sábado, 1 de outubro de 2011

Fomos "palmados" em San Juan, como já se tornou hábito

Há muito tempo (já lá vão anos) que não via um jogo de Hóquei em Patins da Selecção Nacional. Começaram-me a enervar aquelas equipas de entrevados de meados dos anos 90, que não jogavam nada e levavam sempre na boca dos espanhóis. Pura e simplesmente deixei de ver. O achincalhamento tem limites. Aliás, o último jogo que vi antes deste, foi precisamente contra a Argentina e se não estou em erro, foi também na Argentina.
Hoje, no zapping diário, de final de dia, eis que aparece no ecrã o jogo Argentina - Portugal, meias finais do campeonato do Mundo. Disse para mim: "Olha, não está a dar nada de jeito, vou acompanhar isto", mas desconfiado de que a selecção fosse mais uma cambada de matrecos, como tem, invariavelmente, sido. Puro engano. Uma primeira parte muito sólida, sem grandes floreados, mas também sem erros e finalmente a sermos eficazes nestes grandes jogos. Ficámos por cima no marcador num pormenor, já depois de os argentinos terem falhado pormenor idêntico. Pormenores, esses que, invariavelmente, decidem estes jogos.
A primeira parte acabou com Portugal a vencer por 1-0 e eu pensei para mim que a segunda parte seria difícil, mas que a jogar assim, mesmo com a dificuldade teríamos grandes possibilidades de passar a mais uma final com os marretas aqui da península. O meu pensamento foi bom, mas deixou de fora dessa equação rápida, dois elementos que seriam decisivos no desfecho - Um mais decisivo do que o outro -, ainda para mais num filme já tantas vezes repetido neste tipo de certame: O primeiro elemento consistia no facto de estarmos a jogar na Argentina (que é logo um ponto de partida importante para acontecer o segundo) e o segundo consistia em ter um árbitro espanhol e outro suíço (?????) a apitar um jogo de Portugal. Numa meia final, quando a Espanha já estava apurada para a final. Coincidência? Não! De todo.
Cedo se percebeu, na 2ª parte, qual dos dois factores acima descritos haveria de contribuir mais decisivamente para o desfecho. E não foi preciso esperar muito.
Os primeiros minutos seguiram a bitola da 1ª parte, mas à medida que o tempo ia passando, os argentinos começaram a escorregar muito, mas em jeito de escorregadela selectiva, porque normalmente acontecia apenas na área portuguesa. E como Português é o ditado que diz "tantas vezes vai o cântaro à fonte...". Neste caso já ia partido. Primeiro um penaltie discutível marcado contra Portugal, que o nosso guarda-redes, magistralmente, defendeu, quando na mesma jogada, segundos antes, há claríssimo empurrão dentro da área a favor de Portugal que a dupla hispânico-suíça se "encarregou" de não ver.
Depois há um livre directo que dá o empate, no qual nem repetição da falta  tivemos acesso, tal o rocambolesco da decisão. E não contente, a dupla Hispânico-suíça, numa altura em que os argentinos já venciam por 3-1, tem uma decisão absolutamente fantástica, que é anular um golo limpo a Portugal, num remate de longe em que a bola embate no calcanhar do patim de um jogador português e que muita diferença acabou por fazer no 4-3 final. Não sem antes brindar os Argentinos com uma via verde de 15 minutos. Sim, porque a Argentina esteve 15 minutos sem fazer uma falta, ou melhor, sem que lhe tivessse sido sancionada nenhuma, porque faltas houve e em barda.
Conclusão: Perdemos injustamente face à quantidade de peripécias que existiram, nomeadamente as que contribuiram decisivamente para que o ringue parecesse estar a descer para a baliza Portuguesa. A Argentina, tal como no último jogo que tinha visto, também não foi superior a Portugal e quase que afirmo que, com uma arbitragem séria, Portugal teria ganho de caras, mesmo sem ser especialmente entusiasmante.
É inacreditável que Portugal não tenha posto termo precoce (com todas as consequências que poderiam daí advir) à sua participação neste logro. Principalmente pelo nível de roubo a que se assistiu hoje.
É triste que uma das selecções que mais fez pela modalidade ao longo da história, seja desde há uns anos a esta parte e sem motivo aparente (a não ser a nossa tão portuguesa letargia institucional) tratada como lixo e achincalhada de forma absolutamente impune.
Portugal e Espanha em Hóquei, fazem-me lembrar um pouco o Sporting e Porto no futebol. O Sporting, tal como Portugal, à entrada na década de 80 tinha vantagem nos títulos, mas tal como o Porto, a Espanha foi-se aproximando e se vencer amanhã, iguala o número de Títulos Mundiais (15).

Por falar em Sporting, nada me tira da cabeça que a extinção da secção de Hóquei em Patins no Sporting, modalidade com um palmarés riquísssimo, não tenha contribuído decisivamente para um "downsizing" de competitividade e consequente menos valia, a longo prazo, de todos os intervenientes.
É com especial entusiasmo que vejo o Hóquei do Sporting a crescer. Hoje na 2ª divisão Nacional depois de temporada brilhante na 3ª divisão, com uma equipa fundamentalmente assente em jovens valores, o Sporting pode aspirar àquilo para que é dotado: Formar a excelência para fornecer as principal equipa de Hóquei do Sporting e consequentemente o País, que nesse particular, apesar do brilhantismo com que a Selecção se bateu contra as adversidades (que foram muitas), não tem o brilhantismo de outros "cincos" mais emblemáticos.
Que falta faz o meu Sporting entre os melhores e que falta faz uma selecção de topo, de acordo com os pergaminhos da nossa, numa modalidade pela qual nutro um entusiasmo muito similar ao futebol.

1 comentário:

  1. Ia escrever sobre isso tudo mas já não vale a pena. Isto parece transmissão de pensamentos :)
    Posso fazer copy/paste :)
    Ficou apenas por dizer que apesar de Portugal ainda ser a selecção com mais títulos conquistados já não tem ninguém nas altas instâncias internacionais, no que a esta modalidade diz respeito, como por exemplo na nomeação de árbitros e que os argentinos até os horários dos jogos alteraram de forma unilateral por sua conveniência. O que terá o CIRH a dizer de tudo isto, se é que tem alguma coisa a dizer? O mais certo é estar hoje a almoçar com eles.

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