, não me lembro, em 30 anos, de um roubo destes, nem sequer nas Antas, onde normalmente, os fenómenos do entroncamento se continuam a multiplicar. Eu contei a grosso modo, 5 ou 6 lances capitais passíveis de falta e/ou punição disciplinar que mereceram por parte de quem dirigiu o encontro nenhuma atenção.

A saber:
Minuto 6: Garay toca Wolfswinkel desequilibrando-o. Independentemente do que aconteceu a seguir o árbitro devia ter apontado para a marca da grande penalidade. Dentro da área não há lei da vantagem.
Minuto 8: Maxi Pereira é surpreendido nas costas por Capel que se antecipa e Maxi, sem possibilidades de jogar a bola, pontapeia o calcanhar de Capel. Lance óbvio de grande penalidade e respectivo cartão amarelo porque Capel apesar de se poder isolar, não estava enquadrado com a baliza
Minuto 23: Entrada de Matic sobre Bruma merecedora de vermelho directo. É uma entrada que põe em causa activamente a integridade física do adversário e a bola já não se encontra no local.
A meio da primeira parte (não sei precisar o minuto): Entrada por trás a varrer de Luisão sobre Wolfswinkel que nem merece a marcação da falta que seria à entrada da área em posição frontal. Se o árbitro não considerou falta, logo não deu amarelo.
Também a meio da primeira parte: Entrada com tudo de Maxi sobre Capel. Para Maxi vale tudo, mãos, braços, cotovelos, etc. Partindo do pressuposto que já tinha amarelo, teria que ser expulso.
Minuto 66: Luisão carrega Wolfswinkel no limite da área. Leva amarelo e bem, mas devia ter sido o segundo.
Minuto 88: Viola faz um túnel a Maxi (que já nem devia estar a jogar, não só pelos amarelos que lhe foram perdoados, mas também pela quantidade de faltas que faz) e este ostensivamente obstrui a passagem do argentino do Sporting. A bola já passou e Maxi nem se preocupa com ela. Mais um amarelo, no mínimo, mas como seria falta em posição frontal para penáltie, o vermelho seria o mais indicado.

Como se pode constatar, um jogo destes não se configura no normal erro arbitrário. 7 erros capitais, 5 dos quais na primeira metade da primeira parte é obra e não é do espírito santo, embora com o nome de Capela, possa pensar-se que é.
Se tivermos ainda em conta de que o Benfica fez o seu golo aos 36 minutos, praticamente na primeira jogada que consegue construir, então a potencial influência no resultado das decisões do senhor do apito, ainda se tornam mais evidentes.

Quem quiser branquear isto, dormirá de acordo com a sua consciência, mas depois, não pode (ou não deve), numa lógica de idoneidade intelectual, vir gritar "ó da guarda" quando se sente prejudicado, muitas das vezes sem razão e assobiar para o lado quando, como no Domingo, é-lhe estendida uma passadeira vermelha para jogar sozinho.

Não digo que o Sporting ganharia de caras, até porque me parece - e já me parece há demasiado tempo - que faltam os últimos 30 metros, mas claramente - e nunca saberemos - discutiria o jogo e o resultado. Com o Capela a estender passadeiras, o Sporting só discutiu o jogo e apenas nos momentos que foi lícito fazê-lo. Nunca teve hipótese de discutir o resultado.

PS: Para quem acha que os Sportinguistas estão a ser chorões e calimeros, pensem nisto muito concretamente: o célebre jogo de Guimarães, mas 3 vezes pior. É mais ou menos assim que nos sentimos. E temos razão para isso porque os lances são óbvios e definidores de um jogo, tal como o foi em Guimarães. Para quem diz que arbitragens destas são boas, devia ter vergonha na cara, porque no passado já disse o contrário.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Recuperação da soberania e independência institucional

Em 17 anos perdi a conta ao número de reestruturações financeiras, com este ou qualquer outro nome, feitas supostamente por gente que era, à partida, considerada guru da finança e em quem a banca reconhecia competência e credibilidade. Em todas elas o Sporting ficava sempre pior depois da sua implementação, cada vez mais cativo e dependente da banca e apenas por duas razões que, perante este "novo começo" (passo a espécie de pleonasmo) são cada vez mais óbvias: negligência e premeditação ou ambas. A própria base da negociação, completamente minada em garantias, mostra bem que o que foi, programaticamente, a Era Roquette.

Foi preciso chegar a presidente um suposto garoto, que vibra com os golos do Sporting e que aparentemente não tem credibilidade junto da banca para fazer valer a sua inexperiência, a sua garotice e o seu sportinguismo.

A verdade sincera é que o actual presidente do Sporting partiu de dois pressupostos simples - que deviam ter balizado todos os outros antecessores, ainda para mais com a credibilidade que gozavam junto da banca e os conhecimentos económico-financeiros que detinham - Soberania e independência institucional.

Esses dois pressupostos que se interligam quase organicamente é que permitem que numa negociação que se avizinhava bastante dura, face ao próprio momento que o país e o clube atravessam, o Sporting tivesse algum poder negocial. De outro modo, como os últimos 17 anos mostraram de forma tão eloquente, a banca não negoceia, impõe. E a imposição, por parte de terceiros, numa instituição independente é inaceitável, mesmo que esses terceiros achem que, como credores, têm de ter uma palavra a dizer.

Como já o disse no passado por diversas vezes, era exactamente o mesmo que o banco onde tenho a hipoteca da minha casa, nomear uma pessoa para gerir as minhas contas e decidir como e onde gasto o dinheiro. Inaceitável.

Nem sempre estive de acordo com Bruno de Carvalho nos anos que intermediaram as duas eleições, porque achava que devia ter feito de outra maneira e mantenho a ideia, mas se há coisas que critico e critiquei no passado, por uma questão de coerência, tenho que lhe tirar o chapéu neste particular, e elogiá-lo (a ele e à sua equipa) de forma estridente como também o fiz no passado.

É motivo de orgulho para mim, como o deve ser para todos os sportinguistas, que o agora presidente tenha sabido usar o nome e o peso social do Sporting Clube de Portugal em proveito do próprio clube, pela primeira vez em quase duas décadas.

Espero apenas que esta seja uma das muitas batalhas que este "executivo" trava para ganhar e não para fazer número de circo e aparecer. Confesso que tinha algumas dúvidas - e era perfeitamente legítimo - que ele fosse bem sucedido onde todos os outros falharam, mesmo que por razões diversas. Para já porque era muito complicado à partida e porque não dependia apenas de uma das partes, como não depende nenhuma negociação, mas a forma como se chegou a acordo, defendendo os interesses superiores do clube e do próprio projecto - embora não saiba ainda os traços concretos do mesmo - deixa-me muito esperançado num futuro cada vez mais risonho. Espero sinceramente que assim seja.

Afinal e como sempre soube, na vida como em tudo, é apenas uma questão de querer, de intransigência nas questões fundamentais e de fibra.

PS: Reforço que ainda não conheço os traços concretos do acordo, apenas fazendo fé na ideia passada na comunicação social de que o acordo é muito bom para o Sporting, desde logo porque permite a implementação do projecto destes órgãos sociais, coisa que sem acordo, tornava-se impossível.

PS1: A malta que está no governo (e já agora na oposição) devia pôr os olhos nisto e perceber, de uma vez por todas, que por serem credores, os credores, não têm que impôr o que quer que seja a um estado soberano.

PS2: O reboques a esta hora já enfiou a viola no saco, pediu para cagar e mandou-se. É o que dá ser atrasado mental e falar sem conhecimento de causa, que é o que, esse senhor, faz amiúde.